Rua do Medo Parte 2: 1978 | Crítica

12 de julho de 2021 Rafael Assis

A sequência do evento da Netflix “Rua do Medo – Parte 2: 1978”, com direção de de Leigh Janiak apela mais para as emoções do que para o terror, e quando vai por este caminho, opta pelo gore, apostando em uma diversão que o torna o momento mais escrachados de Halloween em uma parada séria.

Escrito por Janiak e Zak Olkewicz (e baseado nos livros de Fear Street de RL Stine), começa exatamente do ponto que o primeiro filme terminou, mas logo leva o enredo de volta ao massacre de 1978que aconteceu no Acampamento Nightwing, uma clara referência a Crystal Lake.

O projeto mantém seu charme, na luta por equilibrar as refêrencias aos livros que a originaram ao mesmo tempo em que apela para o público nostálgico e celebra homangens ao gẽnero de terror em suas respectivas décadas. No entanto, o tom de auto paródia extraído de Pânico no primeiro filme faz falta aqui, e as homenagens aos clichês dos anos 80 se perdem narrativamente. Sem um lugar para estar, os jovens idiotas, as piadas de sexo e drogas e a figura da virgem ganham nuances dramáticas, mas que pouco fazem a história avançar.

Com um elenco mais esfroçado e cativante, encabeçado pelas ótimas Sadie Sink e Emily Rudd, o filme acaba sofrendo como uma espécie de Mid-Season Finale que tem a obrigação em expandir a mitologia e servir de elo para a grande conclusão, e nesse aspecto fica sem tempo para construir seus personagens. Ou algo assim, já que talvez justamente por essa limitação o filme se permita fazer um longo primeiro ato nos ambientando com os personagens.

Essa lentidão incomum até que enfim aconteça a primeira morte também nos permite ver os adolescentes como mais do que apenas o atleta, o drogado e o rebelde (algo que os filmes de terror raramente se preocupam em fazer) e os detalhes de quem se torna o principal inimigo e como isso acontece também carrega consigo uma profundidade adicional que se liga ao seu tema trágico maior.

Talvez os roteiristas esperassem que a revelação final fosse mais chocante e por isso tamanha tentativa de nos fazer importar com os personagens. Infelizmente não acontece, ficando apenas o gosto por uma história incompleta, que veramos se vale a pena na próxima sexta-feira.