Revisitando ¨O senhor dos Anéis¨
A interessante semelhança dos incríveis filmes da trilogia ¨Senhor dos Anéis¨ com o cristianismo.
Nada de religiões élficas, nem mesmo os deuses dos anões, isso mesmo, toda a mitologia da saga O Senhor dos Anéis tem como pano de fundo uma historia bem conhecida da humanidade. O cristianismo.
Mas como pode? É uma era mitológica, fictícia supostamente muito anterior as eras modernas. Em sua maioria contada e pulverizada pelos séculos oralmente, com origens celtas e escandinavas.
Mas nada é tão simples assim nas mãos ( ou na mente ) de um dos homens mais criativos da literatura mundial, J.R.R. Tolkien, o pai da literatura fantástica.
Africano, escritor, filosofo, Tolkien dedicou sua vida a criar um mundo inacreditável e cheio de magia, seres transcendentais divididos em raças das mais variadas, cada qual com sua língua, cultura, geografia e origem muito bem estruturadas.
Mas para quem, assim como eu, foi acertado em cheio por uma sequência de filmes lançada em 2001 intitulada O Senhor dos Anéis ( A sociedade do Anel / As Duas Torres / O Retorno do Rei ) jamais poderia, pelo menos inicialmente, fazer uma relação entre este universo fantástico e uma das três maiores religiões do planeta.
Refrescando a memória, a historia se inicia quando um mago chamado Gandalf ( falaremos dele a frente ) busca em um vilarejo de criaturinhas amáveis uma parceiro para uma missão muito importante, destruir um anel que fora no passado a fonte de um mal que assolou todas as raças.
Este mago, então, acompanha e guia este jovem chamado Frodo, por uma terra cheia de perigos, numa jornada em busca de reencontrar a pureza de um mundo outrora perdido, e com isso, destruir o mal de uma vez por todas.
Pessoas se unem a este grupo, histórias são contadas, heróis são mortos, amigos perdidos, amores encontrados, e todos os nossos olhos são constantemente voltados para o jovem guardião do anel, que até então nos é apresentado como o personagem principal desta história.
Mas voltemos ao autor, amigo do até então admirador seu, C.S Lewis ( você vai se lembrar dele por uma outra história também fantástica e mesclada de sincretismo chamada de As Crônicas de Narnia ) num mundo vivendo a maior desgraça de todos os tempos, a segunda grande guerra mundial, onde toda a humanidade se une contra um mal maior que assola a liberdade de todos os povos, Tolkien consegue trazer a esperança de sua fé a esta tenebrosa vivencia.
Católico, ele insere a doutrina central do cristianismo em sua fabula, a historia da queda e redenção do homem.
Gandalf, chamado o Cinzento, tem como missão liderar e direcionar os personagens em suas tarefas e objetivos dentro desta cruzada. Ele extrai de cada um suas qualidades e não faz nenhuma questão de esconder seus defeitos que logo se mostram.
Num mundo caído, cheio de maldade e rumores de guerra e destruição, somente a velha luta do bem contra o mal importa.
Não é assim a história do Cristo? O filho de Deus? Que foi então, por sua vontade, descido do céu para guiar os homens então afastados de Deus para a redenção?
A responsabilidade de Gandalf é mostrar o caminho e incutir nos corações temerosos e descrentes, que a esperança, o amor e a amizade podem triunfar.
Na bíblia, como no conto, a raça humana decidiu fazer sua escolha e ser dona dos seus próprios caminhos. No Terra Media eles optaram por usufruir do poder do Anel, no Éden, eles optaram por usufruir do poder do fruto proibido.
Com isso, a degeneração invadiu a terra, e tudo de mal a pior se evolui.
Mas isso fica mais evidente, quando Gandalf em seu trajeto rumo a Mordor ( local de origem do anel e único local onde o mesmo poderia ser destruído ) guia seu grupo pelos subterrâneos da terra em busca de uma passagem mais segura, quando se deparam, com um ser, Balrog, um demônio do mundo antigo, assim como na tradição cristã, munido de chifres, rabo e incandescente os persegue.
