Som da Esperança – A História de Possum Trot | Crítica
Dirigido por Joshua Weigel e produzido pela Angel Studios, responsável por filmes cristãos como “A Forja” e “Som da Esperança”, o longa, com distribuição da Paris Filmes, conta a história real de uma comunidade no Texas, nos Estados Unidos, que transformou as vidas de dezenas de crianças.
Na trama, conhecemos uma pequena comunidade cristã no Texas, liderada pelo pastor Martin e sua esposa Donna, que, no início dos anos 90, incentiva a comunidade a adotar 77 crianças órfãs, retirando-as de situações de vulnerabilidade.
Como mencionei na crítica de “A Forja” (COLOCAR O LINK), talvez o maior defeito dos filmes evangélicos seja seguir uma cartilha padrão, na qual as situações são facilmente resolvidas e apresentadas como se tudo estivesse sob a responsabilidade de Deus, que muda toda a situação. O grande mérito aqui é justamente mostrar as dificuldades tanto dos pais adotivos quanto das crianças ao serem adotadas, e como é a convivência em uma estrutura familiar já formada, além de como os pais também precisam se adaptar a essa nova maneira de criar e educar os filhos.
Dentre todas as histórias apresentadas no longa, a de Terri (Diaana Babnicova) é a mais explorada. Vemos que sua família biológica a rejeitou, e todas as suas fragilidades são colocadas à prova ao lado da família do pastor Martin. A garota, que a cada momento busca uma oportunidade de fugir do lar atual, cria muitos desafios para aprender a conviver com sua nova família. Terri aprendeu a ser cruel, usava as roupas das outras irmãs e recorria à violência, devido ao seu contexto. A relação com Donna, sua mãe adotiva, gera muitos embates entre elas. Toda a interação entre as duas é construída por tensões e afetos, e Terri precisa aprender a receber amor.
Outra personagem de suma importância para a história é Susan, a assistente social responsável por fazer a ponte entre as crianças e seus lares adotivos. Elizabeth Mitchell apresenta uma atuação emocionante, repleta de sentimentos e humanidade ao olhar o caso de Terri, e isso é bem construído ao longo da trama.
Outro grande mérito do filme é que, em nenhum momento, ele se mostra apelativo em relação ao cristianismo, mas sim à fé de cada um. Apesar de sabermos que, no contexto das igrejas norte-americanas, a maioria reformada, existe um forte espaço para adoração, louvores e palavras de afirmação para proclamar a Cristo, a forma como o filme apresenta a igreja como uma tentativa de adotar crianças é interessante e positiva.
Talvez o maior defeito do longa seja a ênfase excessiva na história de Donna e sua família. Se a narrativa incluísse mais membros da igreja e outros tipos de conflitos, a obra poderia se tornar mais dinâmica.
“Som da Esperança: A História de Possum Trot”, no geral, é uma verdadeira história sobre empatia e a adoção, mostrando como podemos transformar a vida de crianças que muitas vezes foram rejeitadas por seus lares. O filme ilustra que esse ato de amor pode, sim, tirar crianças e jovens de situações difíceis e oferecer uma vida digna a essas pessoas. O longa reflete sobre os desafios e as alegrias de ser pai ou mãe de alguém e sobre a importância que se tem na vida dessas pessoas.
Ficha Técnica:
Estréia 24 de outubro de 2024
Titulo Original: Soud of Hope: The Story of Possum Trot
Direção: Joshua Weigel
Roteiro: Rebekah Weigel, Joshua Weigel
Elenco: Nika King, Demetrius Grosse, Elisabeth Mitchell, Diaana Babnicova, Jacinte Blankenship, Joshua Weigel, Rose Person, Kais J. Bradley
Distribuição: Paris Filmes