Resenha: João e Maria – Neil Gaiman
Nome do livro: João e Maria
Nome Original: Hansel and Gretel
Autor(a): Neil Gaiman
Editora: Intrínseca
ISBN: 9788580577761
Ano: 2015
Nota: 4/5
O prestigiado escritor Neil Gaiman e o brilhante ilustrador Lorenzo Mattotti se encontram para recontar o clássico João e Maria. Familiar como um sonho e perturbador como um pesadelo, o conto narra a saga de dois irmãos que, em tempos de crise e falta de esperança, são abandonados pelos próprios pais e precisam enfrentar com coragem os perigos de uma floresta sombria. Em um texto poético, Gaiman revive a tradição dos contos de fada, dando profundidade à aventura dos irmãos, mas sem abandonar a autenticidade e o talento único de mesclar realismo e fantasia que o transformaram em um dos maiores autores de sua geração. Mattotti, por sua vez, dá um ar inteiramente novo ao clássico. Seus traços criam um jogo de luz e sombra, permitindo que o leitor desvende aos poucos a imagem, assim como os segredos da história de João e Maria.
Há quem diga que “João e Maria” é uma história que não precisava ser recontada. Ou que Neil Gaiman deveria ter extrapolado a premissa inicial e carregado mais nas tintas do onírico e do sombrio. Entendo que fãs do autor possam chegar ao fim do livro com suas expectativas não plenamente satisfeitas, mas talvez isso se dê porque elas não foram ajustadas no início. O que faz os contos de fadas resistirem ao tempo é, em essência, a pertinência dos seus símbolos e arquétipos – ou seja, de representações armazenadas no inconsciente coletivo, reconhecidas e validadas por pessoas de diversas culturas, religiões e crenças. Por exemplo: a fada pode ser entendida como uma manifestação positiva do arquétipo da mãe, enquanto a bruxa constitui o lado negativo. Gaiman respeita essas prerrogativas da estrutura do conto porque são elas que internalizam nas crianças conceitos como fome, abandono e transição para a vida adulta, entre outros. E todos eles permanecem atuais.
O enredo dispensa apresentações e spoilers, por isso focarei na ambientação criada pelo autor e pelo ilustrador italiano Lorenzo Mattotti. Neil Gaiman reconta a história das duas crianças sem floreios e não dispensa o final feliz, apesar de deixar bem claro que o mundo lá fora – a floresta – é implacável e hostil. A escrita é um pouco mais áspera e crua do que lembramos dos livros coloridos da nossa infância, e a arte de Mattotti, inteiramente em preto e branco, transmite ora medo, ora urgência, ora solidão; mesmo na última página, a imagem do reencontro não passa a sensação de alívio. Para não dizer que a edição é totalmente monocromática, as capitulares (e a palavra “Fim”) estão em vermelho, bem como um detalhe na contracapa. Aliás, é um pouco estranho que o acabamento da capa e da contracapa seja diferente, mas isso não tira o brilho da edição da Intrínseca. O livro cai bem em qualquer biblioteca. Além disso, há um bônus: duas páginas a respeito das transformações dos contos de fadas ao longo dos tempos.
“João e Maria” é para ser lido em poucos minutos e apreciado por todas as idades. Defendo que a tradição oral dos contos e das fábulas seja mantida na medida do possível. Na minha opinião, a simbologia presente neles colabora de maneira decisiva para a formação da nossa visão de mundo – e, convenhamos, nem tudo precisa ser reinventado para permanecer atrativo. Não apenas recomendo, como também encorajo autores do calibre de Neil Gaiman a seguirem apresentando essas histórias para as novas gerações. Philip Pulllman fez isso recentemente, com “Contos de Grimm para todas as idades”. Que mais livros assim surjam nas prateleiras.
Oi Ronan, tudo bem?
Por acaso você estuda psicologia? Sua resenha ficou bem psicanalítica pro meu gosto hahaha
Eu adoro recontos de contos de fadas, principalmente aqueles bem sombrios. Li uma resenha esses tempos sobre este livro e a pessoa disse que se decepcionou com a estória e que esperava bem mais.
Quero ler e tirar minhas próprias conclusões.
Beijos
Não sabia que essa história havia sido reescrita, vou procurr pra ler, ainda mais por ser um pouco sombria como entendi na resenha, e super concordo em incentivarem a leitura dos contos de fada, e adoro os Contos dos Grimm, tem até uma série contando esses contos de forma um pouco diferente que gostei bastante. Ps: não é once upon a time,é uma outra só não estou lembrando o nome dela por agora rs
É aquela leitura rápida para se ter uma outra visão de uma historia tão conhecida. Esta capa preta linda demais.Amo demais releituras, esta é uma que com certeza vou querer conferir!
Bom dia Roman eu recebi um e-mail da intrínseca com lançamentos de livros e esse aí tava lá,me chamou muito a tenção por dois motivos,primeiro eu sou apaixonada por livros pretos kkkkk é eu sei que é maluquice mas amo mesmo assim,e a segunda é que é um livro de Neil e vem com ilustrações, já ouvi muita coisa boa desse autor,minha próxima leitura vai ser um livro dele Deuses Americanos kkkk se a inscrita for tão boa quanto dizem já vai me ajudar a ter mais vontade de ler João e Maria,eu amei o livro e já adicionei a minha lista,muito obrigada por mais um indicação! Abraços
Eu tenho esse livro e adoro ele! Eu amo contos de fadas, e amo o os livros do Neil Gaiman, então era impossível eu não gostar desse livro. Eu também li ele em alguns minutos, e amei essa edição, está perfeita!!
E eu gostei também daquelas duas últimas páginas que fala das transformações dos contos. Eu gostei do livro todo 🙂
Beijos!
Oi Ronan,
Não li nada do Gaiman, ainda. Mas adoraria, sempre falam bem dele. João e Maria é um clássico, deve ser muito bom, pois não gosto quando mudam muito da história. Gostei da capa e vi algumas ilustrações e está bem caprichada.
Um beijo
Oi Ronan, tudo bem?
Esse livro está na minha lista a algum tempo, acho incrível quando autores recontam alguma história, com edições lindas e tudo mais. Gostei desse preto no livro, e acho que a história fica ainda mais interessante assim.
Adorei a sua resenha, beijos!
Eu sou doida por esse livro. Eu confesso que nunca li nada do autor, mas sou doida pra ler algo dele. Eu nem gosto muito da história do João e Maria, mas essa edição está tão linda, que quero muito ler esse livro!!
Bjss ^^
Não li nenhum trabalho desse autor mas já li várias críticas sobre o seu trabalho.
Eu meio que gostei da capa desse livro e como vc apresentou na resenha o autor fez algumas mudanças da estória tradicional que conhecemos, mas manteve a essência. Fiquei curiosa para ler as mudanças que ele fez.
Não sabia sobre o livro do Philippi Pullman e acho importante os autores relançarem os clássicos mesmo que sejam de uma maneira um pouco diferente para a nova geração