Não há o que fazer, os aventureiros nada podem contra tamanho poder. Suas flechas, espadas e machados, nada podem contra a criatura medonha. Isso, como diz a fé, nos restringe a falibilidade do homem em produzir qualquer tipo de obra que possa salvá-lo… somente alguém com poder maior pode suplantar o demônio, então Gandalf ainda o cinzento se põe entre os homens e o ser destruidor.
Não é assim na fé? O Cristo, filho de Deus, então inocente, se interpõe entre os homens e aquele que os acusa de romper com as leis para vencê-lo?
Gandalf, em um ato heroico se lança nos braços de Balrog e ambos caem em um abismo de escuridão.
Jesus, como na fé não o fez assim? Prontamente se lança de braços abertos na cruz de madeira e cai no abismo escuro da morte para dar a chance de seus escolhidos cumprirem a missão?
Que bom, que como na fé, a história não acaba ai. É necessário mais um filme, um ano depois para os acontecimentos se mostrarem mais conhecidos.
O mesmo grupo, ainda em sua rota de coragem, se depara com um ser, em uma floresta, mas desta vez, repleto de luz, tão ofuscante que nem sequer conseguem levantar os olhos para melhor o observarem.
Era ele. Mas não estava morto? Sim, por 03 dias. Gandalf ressurge, mas não mais como o Cinzento, agora como o Branco.
Seu retorno traz esperança e fortifica os homens. Eles agora estão prontos para serem redimidos e lutar ate o fim.
Não é assim na fé? Após sua ressurreição, o Cristo restaura a vida dos homens e os entrega novamente aos cuidados e aos caminhos do Deus criador.
Que simples, não é? Quem dera, muito mais fatos, citações e revelações são guardadas nas paginas dos livros e/ou nas cenas do filme.
Uma obra das mais importantes e relevantes da atualidade, sempre contemporânea. Mas esta historia é uma historia dentro da historia, que assim como ocorreu comigo, foram necessárias algumas revisitadas ao filme para poder começar a fazer a associação.
Se permita, abra seu coração àquele mago que pretende te guiar por este universo fantástico em busca da coisa que no fim das contas todos nos buscamos…” voltar para casa em segurança…”
*escrito pelo colunista convidado Carlos Dias
Os inesquecíveis filmes :
O Senhor dos Anéis – A sociedade do Anel
Diretor: Peter Jackson
Roteiro: Peter Jackson, Fran Walsh
Elenco: Elijah Wood, Sean Astin, Ian McKellen, Sala Baker, Viggo Mortensen, Christopher Lee, Ian Holm, Jonh Rhys-Davies, Andy Serkis, Orlando Bloom, Cate Blanchett…
- Primeiro filme lançado em 2002, teve grande repercussão pela qualidade do filme, cenas grandiosas, efeitos especiais orgânicos e história extremamente cativante onde conhecemos Frodo e seus aliados.
O Senhor dos Anéis – As duas Torres
Diretor: Peter Jackson
Roteiro: Peter Jackson, Fran Walsh
Elenco: Elijah Wood, Sean Astin, Ian McKellen, Sala Baker, Viggo Mortensen, Christopher Lee, Ian Holm, Jonh Rhys-Davies, Andy Serkis, Orlando Bloom, Cate Blanchett…
- Neste segundo filme, reviravoltas causam espanto e as dificuldades que os heróis passam demonstram como é difícil o caminho do sucesso e o quanto é impossível percorre-lo sem ajuda.
