Resenha: O Lado Bom da Vida, por Matthew Quick

Nome do Livro: O Lado Bom da Vida
Nome Original: The Silver Linings Playbook
Autor(a): Matthew Quick
ISBN: 9788580572773
Páginas: 356
Editora: Intrínseca
Ano: 2013
Avaliação: 5/5
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Pat Peoples, um ex-professor de história na casa dos 30 anos, acaba de sair de uma instituição psiquiátrica. Convencido de que passou apenas alguns meses naquele “lugar ruim”, Pat não se lembra do que o fez ir para lá. O que sabe é que Nikki, sua esposa, quis que ficassem um “tempo separados”. Tentando recompor o quebra-cabeças de sua memória, agora repleta de lapsos, ele ainda precisa enfrentar uma realidade que não parece muito promissora. Com seu pai se recusando a falar com ele, sua esposa negando-se a aceitar revê-lo e seus amigos evitando comentar o que aconteceu antes de sua internação, Pat, agora um viciado em exercícios físicos, está determinado a reorganizar as coisas e reconquistar sua mulher, porque acredita em finais felizes e no lado bom da vida. Tendo a seu lado o excêntrico (mas competente) psiquiatra Dr. Patel e Tiffany, Pat descobrirá que nem todos os finais são felizes, mas que sempre vale a pena tentar mais uma vez. Um livro comovente sobre um homem que acredita na felicidade, no amor e na esperança.

É visível o quão seletiva é a editora Intrínseca, que vêm nos proporcionando grandes obras como aconteceu em “A Culpa é das Estrelas” , o viciante “Cinquenta Tons de Cinza” e outras obras que repercutem no mundo. Ao ler este livro, fiquei com algumas perguntas procurando respostas, como: Será que nossa vida é como um grande filme? Será que todos os finais devem ser “… e viveram felizes para sempre”? Será que eu vejo e aprendi a viver  o meu lado bom da vida? Perguntas estas, que martelaram em minha cabeça até a última palavra do enredo. Confesso que me surpreendi muito com a escrita do autor Matthew Quick.

“Deus, eu não pedi um milhão de dólares. Não pedi para ser famoso e poderoso. Nem mesmo pedi que Nikki me aceitasse de volta. Só pedi um encontro. Uma única conversa cara a cara. Tudo que fiz desde que saí do lugar ruim foi tentar melhorar — para me tornar exatamente o que Você quer que todos sejam: uma pessoa boa. E aqui estou eu, correndo pelo norte da Filadélfia em um dia de Natal chuvoso… — sozinho. Por que Você nos deu tantas histórias sobre milagres? Por que Você enviou Seu Filho do céu? Por que Você nos deu filmes, se a vida nunca acaba bem? Que merda de Deus é você? Você quer que eu seja infeliz para o resto de minha vida? Você quer…”(p. 218)

Pat Peoples, é um homem que acredita beirar a casa dos trinta anos, buscando o seu lado bom da vida, ele ficou  internado em um hospital psiquiátrico – como ele define de “lugar ruim”-  por um tempo e motivos que ele desconhece. Seu objetivo principal é tentar reconquistar o coração de sua esposa Nikki e tentar acabar com o “tempo separados”. Pat retorna para sua casa aos cuidados de sua mãe.  Ele retorna morando em um porão da casa de seus pais e sua obsessão por exercícios físicos, adquiridos no “lugar ruim”.  Tudo o que Pat deseja é tornar um marido melhor para sua esposa, retomando onde ele parou. Apresentando uma mudança grande em sua vida, como ler livros clássicos e ficar horas de seu dia malhando.

Em casa a relação com Patrick, seu pai é muito delicada. O pai não dirige uma só palavra ao filho. Ops, quase não drige a palavra!! Só quando é para defender os Eagles (time de futebol americano). Aos poucos Pat começa a voltar sua vida, como o convívio com seu amigo Ronnie, que em um jantar acaba conhecendo Tiffany, irmã de Veronica, esposa de Ronnie. Ela também passou por um trauma, a morte de seu marido.  Como Pat não se lembra de nada, do tempo que esteve internado,  do motivo do que o fez parar ali , seus longos quatro anos, sua vida precisa ser renascida novamente, retomando onde parou. O problema é que Nikki nunca o visitou, seu irmão Jake o ama muito, a agitação pelo Eagles (time de futebol americano) é muito contagiante transmitindo momentos de reflexão, alegrias com nossos próximos.

É muito difícil descrever momentos marcantes em O Lado Bom da Vida, um livro que foi lido em horas.  Todo o mistério envolvendo Pat, foram responsáveis pelos momentos mais importantes dentro do enredo, como tentar descobrir o que acontecia com Nikki. Pude dar altas risadas em outros momentos ao lado dos Eagles, torcendo muito pelo time de futebol. Pude derramar algumas lágrimas em outros acontecimentos, como os de Tiffany e momentos com o seu psíquiatra o Dr. Patel. Ficava ainda buscando entender os motivos que Pat odiava o cantor Kenny G.

Matthew Quick soube apresentar uma obra digna, calma, engraçada e de muita reflexão. Momentos que me marcaram muito durante a leitura, deixando uma vontade de viver mais a vida. Como ele desenhou Tiffany e Pat, transformando de  um casal problemático e cômico, ao amor real. Cada um utiliza de uma maneira para correr com seus medos, ela pela dança e ele pela malhação. A junção das duas qualidades são tão certas, que tentei procurar outro momento de dança dentro do enredo. Ainda, Quick joga a parte da literatura americana, que na maioria das vezes terminam suas obras como algo trágico. Deixando Pat confuso e nervoso em determinadas situações, como se aquilo tivesse mesmo sempre acontecer. Como influência a obra O grande Gatsby.

O momento da revelçao de como ele perdeu sua memória foi algo que jamais me esquecerei. Sempre levando uma vida positiva, onde todos merecem ter um final feliz. Vi como ainda somos indefesos e presos em nossas rotinas, quando cometemos algo sem usar nossa razão, podemos voltar a ser criança. O livro pôde demonstrar em grandes partes  durante a narração de Pat. A editora Intrínseca novamente trouxe uma grande obra, com tradução de Alexandre Raposo.

A adaptação cinematográfica recebeu oito indicações  ao Oscar com grande elenco (Bradley Cooper, Jennifer Lawrence, Julia Stiles, Robert De Niro e outros atores). Recebendo ainda o prêmio Critics Choices. Se você ainda não leu, corra para uma livraria mais próxima e venha descobrir o seu lado bom da vida! Depois, para um cinema mais próximo.