Resenhas

Resenha: O Tempo que Nunca Foi, por Kelly Moore, Tucker Reed, Larkin Reed

O_TEMPO_QUE_NUNCA_FOI_1406125982PTítulo: O Tempo que Nunca Foi
Título original: Neverwas
Série: Amber House #2
Tradutor: Martha Argel, Humberto Moura Neto
Autor(a): Kelly Moore, Tucker Reed, Larkin Reed
ISBN:  9788564850705
Páginas: 320
Ano de publicação: 2014
Editora: Jangada
Avaliação: 4/5
Onde comprar: Submarino

Depois da morte da avó, Sarah Parsons vai morar em Amber House, a centenária propriedade que pertence à sua família há gerações. Mas Sarah começa a ter uma sensação de que algo está de alguma forma errado. As coisas estão melhores para Sarah e sua família, mas outras estão muito diferentes e não mudaram para melhor. Com memórias confusas e uma enorme sensação de déja-vu, Sarah percebe que fez uma escolha que transformou tudo – e agora ela tem que escolher tudo outra vez. Com a ajuda de Amber House, que lhe traz visões de seus antepassados, e seu amigo de infância, Jackson, ela consegue se lembrar de como as coisas deveriam ser e planejar uma ousada missão que vai redefinir o universo mais uma vez. Sarah precisa descobrir o que mudou e como pode corrigir isso, antes que seja tarde demais. 

Assim como Amber House, O Tempo que Nunca Foi é um livro sobre mudanças e como o nosso passado faz de nós pessoas diferentes, mesmo que a essência seja a mesma.  Se você pudesse mudar o passado para melhorar o futuro, você teria a coragem necessária? (Atenção, pois a resenha contém spoiler do primeiro livro da série)

“(…)É isso que faz de alguém um herói (…) Reunir a força necessária para se sacrificar por outra pessoa.” (Pág 62)

Podemos perceber as mudanças logo no primeiro capítulo, onde conhecemos uma Sarah um pouco diferente da Sarah de Amber House. Esta cresceu em uma família completa, com uma mãe amorosa e não amargurada pelo passado, um pai presente, e teve a chance de conviver com a avó, já falecida. Por isso, é amiga de infância de Jackson. Caso você esteja perdido, lembre-se que a Sarah de Amber House, a Sarah um, conseguiu mudar o passado com a sua interferência e salvar não só a Sammy, mas também a sua tia Maggie e a outra pessoa que também havia ficado presa lá.

Porém, mesmo que algumas mudanças tenham sido para melhor, outras ocorreram sem controle de Sarah e o mundo ficou realmente modificado. Por isso, sabemos que o país onde a casa (Amber House) está é a Confederação dos Estados Unidos. Aqui a escravatura foi abolida há menos de um século e as raças ainda estão segregadas. Por ter crescido em outro país, a garota não compartilha as mesmas crenças raciais do local, mas está à mercê como todos, fazendo novamente que a amizade com Jackson não seja vista com bons olhos quando se torna mais íntima. Também as mulheres são tratadas com menos igualdade, o que fica facilmente compreendido ao ler em alguns trechos que o pai de Sarah ergueu a mão para calar a esposa, e esta se calou imediatamente.

“(…) Acho que quando você força outra pessoa a ser escrava, precisa inventar um motivo para justificar o fato de você se achar tão melhor do que ela a ponto de poder possuí-la. Você tem que acreditar que ela tem algo errado, que faz dela uma pessoa pior. (…)” (pág 21)

Conforme a narrativa avança, as mudanças e o motivo de terem acontecido, vão ficando mais claros. Sarah descobre que as coisas nem sempre foram assim, que existiu um outro tempo onde ela e o mundo eram diferentes. Partimos em busca dessas lembranças pela casa, novamente vivendo aventuras e buscando por um tesouro perdido (tesouros nem sempre são coisas materiais). Também encontramos as lembranças tristes e vergonhosas que a casa guarda. O que foi praticado pelos seus antepassados escravagistas, as ações de pessoas inescrupulosas e etc. E também nos surpreendemos ao descobrir que uma simples mudança na vida de alguém é capaz de transformar esta pessoa em alguém melhor.

O livro também trás além do realismo fantástico, um lado místico. Assim como no primeiro, temos a leitura da sorte de Sarah e percebemos junto com ela que o destino não é algo travado. A maleabilidade dele chega a assustar, pois a falta de certeza do que vai acontecer é grande e tudo o que ela encontra é o conselho de “seguir em frente até o fim”.

Esta é uma história sobre mudanças e o preço que elas podem ter. Uma homenagem aos mártires que já lutaram e morreram por uma causa que achavam que valia a pena. Que encontraram forças e coragem em sua causa. Que ajudaram a fazer de nosso mundo um lugar melhor para se viver. Não perfeito, mas melhor.

“Eu era Pandora, pensei. E precisava colocar todas aquelas coisas ruins de volta na caixa.” (Pás 230)

A capa do livro está linda e novamente traz uma cena do final da narrativa. O tamanho da fonte, espaçamento duplo e folhas amareladas, assim como no primeiro livro, deixam a leitura muito confortável. Dessa vez pude perceber um ou dois erros de digitação que passaram despercebidos. Não chegam a atrapalhar a leitura, mas incomodam. A narrativa manteve a homogeneidade do primeiro livro, não sendo notado em nenhum momento a perda da voz da personagem narradora. A editora Jangada está de parabéns por ter trazido este título e deixar os leitores ansiosos prelo próximo.

Recomendo a leitura para aqueles que gostam de história e que já imaginaram como o mundo seria se esse ou aquele tivesse ganhado a guerra. Para quem gosta de aventura  com mistério e para aqueles que acreditam em almas gêmeas e que não importa a raça, o passado e as crenças, somente o amor.

Franciely

É estudante de Letras por falta de melhor opção (já que não se pode ser somente estudante de literatura), leitora por prazer, amiga dos animais, viciada em internet e resenhista porque gosta de experimentar coisas novas.

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