Resenha: Tormento, por John Boyne (Segunda opinião)
Nome do livro: Tormento
Nome original: The Dare
Autor(a): John Boyne
Tradução: Carlos Alberto Bárbaro
ISBN: 9788565765282
Páginas: 88
Editora: Seguinte
Ano: 2014
Avaliação: 4/5
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Danny Delaney curtia tranquilamente as férias, até que sua mãe volta pra casa tarde da noite, escoltada por dois policiais. Ele logo percebe que algo terrível aconteceu. A sra. Delaney havia atropelado um garotinho, que agora está em coma e ninguém sabe se vai acordar. Consumida pela culpa, ela se isola de todos ao seu redor. Caberá a Danny e seu pai impedir que a família se despedace.
“(…)Eu não queria dizer a verdade, porque se ela contasse pra mamãe ou pro papai eu ia entrar numa fria.(…)”
O que mais chamou a atenção nesta narrativa foi a capacidade do autor de fazer uma pequena história tornar-se grande. Tomento é um conto de poucas páginas que aborda uma série de problemas vividos pelas personagens. Apesar de o tema central da narrativa ser o acidente envolvendo a mãe de Danny, somos apresentados a mais personagens com seus conflitos que, mesmo mostrados de forma breve, deixam uma grande reflexão.
Quem já leu algum livro de John Boyne vai se deliciar com a sua narrativa característica que é capaz de nos transportar para dentro da história e acompanhar o personagem narrador enquanto descobre os acontecimentos e as personagens ao seu redor. Também há várias lições deixadas espalhadas pelo livro, como quando a avó de Danny lhe diz que “aparência não é tudo”, ou quando em uma conversa com o namorado de uma vizinha sobre “escoteiros serem gays”, ele responde a Danny “Eu diria que alguns são, mesmo (…) E outros são tristes, e alguns são ansiosos, outros meio loucos. Somos todos inclinados a naturezas diversas(…)”. Existe sempre algo mais a ser dito, nada é uma simples conversa ou acontecimento neste conto.
Um dos personagens secundários é Luke Kenedy, que mora com a mãe e o namorado dela porque os pais são divorciados. John Boyne consegue criar uma história com início, meio e fim plenamente satisfatória de um personagem secundário, utilizando poucas palavras. Somente temos vislumbres do que aconteceu com Luke enquanto Danny narra algum fato, e mesmo assim temos uma história complexa onde o pai saiu de casa e o filho considera o novo morador de sua casa um intruso, idealizando um pai que na verdade é negligente. Acredito que esta seja uma mostra do talento do autor para escrever.
Mas, é válido explicar por que um livro tão bom mereceu somente 4 estrelas na minha avaliação. Danny é um personagem rico que narra o conto e ao qual acompanhamos até o desfecho do livro. Durante toda a leitura eu tinha em mente que Danny era uma criança que chama o pai de “papai”, é mandado pra cama cedo, é deixado aos cuidados dos vizinhos quando os pais não podem estar em casa, e apesar de estar interessado em uma menina age como se ela fosse de outro mundo. Porém Danny completa treze anos durante o conto e não consegui visualizá-lo com mais de dez anos de idade. É possível que na época em que o autor era criança os meninos de doze anos fossem mais inocentes, mas hoje em dia as atitudes de Danny não combinam com a sua idade. Esse foi o único problema que tive com o livro, mas foi um incômodo.
A edição da editora Seguinte está linda. A capa, apesar de ser meio sem graça, mostra um momento da narrativa. A diagramação está confortável e não há nenhum erro de revisão. As páginas são amareladas impressas em um papel muito bom.
Caso você leitor esteja procurando um livro que fale pouco mas diga muito, que possa te relembrar da infância quando as férias demoravam a chegar mas também demoravam a passar, este é uma boa pedida. Recomendado a todos que gostam de boas histórias simples.