Tudo depende de nós- 3ª Edição- Palavras Mil

(by Gettyimages)

A minha evolução foi constante durante o desenrolar de nossa história. Para ser exato retorno a década de 60, precisamente 1964, momento eternizado em nossa história. O Golpe Militar de 64, Governos Militares, Governo Castello Branco, Governo Costa e Silva, Governo da Junta Militar, Governo Médici, AI-5, Governo Geisel, Governo Figueiredo, Redemocratização, Lei da Anistia, Campanha das Diretas Já. Relembro em 1962 a nossa Copa do Mundo, no Chile, ainda pela Julles Rimet. Até a um novo salto econômico estatal, a tão sonhada redemocratização, na qual foi um choque tremendo para mim. Tancredo Neves no poder, por pouco tempo. O Brasil lamentou, com dor até a substituição de José Sarney. Nesse ano, percebia que algo dentro de mim iria mudar.

Papai não tinha condições suficientes para nos sustentar, desde os meus 9 anos junto ao André tivemos de buscar sustentação trabalhando. Uma vez que o homem era obrigado por comida em casa. Não tínhamos escola, comida muitas vezes faltava, nossa casa(….), a tão sonhada casa nesses tempos de regime militar era complicado. Lembro da vez que papai chegou em casa todo machucado por questionar a AL-5, Médici era cruel com seu povo, nem a classe rica sobrevivia muitas vezes as suas humilhações.

Mudávamos quase sempre, catávamos nas ruas o que a classe rica, chefes de estado, chefes de governo deixava para traz, era um desperdicio tremendo. Se soubessem que isso faria falta para mim, para papai, mamãe e André não teriam o feito. Meu questionamento desde pequeno era enorme as tantas barbaridades que via, observava meu povo, digo, a minha classe não questionar em quem votar e escolher, não tínhamos estudo, por ser “cidadão”, éramos forçados.

A minha maioridade foi um presente de Deus, na qual eu sempre acreditei. Ano para ser exato 1988, Constituição renovada, aquele terror que vivi foi apagado, esse regime militar tentei colocar no passado, bem escondido no fundo do baú. Não tinha comigo papai, ele por esse “maldito” regime foi morto, qual classe pobre da época não era morto?. Lembrei desse ano milagroso década de 80, com convicção daquele sonho passado de mudanças, novas vivências, hoje eu tinha uma família, um casal lindo, Pedro de 7 anos, Júlia de 6 anos, crianças perfeitas, presente de Deus. Numa época que a nova constituição reformulada estabelecia novos príncipios democráticos em nosso país.André meu irmão questionava dessa mudança diariamente, dizendo: Philip se essas mudanças irão nos ajudar, porque ainda não fiquem rico”. O pensamento de André sempre foi alto, me assustava a falta de luta dentro dele, possuía inveja de seus amigos ricos, uma classe que ele não iria alcançar. Em resposta, disse:” Calma meu irmão, agora temos voz, podemos começar por nós mesmos essas mudanças, uma nova era que lutaremos por direitos iguais, nossos direitos fundamentais.” André sempre questionava, eu, um cara que amava a leitura e a informação procurei tirar de algum lugar uma cópia dessa constituição, dessa nova democracia tão sonhada, no instante o art 5º me chamou a atenção. “Será que somos todos iguais, perante a lei, continuaremos a ser respeitados independente, cor, raça, etnia, religião e classes?.

Hoje, 26 de Março de 2010, mudei meu modo de pensar, agir, escrever. As leis, a nossa história foram marcos decisivos para está vivência moderna. A mim, esse ser já não existia, estava já velho, faleci com um sonho enorme no qual deixei enraizado para meus netos, Pedro e Júlia, hoje donos de uma empresa famosa, colocaram meu nome e de seu avó no slogan geral do grupo. Poupando o dinheiro que eles ganham para ajudar outras, na qual vivem e/ou viveram como nós, porque apesar das mudanças, a mudança ainda não é tão válida, aliás no plano de eficácia o passado não foi esquecido. Mas uma ideia sempre foi deixada planada no ar: “A felicidade real, há nossa construção de vida, o reflexo do passado, para o presente e futuro, depende de nós, de mim e de você, para que essas páginas possam ficar descritas por anos e amadurecidas pelos meus bisnetos, tataranetos lerem e continuar esse processo continuo, a vida.” Tempos do passado, de grandes mudanças e transições.

by Philip Rangel

Todo o texto foi escrito e repensado no que eu não queria para Júlia, minha filha, na qual essa imagem seria esquecida nesse novo desfecho enraizado nessas palavras.
————xx———-


Assim, finalizo mais uma edição do Palavras Mil 3ª Edição. Uma pequena relação a um dos períodos cruéis como o militar, até a nosso presente, na qual vive a Constituição de 88.

