Resenha: O guardião, por Daniel Polansky
Nome do Livro: O Guardião
Série: Cidade das sombras #1
Nome Original: Low Town
Autor(a): Daniel Polansky
Tradução: Ricardo Gozzi
ISBN: 9788581300344
Páginas: 448
Editora: Geração Editorial
Ano: 2012
Avaliação: 3/5
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Hoje, quando você sair à procura de Yancey, o Rimador, e tiver de abrir caminho em meio às prostitutas, aos valentões e aos viciados loucos por mais um dia de cheirada ou um trago, você irá se deparar com o corpo de uma criança. O cadáver exala um odor que não é dele, um cheiro que recende a magia e a um lugar, se Sakra quiser, para o qual você jamais irá querer voltar. Não fique tempo demais de bobeira perto do corpo; os gélidos vão querer saber o que você fez e o que há na sua bolsa. E quando eles te pegarem, é para a Casa Negra que você irá, onde o Comandante fará uma oferta que você não terá como recusar. Bem-vindo a um mundo como nenhum outro, com uma linguagem estranha e rica e uma violência tão sombria quanto o mais negro dos noites.
Em “O guardião” Daniel Polanski mistura dois gêneros que até então eu nunca havia visto como ponto central de uma obra: novela policial e fantasia. Elementos das novelas pulp onde policiais durões solitários sob efeito de entorpecentes combatem criminosos infames em ruelas escuras se reúne aqui com o gênero de fantasia em um reino fictício com seu próprio panteão, etnias e um sistema de magia.
Na trama, o personagem conhecido apenas como Guardião (ele não revelada o próprio nome) vaga pelas ruas da Cidade Baixa, o bairro pobre do reino de Rigun. Traficando drogas de maneira independente, ele deixou para trás seus dias de soldado a serviço da Coroa e também a carreira de investigador de alto escalão. Agora, conhecido e respeitado no submundo de malandros, prostitutas, imigrantes e valentões, o Guardião terá que desenterrar parte de seu passado para solucinar o assassinato de uma menina. Seguindo pistas tênues, mais por instinto do que evidências, ele terá que desvendar o segredo que ameaça a cidade enquanto fuge tanto de policiais quanto de criminosos – e é difícil diferenciá-los!
Narrado em primeira pessoa pela visão pessimista do próprio Guardião, acompanhamos cada detalhe da atabalhoada investigação, com pequenas reviravoltas e incansáveis cenas de violência. Veterano de batalhas onde poucos voltaram sobreviveram, o Guardião reúne uma costura de soldado, detetive e traficante. O ego inflado de um lutador experiente briga constantemente com a postura servil que adota perante os nobres e a bravata diante dos capangas.
Um dos pontos fracos do livro é a falta de coesão do texto e das descrições. Durante a inovação da mistura dos gêneros, a obra acabou ficando sem uma identidade definida, com oscilações no ritmo e na forma de descrever cenários e personagens.
O projeto gráfico é excelente, a arte digital na capa não parece artificial. A revisão deixou um pouco a desejar, com um grande número de pequenos erros de digitação, letras a mais ou a menos, e um grave erro ao utilizar a palavra “cumprida” como adjetivo ao descrever uma caixa (página 158, o correto seria “comprida”). Além disso, diversas escolhas da tradução formaram frases que soam pouco convencionais ao ler, mesmo que não estejam incorretas, opções mais estéticas são encontradas facilmente.
Constantemente são utilizados palavrões e xingamentos, leitura para maiores de 18 anos.
Recomendado para o público fã dos grandes investigadores e também para aqueles em busca de aventuras em mundos fantásticos, essa série deixará babando quem gosta de solucionar o mistério antes de chegar na última página – eu também não consegui adivinhar todo o enigma! A série tem mais dois livros pela frente e o misterioso passado do Guardião continua com muitas pontas soltas.
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