Volare | Crítica
Sempre estudado e reverenciado em cursos de cinema aqui no Brasil, o cinema italiano perdeu espaço no dia a dia do público cinéfilo em detrimento de da invasão norte americana e daquilo que a indústria norte americana valida. Então, se o for o caso do leitor que aqui veio parar, vale saber que há quase 30 anos, Gabriele Salvatores, o diretor de Volare, saiu da cerimônia do Oscar com uma estatueta que marcou sua vitória na categoria de Melhor Filme internacional, carimbando assim seu passaporte para o cinema mundial.
Seu filme mais recente, em cartaz hoje online (20/06/21) na Festa do Cinema Italiano é um road movie agradável, que encanta, devendo bastante aos melhores filmes do gênero consagrado por hollywood.
Na trama, Vincent é um garoto de 16 anos com autismo. Ele vive em uma bela casa com a mãe Elisa e o padrasto Mario. No passado, seu pai biológico, Willy, se afastou quando soube que Elisa estava grávida. E seguiu com sua carreira como um cantor que ganha a vida se apresentando em festas.
Então, quando Willy finalmente resolve conhecer o filho, Elisa e Mario o expulsam da casa deles. No entanto, o garoto se esconde na picape do pai biológico, e acaba acompanhando-o durante alguns dias da pequena turnê do músico pela Eslovênia e Croácia.
O maior mérito de “Volare” é evitar cair nas armadilhas comuns do melodrama. Felizmente há uma tendência muito feliz em se tratar de pessoas com deficiência ou portadoras de necessidades especiais como seres humanos, deixando de lado os tropos preconceituosos do passado que juravam que estavam sendo “caridosos” cxom essas pessoas.
Ao centrar a narrativa na relação entre pai e filho, o primeiro ausente que precisa amadurecer e o do menino que precisa crescer por definição, temos um belo filme que entrega tudo o que promete. Diferente da mãe superprotetora, Willy trata seu filho com mais naturalidade diante do mundo, apesar de seu Transtorno do Espectro do Autismo. A ser mais firme, faz com o garoto compreender a intenção de educá-lo.
Sem uma direção exatamente ambiciosa, chama a atenção o grupo talentoso de intérpretes que lideram a produção. Claudio Santamaria, Valeria Golino, Diego Abatantuono e Giulio Pranno transformam o material do roteiro em uma narrativa emocionante que pode até mesmo levar às lágrimas. Um programa para lavar a alma em tempos difíceis como os que vivemos.
Volare (Tutto il mio folle amore)
Itália, 2019
Direção: Gabriele Salvatores
Roteiro: Fulvio Ervas e Umberto Contarello
Elenco:
Claudio Santamaria, Giulio Pranno,
Valeria Golino, Diego Abantantuono