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Stephen King – Longa vida ao rei | Resenha

Em seu “Sobre a Escrita”, Stephen Edwin King faz uma biografia literária, ao seu modo, para mostrar como a vida o cunhou como escritor. Como ele mesmo bem diz, é um currículo que demonstra como a vida de um escritor é o que lhe oferece credenciais para que ele escreva, nada mais. Num momento em que as redes popularizam uma profunda batalha de egos onde os critérios do sucesso nunca são objetivos, isso me parece mais valioso para julgar a obra de King do que todos os elogios que criticos e veículos de cobertura literária já o fizeram.

Me parece que todos aqueles que querem ser elogiosos ao trabalho de King, de maneira pouco original fazem uma lista daqueles que seriam seu melhores trabalhos, todos seguindo o mesmo padrão já estabelecidos de citar as obras mais reconhecidas de um autor que teve seu talento sacramentada há décadas. Para fugir disso é fácil dizer que abandonei várias obras do mestre do terror e tenho boas críticas à maneira como King escreve. Polêmico, mas digo que tenho absolutamente nada contra as coisas que o fazem escrever.

Conheci Stephen King, nominalmente, através de uma lista por ele publicada sobre melhores filmes de terror em 2011. Não me esqueço, ele havia elegido o desconhecido “Attack the Block” como seu filme favorito. Nele conheci John Boyega e Jodie Whittaker, muito antes de Star Wars ou Doctor Who. King tem esse costume, mais do que essencial para ser alguém tão competente naquilo que faz, de ter prazer em consumir cultura. Prazer em consumir arte.

Claro que muito antes disso tomei contato com as adaptações cinematográficas de seus livros, absolutamente onipresentes. Mas não sabia quem era o homem, e só a partir daí fui ler seus livros. Inegavelmente dono de uma escrita orgânica e relacionável, suas histórias de terror me assustaram e cativaram.

Enquanto seus leitores parecem querer dele extrair os segredos do seu sucesso, o que ele faz melhor, como autor, é oferecer exemplos de como o alcançou. Stephen comenta bem, de novo em seu “Sobre a Escrita”, o que o levou a se apaixonar por sua esposa, também escritora Tabitha King. Se conheceram num grupo de estudos sobre poesia na faculdade, onde King afirma que Tabitha era a única a saber o que estava escrevendo. É isso, bem simples até como dica de sucesso.

Stephen King não é um exemplo de sucesso infálivel, qualquer um que se debruce sobre sua história de vida vai se chocar – e até se divertir – com sua tragédia com drogas e álcool. Muitas vezes, sendo essa tragédia responsável por decisões que impactaram até mesmo a narrativa de suas obras. Mas é essa humanidade que demonstra como o amor pela arte se faz mais preemente. Na união dessas duas coisas é que se controem os clássicos. King, esnobado pela academia desde suas primeiras investidas sérias na escrita, apesar de jamais figurar o cânone das maiores obras de língua inglesa, talvez entre para o grupo de autores que George Orwell citou certa vez, ao dizer que algumas vezes, entre a literatura popularesca estão aqueles que por pura competência se destacam mais do que os autores celebrados pela intelectualidade. E quando obras sobrevivem, isso forma os cânones.

Título: Sobre A Escrita
Título original: On The Writing
Autor: Stephen King
Tradução: Michel Teixeira
Editora: Suma de Letras
Páginas: 256
Ano: 2015

Sinopse: Eleito pela Time Magazine um dos 100 melhores livros de não ficção de todos os tempos e vencedor dos prêmios Bram Stoker e Locus na categoria Melhor Não Ficção, Sobre a escrita – A arte em memórias é uma obra extraordinária de um dos autores mais bem-sucedidos de todos os tempos, uma verdadeira aula sobre a arte das letras. O livro também não deixa de lado as memórias e experiências do mestre do terror: desde a infância até o batalhado início da carreira literária, o alcoolismo, o acidente quase fatal em 1999 e como a vontade de escrever e de viver ajudou em sua recuperação. Com uma visão prática e interessante da profissão de escritor, incluindo as ferramentas básicas que todo aspirante a autor deve possuir, Stephen King baseia seus conselhos em memórias vívidas da infância e nas experiências do início da carreira: os livros e filmes que o influenciaram na juventude; seu processo criativo de transformar uma nova ideia em um novo livro; os acontecimentos que inspiraram seu primeiro sucesso: Carrie, a estranha. Pela primeira vez, eis uma autobiografia íntima, um retrato da vida familiar de King. E, junto a tudo isso, o autor oferece uma aula incrível sobre o ato de escrever, citando exemplos de suas próprias obras e de best-sellers da literatura para guiar seus aprendizes. Usando exemplos que vão de H. P. Lovecraft a Ernest Hemingway, de John Grisham a J. R. R. Tolkien, um dos maiores autores de todos os tempos ensina como aplicar suas ferramentas criativas para construir personagens e desenvolver tramas, bem como as melhores maneiras de entrar em contato com profissionais do mercado editorial. Ao mesmo tempo um álbum de memórias e uma aula apaixonante, Sobre a escrita irradia energia e emoção no assunto predileto de King: literatura. A leitura perfeita para fãs, escritores e qualquer um que goste de uma história bem-contada.

3 comentários sobre “Stephen King – Longa vida ao rei | Resenha

  • Bem, eu também conheci o King devido as adaptações cinematográficas baseadas nas obras do autor. Apesar de não possuir experiência lendo alguma obra literária do mesmo. Nunca li uma biografia literária desse tipo. Tenho interesse em ler algo do King em breve.

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  • Ah, como eu amei esse post! Muito sincero, e não tem firulas. Achei original e uma bela homenagem ao mestre que recém completou 73 anos de vida. Há quase 20 anos King tem sido meu autor preferido. Amo e tenho tudo. Leio, e releio. Às vezes, leio de novo. Sou meio sem noção. Mas, não o acho infalível. Não acredito que tudo que ele escreve é 5 estrelas, e sempre reclamo de alguma coisa (tipo, aquele fim de Sob a Redoma hahhaha).
    Deixa eu ir. Quando começo falar de King a baba começa a escorrer. hehehehe
    Abraços

    Resposta
  • A obra de King é admirável. Li alguns títulos, tenho vontade de ler uns outros. Fico estupefata com ele na ativa escrevendo tanta obra seguida da outra sem perder o fio, sabe? Que mente criativa. Hehe
    Parabéns pelo texto.
    Tschüss

    Resposta

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