Resenhas

Resenha: O beijo da serpente, de Margaret George

AS_MEMORIAS_DE_CLEOPATRA_VOL_3_1297009693BNome do Livro: O beijo da serpente
Nome Original: The memoirs of Cleopatra
Série: As memórias de Cleópatra
Autor(a): Margaret George
Tradução: Eliana Sabino
Editora: Geração editorial
ISBN: 9788586028892
Ano: 2011
Páginas: 414
Nota: 3/5
Onde Comprar: Compare Preços

 

O Beijo da Serpente – Em um esforço heroico para manter seu amor e seu império intacto, Marco Antônio e Cleópatra levantam um exército e uma marinha de proporções imensas contra o inimigo romano, Octávio. Depois da crítica batalha de Accio e a derrota humilhante, os dois retornam ao Egito. Lá, vivem seus últimos dias e ganham uma vitória pessoal sobre Octávio, não permitindo a ele a conquista absoluta que tanto ansiou. Nesse terceiro e último volume de As Memórias de Cleópatra, Margaret George completa a saga da rainha e mostra como ela conquistou a fama eterna e seu lugar na história.

 

Finalmente chega ao final a épica narrativa da rainha Cleópatra, depois de mais de 1200 páginas de muito sangue, sexo e intrigas. Esgotadas todas as oportunidades de tomar o poder de Roma através do Senado, Cleópatra abre o tesouro do Egito para Marco Antônio conquistar o mundo.

Como já antecipado no resumo da contracapa desde o primeiro volume, Marco Antônio é derrotado ao tentar tomar a Pártia e também não consegue consolidar seu apoio em Roma. Ele e Cleópatra reúnem no Egito um exército forte o bastante para combater Otávio. Decidem tomar a Grécia e lá estabelecer a defesa, esperando que Otávio ataque. São facilmente derrotados no mar por Agripa, o general mais competente de Otávio, e a defesa de Marco Antônio fica encurralada em uma péssima posição. Com poucas manobras geniais de militarismo, Otávio arruína os meses de preparação de defesa da Grécia. Marco Antônio foge para o Egito enquanto espera a repercussão dessa derrota em Roma, mas Cleópatra é mais realista e pleneja friamento a própria morte e os meios de tentar manter seus filhos no trono, para que o Egito continue independente de Roma.

Neste último volume Marco Antônio é mais humanizado, seus defeitos ficam mais evidentes, suas dúvidas o assolam e prejudicam seu desempenho no campo de batalha. Cleópatra tem que lembrar a si mesma constantemente de que ele não é César. O homem forte e general impetuoso cai e Marco Antônio está cada vez mais desesperado, arruinado, deprimido pelo azar que o destino lhe deu, pressionado pela morte de milhares de seus homens dentro e fora do campo de batalha.

Ao longo dos três volumes há algumas divisões de “pergaminhos”, no total de 10 pergaminhos onde, na imaginação da autora, a própria Cleópatra escreveria suas memórias para eternizar suas conquistas. Esse tipo de registro seria de grande importância histórica, já que a maior parte do que sabemos hoje sobre Cleópatra vem de seus detratores, que a pintavam como uma mulher dissimulada, traiçoeira e ambiciosa. Certamente isso era o que ela mostrava a seus inimigos, mas os importantes eventos históricos que foram colocados em movimento durante sua curta vida provam que ela foi uma mulher fantástica, que prevaleceu em um mundo dominado por homens ambiciosos e egocêntricos. Cleópatra levou o Egito a um período de riqueza sem precedentes e chegou perto de dominar Roma. Em certos pontos a autora praticamente esquece a narrativa e apenas enumera os eventos históricos para justificar as ações da rainha, então este último volume é menos interessante como literatura do que os dois primeiros, mas compensa no simbolismo dos últimos dias de Cleópatra. Um curto relato dos eventos subsequentes a sua morte é incluído por Olímpio, médico e amigo de infância de Cleópatra. Infelizmente a história é mais trágica a partir de então, deixo para o leitor descobrir o destino de Cesarion.

A frieza e o simbolismo em torno do suicídio de Cleópatra mostram um grau de inteligência diferente do comportamento libidinoso e desenfreado que seus inimigos atribuíram a ela. A detratação pública foi uma forte arma de propaganda política para colocar a população romana contra o Egito, que até então tinha grande apoio popular na figura de Marco Antônio e no imenso suprimento de grãos, que impediam que Roma passasse fome. Levando em conta que Cleópatra tinha um filho com Júlio César, o perigo que ela representava aos interesses dos romanos era real, unido ao imenso poder econômico do Egito e o apoio militar de Marco Antônio, a aniquilação total desses riscos foi a opção de Otávio para se estabelecer como herdeiro de Júlio César.

Depois de lidos os três volumes, o saldo é bastante positivo. Uma parte importante da história da antiguidade faz mais sentido quando contada de maneira interessante. A autora inclui com naturalidade a imensa quantidade e complexidade de eventos importantes que compunham o cenário, o que eventualmente reduz o ritmo da leitura, mas é importante para a riqueza da obra.

Jairo Canova

Jairo Canova é Administrador e gosta de livros mais do que imagina.

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