Resenhas

Resenha: Voltar Para Casa, de Toni Morrison

VOLTAR_PARA_CASA_1464320579573078SK1464320579BTítulo: Voltar Para Casa
Título original: Home
Autor(a): Toni Morrison
Tradutor: José Rubens Siqueira
Editora: Companhia das Letras
ISBN: 9788535927122
Ano: 2016
Páginas: 135
Avaliação: estrelas 1 - Cópia - Cópia - Cópia - Cópia
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Quando Frank Money volta da Guerra da Coreia com mais cicatrizes do que as visíveis no corpo, encontra um mundo racista e desfigurado. Durante os anos de sua ausência, sua irmã Ycidra sobreviveu como pôde a uma sociedade machista e opressiva, em que as mulheres são sistematicamente abandonadas pelos maridos e muitas vezes mutiladas sem piedade. Ao se reencontrarem na pequena cidade de Geórgia, onde nasceram, os irmãos revisitam memórias da infância, e Frank retoma sua experiência traumática no campo de batalha para redescobrir a força e a coragem que já não acreditava ter. Um romance estarrecedor sobre a forte ligação entre irmãos, a ressignificação de um passado violento e a volta para casa.

Voltar Para Casa narra a história de dois irmãos nos anos 1950 no sul dos Estados Unidos que se reencontram após anos separados. Sutil e enxuto, nenhuma palavra desse romance é dispensável e o leitor passará por suas 135 páginas sem cansar.

Mesclando os fantasmas da guerra com o machismo e o racismo enfrentado na época, a história se desenvolve de maneira surpreendentemente leve. Sutilmente entendemos que os personagens são pessoas negras vivendo a segregação racial e enfrentando as injustiças dessa sociedade. Vemos a falta de amparo das autoridades e o conforto que somente a família ou os seres humanos que o consideram um igual são capazes de oferecer.

Frank Money enfrenta as memórias de uma guerra que ele tenta esquecer. Incapaz de se manter em um emprego por muito tempo, ele tenta seguir sua vida entre momentos de lucidez e embriaguez, até ter um objetivo claro: resgatar a irmã e voltar para casa. Vemos através dos olhos dele o quão desamparadas as pessoas traumatizadas ficam após estarem em um campo de batalha. Frank jamais será capaz de esquecer quem ele foi durante a guerra.

Ycidra encara os desafios de ser uma mulher negra nos anos 1950, onde sequer o seu nascimento foi registrado em cartório. Desde cedo tendo aprendido a ouvir, ficar calada e obedecer, não é de se surpreender que tenha acreditado que assim seria o resto de sua vida. Ci não foi para a guerra, mas viveu em uma desde que nasceu mulher e teve que enfrentar além do machismo as superstições de sua época.

“Olhe pra você. Você é livre. Nada nem ninguém é obrigado a te salvar, só você mesma. Plante a sua própria terra. Você é moça e mulher e as duas coisas têm sérias limitações, mas você é uma pessoa também. Não deixe a Lenore ou um namoradinho qualquer e com toda a certeza nenhum médico do mal resolver quem você é. Isso é escravidão. Em algum lugar aí dentro de você está essa pessoa livre de que eu estou falando. Encontre-a e deixe que ela faça algum bem neste mundo.”

Com uma capa simples mas que tem um significado mais profundo quando terminamos a leitura, “Voltar Para Casa” é um livro perfeitamente escrito e revisado. Com a diagramação simples geralmente utilizado pela Companhia das Letras, a leitura é confortável e rápida, sendo este um daqueles livros que somos capazes de ler em um só dia. Ganhadora do Nobel de literatura, Toni Morrison nos encanta com sua narrativa. Intercalando capítulos em terceira e primeira pessoa, “Voltar para Casa” fala muito mais ao leitor do que as palavras escritas. Voltar para casa é mais do que retornar a sua casa, é encontrar novamente o seu lar.

Franciely

É estudante de Letras por falta de melhor opção (já que não se pode ser somente estudante de literatura), leitora por prazer, amiga dos animais, viciada em internet e resenhista porque gosta de experimentar coisas novas.

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