Resenha | Munique – Robert Harris
Munique (Munich)
Tradução: Braulio Tavares
Páginas: 320
Acabamento: Brochura
Lançamento: 06/04/2018
Selo: Alfaguara
Setembro de 1938, Hitler está desesperado para começar a guerra. Chamberlain quer manter a paz a qualquer custo. O desfecho da disputa acontecerá em Munique, em um dos momentos decisivos que antecederam a Segunda Guerra Mundial.
Robert Harris compõe mais um thriller impressionante, cheio de fatos e personagens históricos, que transporta o leitor para um dos momentos mais importantes da história mundial.
O ano é 1938. A Segunda Guerra está há minutos de acontecer. Neville Chamberlain, primeiro-ministro britânico, busca adiar a guerra com o Acordo de Munique, no qual a Checoslováquia cedeu territórios para Alemanha nazista. É assim que se inicia “Munique” com a articulação política inglesa diante da possibilidade de assinatura desse acordo. De um lado, na Inglaterra, temos Hugh Legat e do outro lado, na Alemanha, temos Paul von Hartmann. O primeiro é assessor de Chamberlain e o segundo funcionário de relações exteriores do país, porém pertencente também a um grupo anti-nazismo.
O autor, Robert Harris desenvolve sua história em meio ao ambiente diplomático do período. Ele é detalhista em suas descrições dos ambientes e das posturas de todas as personagens envolvidas na trama. Mesclando uma ficção histórica com suspense, a cada movimento feito pelos protagonistas a ansiedade do leitor é aumentada. Há páginas nas quais o autor passa por linhas descrevendo fisicamente as salas ou as ruas pelas quais os homens transitam, com detalhes ricos de sua decoração ou da maneira como os transeuntes se movimentam. Esse detalhe que enriquece a imersão no ambiente também torna a leitura mais lenta, o que não vem a ser um problema já que é um elemento a mais no desenvolvimento do suspense existente.
Em cada capítulo temos o ponto de vista ora de Legat, ora de Hartmann, convergindo para um mesmo ponto. Conseguimos sentir o quanto suas ideias, corpos e atitudes se aproximam ao ponto de se tornarem quase que uma mesma grande ação. E essa relação é justificada pelo fato dos dois terem se conhecido anos antes, na juventude, em Oxford, antes de cada um optar por seguir seu caminho.
Uma narrativa crescente do inevitável, já que em momento algum o autor aponta para uma mudança do fato histórico. Ele só está ali, disposto a desvendar como deve ter sido esses dias que precederam a oficialização da guerra.
Para os fãs de livros históricos, a obra de Harris é ideal. Os bastidores da contagem regressiva para a Segunda Guerra, em 320 páginas. Um livro pungente.