O Senhor dos Anéis – O Retorno do Rei
Diretor: Peter Jackson
Roteiro: Peter Jackson, Fran Walsh
Elenco: Elijah Wood, Sean Astin, Ian McKellen, Sala Baker, Viggo Mortensen, Christopher Lee, Ian Holm, Jonh Rhys-Davies, Andy Serkis, Orlando Bloom, Cate Blanchett…
- O terceiro e último filme dá aula de como encerrar uma história com grandiosidade e carinho. É um final que alcança os limites de nossa imaginação e inclusive dói em nós que assistimos. Exuberante ! E ganhou 11 Oscar !
Fantástico! De fato, eu teria que assistir os filmes mais algumas vezes para me dar conta de tamanha semelhança que mesmo tão explícita se traduz de forma implícita. Somente uma mente genial para conseguir introduzir isso em sua trilogia, e somente outra para conseguir identifica-la. Gosto ainda mais agora dos filmes, e nunca mais vou vê-los da mesma maneira.
Muito bom o texto, me proporcionou uma outra visão.
Olá,
Não entendo muito de Senhor dos Anéis, mas gostei de saber que a história tem tantas nuances e detalhes.
Achei muito interessante a forma de você colocar as possiveis semelhanças da série com o cristianismo pelo fato da busca do protagonista na sua jornada e orientação pelo mago. Confesso que não assisti a série (trilogia), mas a forma de pensar é interessante.
Adorei seu ponto de vista e as correlações que fez. Eu sempre fico deslumbrada com toda a capacidade e dom que Tolkien teve em vida. Um homem deveras abençoado.
Ainda não vi todos os filmes. Antes, não tinha interesse, depois como leitora… Deixei para me inteirar primeiro das páginas, para depois me perder nas produções cinematográficas. Eu chego lá!!
PARABÉNS!!!
Eu amo LotR e olha que nem sou fa do cristianismo hahahaa
Achei perfectas suas analogías. Tolkien foi um genio quando criou esse universo inserindo tantos elementos simbólicos com suas proprias crencas..
Tava relendo a trilogía uns anos atrás. Adoro os.filmes tbm. Tudo da Terra Media me.encanta.
Tschuss
Olá, tudo bem?
Amei o post! Eu assisti a todos os filmes de O Senhor dos Anéis quando era mais nova, porém, confesso que na época os livros não me fisgaram e parei na metade de As Duas Torres. Um tempo atrás comprei o box com os três livros para fazer uma nova tentativa, mas ainda não li. Seu post me deixou com vontade de desencalhar eles na estante e finalmente ler essa trilogia.
Beijos
Também fui fisgada pela trilogia e vez ou outra, ao menos uma vez por ano, estou assistindo, lendo, enfim, sou apaixonada. A perspectiva cristã de O senhor dos Anéis é forte, além de outras que também é possível fazer
eu revi LOR esses dias e nossa como ele envelhece bem no sentido de ainda ser incrivel, fascinante e de um conteúdo que pode sempre ser atual. eu não sabia da relação dele com o cristianismo mas seu post tá muito bom, adorei as pontuações e informações.
Achei incrível sua perspectiva. Tive a oportunidade de assitir novamente aos filmes no Cine Marquise aqui em SP, estão em cartaz este mês de setembro. Vale muito a pena. Choro toda vez que assisto, é um renovo de esperança.
Maravilhoso. Tudo no universo Tolkien é incrível e coerente, o diretor Peter Jackson fez uma obra prima ao adaptar para um dos filmes mais importantes da história de Hollywood ( diferente de Anéis do Poder que parece querer destruir a obra kkkk). Aqui em casa amamos, eu e meus filhos maratonamos todos os anos começando em O Hobbit até o retorno do rei. A associação do Cristianismo na obra é maravilhosa, os vilões fora o próprio Sauron tem motivações que revelam maldades e pecados em sim mesmos, e os heróis são sempre cheios de defeitos mas todos vão evoluindo ao longo da obra produzindo seus arcos de redenção, fora as amizades criadas, e por fim a virtude de frio que vence o mal em sua própria morada na montanha a custo da própria vida… É emocionante incrível inspirador, obrigado pelo artigo!