Resenha: O Último Passageiro, por Manel Loureiro
Nome do Livro: O Último Passageiro
Nome Original: El Último Pasajero
Autor(a): Manel Loureiro
Tradução: Sandra Martha Dolinsky
Editora: Planeta Brasil
ISBN: 9788542202601
Páginas: 384
Ano: 2014
Nota: 3/5
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Agosto de 1939. Um enorme transatlântico chamado Valkirie aparece vazio e à deriva no Oceano Atlântico. Um velho navio cargueiro o encontra e decide rebocá-lo até o porto, mas não sem antes descobrir que nele há um bebê de poucos meses… e algo mais que ninguém é capaz de identificar. Por volta de setenta anos depois, um estranho homem de negócios decide restaurar o misterioso transatlântico e repetir, passo a passo, a última viagem do Valkirie. A bordo, presa em uma realidade angustiante, a jornalista Kate Kilroy busca uma boa história para contar. Mas acabará descobrindo que somente sua inteligência e sua capacidade de amar podem evitar que o transatlântico pague novamente um preço sinistro durante o percurso. Inquietante. Enigmático. Viciante. Bem-vindo ao Valkirie. Você não poderá desembarcar… mesmo se quiser.
Acho que não sou o único leitor que, ao ler a sinopse, imaginou mais um suspense policial ou algum thriller, fui? Porque além da sinopse, essa capa e esse título seriam perfeitos para um livro deste gênero. Eu esperava, de verdade, algum assassino em série ou até mesmo alguma máfia que traficasse pessoas, enfim, qualquer coisa menos um navio fantasma. Então não seja ingênuo como eu, este NÃO é um livro de suspense e sim, um sobrenatural com aquele toque de terror.
Depois de cobrir festas e famosos por muito tempo, Kate tem a chance de cobrir a matéria sobre um velho navio que está sendo restaurado por algum tipo de mafioso. Seu marido havia começado essa matéria antes de morrer, sendo assim Kate agarra a oportunidade como se fosse o último resquício que ainda sobrasse de Robert — e também como uma forma de seguir em frente –, Kate começa a investigar mais sobre o misterioso transatlântico chamado Valkirie. Quando o atual dono do navio resolve realizar uma nova viagem com o Valkirie, Kate com sua maneira petulante e bastante arriscada, decide que precisa estar nessa viagem mas o que ela não sabe é que há mistérios que rondam o navio e perigos inimagináveis que nem mesmo ela conseguirá acreditar.
“Kae não tinha certeza, mas poderia apostar que aquela mancha era de sangue. E poderia jurar que um minuto antes não estava ali.” (Página 174)
Assim que o livro chegou decidi cair na leitura, fui realmente com um entusiasmo porque li coisas realmente positivas sobre ele, mas o começo pode se tornar bem lento e cansativo, “quebrando” um pouco do encanto que eu estava mantendo em relação a leitura. Claro que o autor consegue reconquistar aos poucos, retomando um ritmo bom durante o caminhar da leitura, mas se no começo você não se ater realmente à leitura, poderá se perder na história do transatlântico e nas explicações importantes sobre a história. Meu conselho é: mesmo que você ache que a narrativa está caminhando por um passo lento, continue e persista, se atenha aos detalhes, caso contrário, você poderá ficar perdido pelo resto da história.
A protagonista não conseguiu me conquistar logo de início, não tive uma impressão muito clara do tipo de pessoa que ela era e me sentia incomodado com algumas de suas atitudes. Aos poucos, você acaba entendendo sua forma de julgar, consegue consolidar seu tipo de personalidade e começa a enxergá-la com outros olhos. Com o decorrer da trama, o autor conseguiu provar que Kate, acima de tudo, é humana, tem seus momentos de triunfos, uma curiosidade sem tamanho, mas também carrega medos e é também cheia de falhas, conseguindo aproximar bastante o leitor de sua protagonista. Os demais personagens são, assim como todo o restante, um grande mistério. Isaac é o personagem mais intrigante: não conseguimos identificar nele a expressão “mafioso” que lhe é atribuído e sua fixação pelo Valkirie nos leva a pensar qual será realmente o verdadeiro objetivo. Já Robert, mesmo morto se faz muito presente durante a história e só conseguimos formar algo palpável do personagem através da protagonista.
“Enquanto Kate se afastava, pôde ouvir os gritos. E o rumor da escuridão, que crescia sem parar. Cada vez mais perto.” (Página 355)
Ao abranger um enredo cheio de enigmas e mistérios, era extremamente necessário que a narrativa contivesse a tensão detalhada em cada frase, construída de uma forma que o leitor fosse instigado a continuar, incentivado ler até que o desfecho seja encontrado. Não digo que o autor não tenha conseguido, mas em partes ele falhou nesse objetivo.
A edição da editora Planeta ficou de fato muito boa! Como já disse anteriormente, achei que a capa do livro ainda tem aquele design de livros de suspense policial, mas depois de finalizar a leitura consigo compreender que foi uma boa escolha. Na diagramação, podemos observar abas/orelhas, folhas amarelas, acabamento interno personalizado, letra e margem de um tamanho adequado e a revisão e tradução foram feitos com bastante cuidado, resultando em uma edição caprichada.
Depois da horda de zumbis em Apocalipse Z, o autor Manel Loureiro vai explorar a fundo os fantasmas. Um livro envolvendo um enigmático transatlântico, um misterioso bebê, o desaparecimento de centenas de pessoas ao longo da história, nazismo, magia negra e uma sociedade secreta, ou seja, se você ainda tinha alguma dúvida em relação a qualidade do livro, não precisa mais! Não vou dizer que o livro é perfeito — como sempre há os altos de baixos de cada história –, mas se você procura uma narrativa envolvente e uma história de arrepiar, talvez este seja o livro que você procura.