Resenhas

Resenha: O Menino que via Demônios, por Carolyn Jess-Cooke

O_MENINO_QUE_VIA_DEMONIOS_1366331527PNome do Livro: O Menino que Via Demônios
Nome Original: The boy who could see demons
Autor(a): Carolyn Jess-Cooke
Tradução: Geni Hirata
ISBN: 9788532528131
Páginas: 383
Editora: Rocco
Ano: 2013
Avaliação: 5/5
Onde comprar: Compare Preços

Autora de O diário do anjo da guarda, a irlandesa Carolyn Jess-Cooke se volta para seres menos iluminados, mas tão fascinantes quanto em O menino que via demônios. O romance conta a história de Alex, um garoto de 10 anos que, desde a morte do pai, tem como melhor amigo um demônio de nove mil anos. Após a tentativa de suicídio da mãe, Alex conhece Anya, uma psiquiatra infantil que sofre com a esquizofrenia da própria filha. Ao longo do tratamento de Alex, porém, Anya passa a questionar suas próprias certezas: seria ele esquizofrênico ou o garoto realmente é capaz de ver demônios?

Devo começar as minhas observações sobre este livro com o fato de eu ter sido completamente surpreendida com o seu enredo e isso foi muito bom! Sou daquelas que gostam de ser surpreendidas com a história e por isso não leem sinopse, nem orelha antes de terminar a leitura. O que eu achava que seria uma história infanto/juvenil, me surpreendeu com um tema muito forte e brilhantemente abordado pela Carolyn, ótimo tema, ótima abordagem. Isto posto, vamos aos fatos!

O Menino que via Demônios é a história de Alex Broccoli, um garoto de 10 anos que vê demônios desde os 5. Rue, um dos demônios que Alex pode ver é também o seu único e melhor amigo e diz, com muito orgulho, que foi amigo de Nero/Cezar e que ficou preso com Sócrates, um demônio muito peculiar que gosta de piano e cujo seu compositor preferido é Mozart. Alex é filho de Cindy, uma jovem de 20 e poucos anos, viúva e suicida. A vida deles não é muito fácil e as visitas constantes do serviço social, ameaçam separar mãe e filho. É importante ressaltar que, com tão pouca idade, o menino já presenciou algumas tentativas de suicídio da mãe. Anya Molokova é a psiquiatra que foi designada para cuidar do caso de Alex, porém ela também tem os seus conflitos pessoais, a sua filha era esquizofrênica e também suicida.

 “Ele disse:- Como é o amor?Eu disse:Você teria de perguntar a uma menina.Então, pensei em mamãe, no quanto eu a amo, e assim eu disse:- É como ser capaz de fazer qualquer coisa pela pessoa que ama.” (p.60)

A história é contada sob duas perspectivas, a de Alex, através do seu diário e da perspectiva da psiquiatra Anya. Isso nos mostra os dois pontos de vista, tanto do menino que vê os demônios e tem aquilo como verdade escrita inclusive em seu diário e também do olhar médico, cético de Anya em relação ao que Alex lhe conta. Não é uma leitura fácil no sentido de que a história narrada é bem pesada, carregada de significados que envolvem muita coisa que vai além da imaginação de uma criança. A esquizofrenia é abordada constantemente no livro, e o embate entre a fantasia e o real, entre o sobrenatural e o científico é ferrenho. O contexto histórico também tem papel fundamental, principalmente a abordagem dada por Anya. O livro se passa em Belfast, uma cidade da Irlanda do Norte, marcada por guerras e conflitos, e segundo a psiquiatra, os altos índices de esquizofrênicos e suicidas naquela região, se deve ao fato dessas pessoas terem presenciado ou sofrido algum tipo de violência, e isso é suposto até para o caso do próprio Alex.

Algumas partes são de tirar o fôlego e de deixar o coração do leitor bem apertadinho. Me emocionei em vários momentos. Uma curiosidade ou não, a autora Carolyn jess-Cooke é natural de Belfast, local onde se passa a história. Conhece bem a realidade local, isso deixou a história mais palpável, com mais detalhes.

 “Coisas boas e ruins têm acontecido ultimamente. Mas as coisas boas são tão boas que nem tenho certeza se posso dizer que as ruins são ruins, já nem sequer são importantes.” (p.188)

A diagramação é simples e a leitura é bem rápida, terminei o livro em dois dias, eu não conseguia largar dele, Alex me cativou profundamente, que menino fofo, já estou com saudade. Então O Menino que via demônios está super indicado, pra quem gosta de uma leitura profunda, forte, com o toque de leveza que tem uma história narrada por uma criança.

 

Philip Rangel

Philip Rangel é estudante de direito, administrador e resenhista do Entrando Numa Fria, técnico em informática, nárniano, pertence a grifinória, leitor assíduo, futuro escritor, amante de livros, séries e filmes.