Art. 5º. Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade(,..)


Ps: Meus amigos leitores sem vocês repito, o ENF não seria nada, valeu mesmo por todas as palavras. As respostas e visitas serão feitas. E aguardem, quem perdeu o julgamento Nardoni, aqui teremos um resumo desses 5 dias e a decisão final.

Fiquem com Deus. Até a qualquer momento….

Philip Rangel

Philip Rangel é estudante de direito, administrador e resenhista do Entrando Numa Fria, técnico em informática, nárniano, pertence a grifinória, leitor assíduo, futuro escritor, amante de livros, séries e filmes.

24 comentários sobre “Tudo depende de nós- 3ª Edição- Palavras Mil

  • Teu conto seguiu a mesma linha de um outro blogueiro, interessante…

    E o casal Nardoni? Ao que parece, condenados!

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  • Muito lindo e bem emocionante.Pensar no que não queremos para os filhos emociona!abração,tudo de bom,chica

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  • Olá meu sensível amigo Philip Souza, seu texto me tocou profundamente, uma prova que o homem sempre será um ser em constante transformação.Parábens pelas vitórias conquistadas, bom ter amigos tão sensíveis. Para mim o Artigo quinto da nossa constituição precisa ser mais respeitado, precisamos nos mobilizar…Na imagem podemos ver como nossas crianças são a felicidade plena…apesar da miséria,apesar de tudo…

    Paz e harmonia e mais sensibilidade em sua vida,

    forte abraço,

    C@aurosa

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  • Realmente é o segundo texto que eu com fatos históricos nessa edição.

    Seu texto tá muuito bem escrito. E me toca profundamente por que essa é uma parte da história do Brasil pela qual eu tenho total desespero, mas ao mesmo tempo tenho uma gana enorme de estudar e saber tudo o que aconteceu e de não deixar que essa parte se perca na história.

    Essa edição vai tá muito difícil para quem vai julgar.

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  • Olá Philip, Intenso esse texto.

    Grato por sua visita e quando tomar a direção ao extremo sul avise…

    Hoje muitos de nós prestamos homenagens ao nascimento 27/03/60 do Jovem Renato Russo, que se vivo fosse completaria 50 anos. Muitas de suas composições estão vivas no coração de muitos.
    No meu está esta; ” É preciso amar, as pessoas como se não houvesse amanhã”… Pais e Filhos.

    Bom fim de semana,

    Forte abraço amigo

    Hod.

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  • Philip

    Elogiei esse texto pra caramba no Blog do Willian, pensei que tivesse sido de autoria dele. Vai lá ler…..rs..rs…
    Parabéns.
    Depois não deixe de me seguir nesse novo Blog, que estou reconstruindo porque perdi o outro.
    Estou encontrando aos poucos meus amigos virtuais.

    Abs

    Gilson

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  • Isso me faz lembrar os amigos dos meus pais que sumiram por causa do A-5…Alguns voltavam da tortura outro nunca. Tempos dos Arapongas malditos e tem sujeito que diz que era feliz e não sabia naquele tempo, na verdade não sabiam da nada e até hoje são bitolados. Hoje parece que está tudo bem mas tenho medo da próxima presidente ela é a favor da censura e outras coisas mais. Cuidado na hora de votar. Abraço

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  • Mas bah, guri.
    Muito bom, usar nossa História recente como cenário para o conto, ficou o “recado”: A Liberdade e o Direito de Voar das crianças, são bens inestimáveis…

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  • Olá!
    seu blog é dez!!!
    vim conferir as novidades!
    um ótimo fds!
    =D

    F E L I Z P Á S C O A!!!

