Resenha: Mago Mestre, por Raymond E. Feist
Por Jairo Canova
Título: Mago Mestre
Série: A Saga do Mago, Livro 2
Título original: The Magician
Tradutor: Cristina Correia
Autor: Raymond E. Feist
Páginas: 418
Ano de publicação: 2014
Editora: Saída de Emergência
Avaliação: 4/5
Onde comprar: Submarino ou Compare
A saga épica de Midkemia continua… Passaram-se três anos desde o terrível cerco a Crydee. Os três rapazes que eram os melhores amigos do mundo encontram-se agora a quilômetros de distância. Pug, um escravo dos Tsurani, está prestes a se tornar um dos maiores magos que já existiram. Tomas, um grande guerreiro entre os elfos, arrisca-se a perder sua humanidade para a armadura encantada que veste. Arutha, príncipe de Crydee, luta desesperadamente contra invasores e traidores para salvar seu reino. Mago Mestre é recheado de aventura, emoção e ameaças tão antigas quanto o próprio tempo. Com o segundo volume de A Saga do Mago, Raymond E. Feist volta a provar que é um dos maiores nomes da literatura fantástica na atualidade.
A resenha do primeiro livro da série, Mago Aprendiz, você vê aqui.
Abrindo as primeiras páginas já vemos o mapa de Kelewan e temos certeza – não estamos mais em Midkemia. Em Mago Mestre a grande saga do Escudeiro Pug quase chega ao final. Com algumas pontas soltas e muito potencial para continuações em várias frentes este volume também termina com grandes expectativas.
Pug, capturado e escravizado pelos tsurani tem poucas esperanças de voltar a sua terra natal. Após trabalhar por quatro anos nos pântanos de Kelewan com outros escravos, Pug finalmente é levado para a casa principal da família Shinzawai. Junto com Laurie, um bardo de Midkemia, recebem a inusitada tarefa de ensinar aos herdeiros da casa o idioma e costumes de sua terra natal. Em trecho disponível no final de Mago Aprendiz já sabíamos que Pug seria levado por um dos Grandes (título concedido a todos Magos) para um destino desconhecido. Após anos de treinamento intensivo Pug recebe um novo nome, Milamber, e é recebido como um poderoso Mago.
Outra frente da história acompanha Tomas, que perde sua humanidade enquanto usa o poder sobrenatural da armadura de Ashen-Shugar, último membro de uma antiga raça que subjugava os elfos no passado. Com a força de sua presença ele se aproxima da Rainha Aglaranna, é vital na sangrenta luta contra os tsurani enquanto a magia o atormenta com visões do passado. Enquanto este novo poder avança os eforços de guerra, os elfos mais velhos pressentem o perigo do retorno de Ashen-Shugar.
Enquanto isso, o Príncipe Arutha tem que arriscar a vida para chegar a Krondor e solicitar reforços em Crydee, depois que avistam tropas tsurani que se reúnem sob novos estandartes. Em uma alucinante aventura de navio pelos lugares mais perigosos de Midkemia, Arutha tem que enfrentar conspiradores e espiões só para continuar vivo.
Neste livro há muito mais jogadas políticas e manobras militares do que sangue. Algumas descrições de sentimentos e evoluções pessoais enriquecem mais a obra do que a simples narrativa que víamos até então. A desenvoltura em avançar a narrativa em diversos pontos diferentes, enfocando personagens tão distintos e dezenas de outros secundários sem atormentar o leitor é uma façanha digna de um épico.
“… nunca aceite a afirmação de que, só porque uma solução resolve um problema, essa é a única solução.” Pág. 102
As inquietantes transformações de Pug e Tomas são descritas de forma etérea, aproximando o leitor das dúvidas e dificuldades enfrentadas por cada um. Logo mergulhamos na narrativa e percebemos que pessoas comuns podem facilmente derrubar Reinos e Impérios.
“Tomas foi o primeiro a alcançar a margem e matou o guarda tsurani que o atacou na beira do rio. Em segundos estava entre eles, semeando o caos. Sangue tsurani explodia de sua espada dourada e os gritos dos feridos e moribundos tomaram conta da noite úmida.” Pág. 76
Alguns problemas montados cuidadosamente desde o primeiro livro tiveram desfechos rápidos demais, insatisfatórios, como se o autor estivesse correndo contra o número de páginas (lembrando que essa é a versão revisada e ampliada). Algumas das passagens mais perturbadoras foram encerradas sem serem muito exploradas, enquanto eventos menores são longamente descritos sem necessidade. Também há confusão entre realidade e magia (algo excusável em outros casos) sem que fique completamente claro o que ocorreu, apesar do imenso impacto na história.
O próximo volume da saga, Mago – Espinho de Prata, já tem capa e um trecho está disponível no final do livro. Dessa vez tive o bom senso de não ler esse trecho, para não ficar na expectativa como ocorreu no final de Mago Aprendiz. O original em inglês de Silverthorn tem 432 páginas em pocket, então é provável que seja lançado em um único volume. O último volume, chamado A Darkness at Sethanon, com 572 páginas, encerra a saga.
Novamente a revisão e tradução estão ótimas, nomes bem adaptados e nenhum erro de digitação, quem comprar os primeiros exemplares ainda ganha um mouse-pad personalizado (ainda há alguns exemplares a venda). Eu gostaria de um mapa colorido de Kelewan, talvez dentro de alguns anos se a Saída de Emergência lançar a trilogia do Império – onde os personagens principais são tsuranis.
Leitura obrigatória para os fãs de aventuras de fantasia, esse livro repleto de magia não decepciona, tem diversas inovações e recursos literários que não foram usados no primeiro volume. Agora é esperar a data de lançamento do terceiro!