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Sol e sombras, de Aliel Paione | Resenha

O jovem e o Brasil, que é eternamente jovem.

Não conhecia Aliel Paione. Menos ainda havia lido o primeiro volume que precede “Sol e sombras”. Por isso, ao começar a leitura temi que ficaria perdido na narrativa. Felizmente isso não acontece e este livro pode ser lido de maneira independente, embora desperte a vontade de se conhecer melhor personagens e acontecimentos pregressos.

Esta foi minha primeira surpresa. A segunda é um mea culpa que deriva do meu desconhecimento citado acima. Não fazia ideia que a trama tratava-se de um romance histórico – emprego aqui esta expressão sem a menor vontade de ser preciso. Como a história do Brasil está entre os meus maiores interesses, ao ver retratados aqui aventuras de imigrantes e seus filhos, bem como as implicações de momentos históricos, abri um largo sorriso. Quando Getúlio Vargas se fez presente, admito que levantei da minha rede e passei a ler com toda a atenção do mundo. Felizmente, porém, o autor logo se desfez dessa minha ideia de estar lendo um livro de história do Brasil e usa esse contextos para jutificar acontecimentos e preencher uma rica contrução de mundo que embasa os carísmáticos personagens.

Estou me adiantando, vamos a trama. Em “Sol e sombras” acompanhamos João Antunes, um jovem gaúcho filho de imigrantes açorianos. Bonito e bem formado, chama a atenção de mulheres desde a mocidade e certamente teria muitas pretendentes na fazenda onde vivia. Mas o desejo por crescer na vida o faz sair do Rio Grande do Sul rumo ao interior do Brasil, para fazer fortuna com o garimpo. E essa viagem é o que lhe reserva descobrir muito sobre a vida.

Dizem que a boa pesquisa é aquela que se mostra imperceptível. E aqui é o que acontece. O texto de Paione, se não é um exemplo de inovação em forma e estilo como normalmente os autores conteporâneos procuram buscar, fascina pela clareza e amor por contar uma história. Certamente merece ser lembrado. Mais do que isso, revisitado.

Apesar de se situar quase um século no passada, a trama faz comentários políticos que muito se dirigem ao nosso tempo. Nota-se influência de autores que trabalharam o feminino de maneira aberta e sem tabus, mas não se trata de uma obra engajada, que se assume a falar por partes que não a compõem. A mior menção de referẽncia talvez seja ao ritmo cinematográfico, tipicamente europeu, que a menção a Pasolini na dedicatória dá conta de explicar. Para leitores que busquem expandir os horizontes de narrativas, nestes tempos onde a visão de contar histórias é massivamente hollywoodiana, é uma boa pedida. O autor, claramente erudito e físico de formação, diz por si mesmo que “sua formação foi um equívoco”, mas me permito discordar.

Nota-se que não se trata de uma pessoa que dá seus primeiros passos na descrição do mundo, oferecendo mais do que uma ou duas questões mais ou menos óbvias.Pelo contrário, temos aqui toda uma carga de pensamentos de uma vida que compõem as questões motivadoras das personagens. A edição, publicada pela Editora Pandorga é competente, seguindo bem o padrão gráfico de editoras pequenas.

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Sol e sombras – Trilogia
do sol Vol. 2
Aliel Paione
Editora Pandorga
2020

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