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Resenha | Mulheres na Luta

MULHERES NA LUTA. 150 Anos em busca de liberdade, igualdade e sororidade.

Marta Breen e Jenny Jordahl

Editora SEGUINTE. O selo jovem da Companhia das Letras.

Título original: KVINNER I KAMP. 150 ÅRS KAMP FOR FRIHET, LIKHET OG SØSTERSKAP

Tradução do norueguês: Kristin Lie Garrubo

Capa: Jenny Jordahl

Páginas: 128

Formato: 20.00 X 27.60 cm

Peso: 0.524 kg

Acabamento: Capa dura

Lançamento: 21/02/2019

ISBN: 9788555340802

Por razões não tão obvias, é difícil chamar atenção dos jovens sobre eventos cruciais da história. A escravidão, “escravidão” de países, a história dos povos…  O estudo da história é monopolizado por assuntos repetitivos. Quem disse que a história das mulheres não está diretamente conectada com os principais fatos da humanidade?

Assim, a presença de Mulheres em Luta é muita bem vinda. A linguagem graphic novel permite uma liberdade inspiradora, onde a ironia e o humor trazem a informalidade perfeita para que assuntos pesados pelos quais muitas mulheres passaram sejam assimilados de forma mais inspiradora e crítica.

Obviamente somos caretas demais para aceitar linguagens menos formais dos tradicionais métodos escolares. Acertando ou não, intuo que toda tentativa é válida e os quadrinhos nada mais representam que uma contextualização ótima.

Obviamente tratar 150 anos de história não pode ser feita de maneira tão acadêmica como muitos críticos querem. Mas certamente usar da ironia para tratar, por exemplo, a discriminação de gênero e o quanto antiga é, pode ser uma forma certeira de registrar na memória do leitor e em um futuro próximo quando a realidade se apresentar no cotidiano, essa assimilação vai ser forte. É o poder do contexto.

Sem contar no poder do exemplo. Constatar que pensadoras iluministas se faziam presentes e pouco se fala delas causa uma inquietação. Desde quando e até quando os homens continuarão decidindo o que deve ser estudado nas escolas? Por que esse medo com a força das mulheres?

A leitura também nos faz perceber que existe um fluxo incontrolável que permite o avanço das lutas das mulheres. Mesmo com as grandes guerras, existem batalhas vencidas, embora que pouco se avance em alguns outros territórios.

Como pensar que o direito de votar foi algo tão difícil?  Como explicar de maneira precisa a um jovem, que existiu um tempo em que a mulher não tinha controle do próprio corpo fisico e quem o tinha era outro, um homem?

Aliás é perceptível que somente as mulheres efetivamente poderiam se importar com seus problemas, quando algumas ‘desvirtuosas’ ensinam coisas a outras que hoje nada mais é que educação sexual. E isso desperta uma outra certeza. As primeiras pessoas a responder por seus problemas são justamente aquelas diretamente afetadas por eles e não terceiros que nem sabem do que estão lidando. Por isso, deixem ao negro tratar dos assuntos deles, deixem aos LGBTQ+ discutirem e afirmarem direitos que só eles passam na pele.

E deixem as mulheres dominarem o mundo. Mas dominarem de fato e não apenas no ideal. Certamente haveria mais amor no mundo.

 

Vitor Damasceno

Estudante de cinema atualmente vivendo em Buenos Aires.

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