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Livro: Um Artista do Mundo Flutuante – Kazuo Ishiguro

 Nome do livro: Um Artista Do Mundo Flutuante
Autor: Kazuo Ishiguro
Tradução: José Rubens Siqueira
Editora: Companhia das Letras
ISBN: 9788535931051
Páginas: 232
Ano: 2018
Nota: 5/5

É fato que sou alucinada pela cultura japonesa. Conheço muito bem seus cineastas e magakás, mas tenho pouco ou quase nenhum conhecimento sobre a literatura desse país que tanto amo.  Ainda na faculdade por recomendação de um professor li o livro Hiroshima de John Hersey que relata como os bombardeios atômicos de Hiroshima e Nagasaki afetaram a vida de seis indivíduos.

O segundo livro que li sobre o Japão e sua cultura é do escritor Kazuo Ishiguro, mas para minha surpresa Ishiguro é japonês naturalizado inglês então acabei mais uma vez lendo um romance inglês sobre o Japão. Nascido em Nagasaki ainda na infância Ishiguro mudou com seus pais para Inglaterra. A idéia para Um Artista Do Mundo Flutuante surgiu para o autor em seu primeiro livro As Colinas de Nagasaki, nele Kazuo desenvolve uma subtrama sobre um “antigo professor” que tem que repensar os valores sobre os quais ele construiu sua vida. E em seu segundo romance o escritor faz em estudo sobre culpa, envelhecimento, conflito de gerações e a solidão no Japão pós-guerra.

No livro Um Artista Do Mundo Flutuante se passa no Japão pós guerra entre os anos de 1948 e 1950. O romance é narrado por Masuji Ono, um artista respeitado antes e durante a guerra. Lentamente vamos descobrimos que Ono foi aluno de um artista plástico decadente do “mundo flutuante” das gueixas pré-guerra. Durante a “crise da China” na década de 1930, no entanto, ele se afastou dessa tradição ukiyo-e para desenvolver uma forma de arte mais patriótica. Agora, enquanto ele tenta casar sua filha mais nova Noriko, o prestígio de Ono como ex-pintor pró-governo veio assombrá-lo.

Agora aposentado, Ono passa seus dias fazendo jardinagem e consertos sem entusiasmo em sua grande casa em ruínas. O livro começa com uma frase contundente e evocativa: “Se, num dia de sol, você subir o caminho íngreme que sai da pequena ponte de madeira que por aqui ainda chamam de “Ponte da Hesitação”, não terá que andar muito para avistar o telhado da minha casa entre os topos de duas árvores gingko”.

A  hesitação, que dá nome a ponte, permeia toda a leitura. Através de seu ponto de vista altamente subjetivo a narrativa de Ono não é totalmente confiável. Ao longo da obra percebemos que tudo para o personagem principal é provisório e perturbador: arte, família, vida e posteridade. No decorrer da leitura percebemos que Ono esconde alguns segredos nos quais são permeados os temas de culpa, envelhecimento, solidão e a desconcertante incompreensão entre jovens e velhos.

Um Artista Do Mundo Flutuante é uma obra belíssima que deve ser lida e apreciada e de tempos em tempos revisitada pelo leitor.  

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