Resenha: Os Forasteiros, por Michelle Paver
Nome do livro: Os Forasteiros
Nome Original: Gods and Warriors: The Outsiders
Série: Deuses e Guerreiros #01
Tradução: Érico Assis
Autor(a): Michelle Paver
ISBN: 9788580574678
Editora: Intrínseca
Páginas: 304
Ano: 2014
Nota: 4/5
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O jovem Hylas tem uma vida pacata, pastoreando cabras nas montanhas com a irmã. Até o dia em que homens com armaduras, lanças de bronze e a pele escondida por uma camada escura de cinzas atacam os dois. Hylas escapa, mas a irmã desaparece, e caberá ao irmão encontrá-la tendo como únicos aliados Pirra, a filha rebelde da Sacerdotisa Suprema, e um golfinho chamado Espírito. Para complicar ainda mais, ele está sendo caçado por guerreiros de armaduras negras. Os forasteiros é o primeiro volume da série Deuses e guerreiros, que se passa na Idade do Bronze.
Os Forasteiros é o primeiro volume da série de sucesso “Deuses e Guerreiros” escrito por Michelle Paver. Meu interesse apareceu por três motivos: primeiro; pela classificação no site Goodreads ( se os gringos classificaram com 3,75 algo interessante o livro possui). Segundo; pelo enredo ser ambientado na Idade do Bronze, na Grécia Antiga. Terceiro; por envolver guerreiros, deuses, princesas, magia, poder, disputa e traição. Não pensei duas vezes, logo iniciei minha leitura e confesso: o livro me surpreendeu muito.
Hylas é um órfão forasteiro (uma raça excluída obrigados a viver nas florestas protegidos pelos deuses), pastoreia ao lado de sua irmã nas montanhas cabras. Até que em um dia, ambos são atacados por homens de armadura, com suas lanças de bronze, roupas estilo “corvos”, um clã chamado de: a Casa de Koronos. Sua irmã desaparece e logo ele não entende os motivos do ataque aos forasteiros.
“- Eu não sei por que estão atrás de forasteiros… mas farei o possível para descobrir. – Encarou Hylas.- Sou seu amigo – disse de modo decidido – Vamos encontrar Issi. Vou ajudar você. Juro pela minha honra. Agora cale a boca e vamos embora.” (p. 44)
O garoto começa uma corrida em busca da irmã pela Licônia, Lapithos e Aqueia. Ao longo do enredo somos apresentados à Telamon, filho do potentado local – Thestor. O que por ora Hylas não conhece a verdade. O poder de seu amigo é tão grande que é controlado pelo pai, ambos mantém uma amizade proibida as escuras. Até que tudo é descoberto, quando Telamon tenta salvar seu amigo, mostrando os caminhos para tentar encontrar Issi, irmã de Hylas. A ambientação se estende por toda a ilha, os conflitos aumentam quando Pirra, uma garota kaftiana e filha da Sacerdotisa chega de Keftiu à Licônia, prometida em casamento pela sua mãe ao filho do potentado. Ela deverá casar com Telamon para selar os acordos envolvendo os recursos de bronze entre as duas ilhas. O grande problema é que a garota não quer casar, presa por sua mãe, ela acaba conseguindo fugir e em pouco tempo conhece Hylas, ambos presos na Ilha da Deusa.
Espírito é outro personagem que ganha destaque, um golfinho protetor. Perdido de sua família, acaba transmitindo ao leitor momentos de descontração e passagens interessantes. As confusões de Hylas e Pirra são engraçadas até ao ponto quando ambos se entendem e o sentimento se torna verdadeiro pela necessidade de um ajudar o outro. Os conflitos só aumentam e o que parecia ser fácil, acaba se tornando difícil quando Telamon precisa decidir entre a lealdade de seu pai ou cumprir com o acordo feito para seu melhor amigo.
Michelle Paver juntou uma grande mitologia e locais incríveis dentro da Idade do Bronze. Referências a deuses, magia, guerras e intrigas são alvos ao longo do enredo. O que me chamou atenção foi abordar a lealdade e a confiança, qualidades que na época não existia e a qualidade das reverências que os povos antigos faziam aos deuses. Hylas não é um personagem bobo, pelo contrário, muito centrado e forte em suas idéias e ações. Pirra, diferente do início (meio morna) acaba ganhando destaque ao longo pela sua evolução. É verossímil o crescimento do enredo e certeiro quanto envolve o mistério em cima da perseguição de forasteiros. Não ache que não vemos morte, pelo contrário, a autora não perdoa. A ambientação deixa transparecer como uma aula de história, destacada e muito bem elaborada.
A editora Intrínseca preservou a capa original e o mapa para orientação e sinalização do enredo ( eu consultei muito os locais para me situar) ficou perfeito. A tradução de Érico Assis merece aplausos, pela coerência e responsabilidade em deixar uma escrita fácil para o público juvenil. A sequência The Burning Shadow (A sombra negra, em tradução livre) ainda não possui uma data para chegar ao Brasil. Espero que não demore!
Enfim, uma escrita simples e direta. Separados por momentos de cada personagem e suas motivações – Hylas; em encontrar a sua irmã, Pirra; em fugir de um casamento forçado, Telamon; em aceitar o controle de seu pai ou desafiá-lo e Espírito, um golfinho que deseja encontrar sua família e ao mesmo tempo ajudar Hylas pela conexão que ambos possuem. É crível os mistérios que ainda se escondem em torno do garoto o que por outro lado acaba deixando o leitor curioso pelos próximos volumes. Leiam!