Resenha: Mate Minha Mãe, de Jules Feiffer
Nome do Livro: Mate Minha Mãe
Nome Original: Kill My Mother
Autor: Jules Feiffer
Tradução: Érico Assis
Editora: Quadrinhos na Cia.
ISBN: 9788535925500
Páginas: 160
Ano: 2015
Nota: 5/5
Onde Comprar: Amazon
Em sua primeira graphic novel, o lendário ilustrador e escritor Jules Feiffer injeta energia e vitalidade no gênero Somando-se a uma carreira lendária que inclui um prêmio Pulitzer, um Oscar, um Obie Award e outras homenagens da National Cartoonist Society e do Writers Guild of America, Jules Feiffer apresenta agora sua primeira graphic novel. Mate minha mãe é uma vibrante celebração do cinema noir e dos quadrinhos que embalaram sua juventude. Bebendo de Spirit — HQ em que Will Eisner trabalhou nos anos 1940 —, nas obras de Hammett, Chandler, Cain, John Huston e Billy Wilder, e ainda repleto do humor rápido de Feiffer, o livro conta a história de cinco mulheres formidáveis ligadas fatalmente por um detetive decadente e beberrão. Nesta sua primeira graphic novel, Feiffer injeta energia e vitalidade no gênero.
Com uma história incrível, Mate Minha Mãe é digna de Jules Feiffer, ganhador de diversos prêmios – entre eles um Pulitzer – e merecedor dos elogios que essa edição da graphic novel traz na contracapa, entre eles de Stan Lee e Art Spiegelman (também premiado com um Pulitzer por Maus, já publicado pela Quadrinhos na Cia).
Essa é uma daquelas histórias que crescem conforme você vai virando as páginas. O que parece ser só uma birra adolescente de uma garota que quer que a mãe morra pois se sente menosprezada, uma mãe que precisa deixar a filha de lado para que possa ganhar o sustento da casa e investigar a morte do marido, torna-se um assassinato e uma história de amor, mas não da maneira esperada e convencional. Mesmo que no primeiro momento a narrativa dê a impressão de ser comum e parecida com um filme de detetive, essa ideia logo desaparece conforme as personagens se apresentam imprevisíveis em suas ações.
A história de “Mate Minha Mãe” é dividida em duas partes, sendo que a primeira se passa em 1933 e a segunda em 1943. Se assim como eu você leitor não teve nenhum contato anterior com as ilustrações de Feiffer, o choque inicial se dá pelo traço irregular do autor, mais parecendo um esboço do que a arte finalizada do quadrinho. O tom sombrio tanto da narrativa quanto das cores utilizadas para colorir os cenários e os tons pastéis ao estilo década de 1930 contribuem para que toda a graphic novel tenha esse ar de filme noir. Apesar de não ter um desenho limpo, vários quadros estão construídos de maneira belíssima, com carros antigos e cenas de cantoras em palcos. O traço é rabiscado mas totalmente compreensível, sendo que não passei nenhuma página sem saber exatamente o que estava desenhado e qual era a expressão dos personagens.
O destaque da narrativa são as mulheres e os diferentes papéis que estão representando nesse cenário, porém temos personagens homens muito bem elaborados e complexos mesmo que não tenham tantas falas no texto. A história de “Mate Minha Mãe” é tão intrincada e ao mesmo tempo foi bem amarrada pelo autor que é surpreendente que em apenas 160 páginas ela termine de maneira satisfatória. Admiro os autores capazes de passar a mensagem que desejam com poucas palavras, Feiffer faz isso também com as ilustrações.
A edição é grande, muito confortável para a leitura. Não encontrei nenhum erro de português ou frases confusas na tradução. As músicas utilizadas no texto ficaram no original mas é possível conferir a versão em português nas páginas finais da graphic novel. O papel utilizado não tem brilho (paperfect 120g), é grosso e de ótima qualidade – particularmente meu favorito para quadrinhos, porém após a leitura a lombada ficou marcada devido a edição ser grande e com a capa comum e não em capa dura.
Recomendo a leitura para todos os apreciadores de quadrinhos, filmes noir e de uma história bem amarrada com início, meio e fim – e que gostem de passar longe das convenções.