           ( ),,( )
           (=’:’=)
      ﻶﻉჱﻶﻉ═¤═(,,)♥(,,)═¤═ﻶﻉჱﻶﻉ

    Com carinho, para você e sua família…

    εїз ViViAn ★ Sbrussi /(“,)\

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  • parabéns pelo lindo texto!
    sabemos tudo o que não queremos para os nossos seres amados.
    o difícil é que eles têm o livre arbítrio e às vezes seguem caminhos duvidosos.

    besos

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  • 88 foi o ano em que nasci… Graças à Deus era o início de tempos melhores (em termos…).
    Seu texto me lembrou bastante do livro “O castelo de Vidro”. Com força e coragem, tudo se supera.
    Boa sorte ^^

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  • Philip
    Acho que precisamos aproveitar a deixa do “juri popular” e lembrar das diretas já, que na verdade foi também um imenso juri popular. O povo precisa lutar como povo… apenas como individuo não ta rolando…
    Abraço
    E Viva a Justiça!

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  • Philip, tocante o teu texto, e eu bem me lembro disso tudo, na época do militarismo, quanto ouvia meu pai a lamentar isto tudo.
    Você bem cita, dadas mudanças, sobre a esperança dos direitos serem iguais, o que na verdade seria este o belo segredo, o melhor direcionamento para que o mundo caminhasse num mesmo sentido. Doravante trata-se de um desejo, o de todos, num país ainda tão mesquinho, onde todos querem receber, mas nada dividir num viver pleno de condições…
    Estão aí teus netos, filhos trabalhando algo que seja direcionado a caridade, ao outro ser humano que não dispõe de alguma oportunidade quanto a isto, eis que os teus filhos começam a descobrir o caminho da igualdade, da fraternidade distribuindo amor em doações. Assim penso que podemos todos ao despertar, entrar nesta corrente de amor, dessa forma, torna-se possível abraçar-mos todos fazendo jus as palavras do Cristo ao dizer que somos todos irmãos, independente de raça, cor ou religião, o mundo assim então, estará aberto para as louvadas manifestações de que a união de fato é a nossa força.
    Adorei seu texto, te compreendi, revivir a mesma época, lembrei, até sofrir e aqui vibro para que o crescimento de almas seja uma constante, nos laços da boa vontade.

    obrigada pelo carinho deixado em meu recanto.
    estarei te seguindo.
    Lindo domingo pra ti e os teus
    Bjs
    Livinha
    =)

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  • Olá, Phelipe!

    De vez em quando ainda converso com meus avós a respeito do militarismo e as forças de repressão que assolaram nosso país nessa época. Más lembranças desse tempo.

    Confesso que no início de minha leitura achei a ideia base de seu texto bem parecida com o de meu blog. Assim como o título de seu texto na 2ª Edição do P.M (2ª Chance¹/ Segunda Chance²). Mas, mal entendidos acontecem. Sei que você tem capacidade o bastante para criar o seu próprio texto e não precisaria copiar ideias de outra pessoa, não é mesmo? Coincidências acontecem.

    Aguardando o resultado anciosamente.

    Abraço, Phelipe.

    Resposta
  • Cara… nem preciso falar né… demais!

    Hum… na minha mente, é impossível considerar que há democracia aonde a maioria do povo ainda não conhece aquilo que a define no Estado: a Constituição.

    Ora… se é a Constituição que estabelece o estado democrático, mas se o povo desse Estado não a conhece, não conhece também a própria democracia nele.

    A minha esperança está na internet, em todo o país estar conectado à rede.

    Mas do jeito que está, o conhecimento fica limitado à escolas e redes de tv… sendo que as primeiras são precárias e as últimas não têm interesse que o povo descubra do seu poder.

    o poder, em um Estado democrático, não está no voto, está no conhecimento, voto é consequência.

    infelizmente as redes de TV optaram por roubar o conhecimento do brasileiro… roubam o que ele não tem…

    :/

    hehehe deixa eu parar…

    ótimo texto… como sempre!

    Resposta
  • Menino, istória bonita, mas como assim tua filha?!

    Momento curiosidade demasiada.

    Desculpa por ter um bom tempo se passar aqui, mas agora estou retornando com mais força.

    Fique com Deus, menino Philip Rangel.
    Um abraço.

    Resposta

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