Resenha: Garota em Pedaços – Kathleen Glasgow

Nome do livro: Garota em Pedaços
Nome Original: Girl in Pieces
Autor(a): Kathleen Glasgow
Editora: Outro Planeta
ISBN: 9788542209334
Ano: 2017
Nota: 4/5

Além de enfrentar anos de bullying na escola, Charlotte Davis perde o pai e a melhor amiga, precisando então lidar com essa dor e com as consequências do Transtorno do Controle do Impulso – um distúrbio que leva as pessoas a se automutilarem. “Viver não é fácil”. Quando o plano de saúde de sua mãe suspende seu tratamento numa clínica psiquiátrica – para onde foi após se cortar até quase ficar sem vida -, Charlotte Davis troca a gelada Minneapolis pela ensolarada Tucson, no Arizona (EUA), na tentativa de superar seus medos e decepções. Apesar do esforço em acertar, nessa nova fase da vida ela acaba se envolvendo com uma série de tipos não muito inspiradores.

Cansada de se alimentar do sofrimento, a jovem se imbui de uma enorme força de vontade e decide viver e não mais sobreviver. Para fugir do círculo vicioso da dor, Charlotte usa seu talento para o desenho e foca em algo produtivo, embarcando de cabeça no mundo das artes. Esse é o caminho que ela traça em busca da cura para as feridas deixadas por suas perdas e os cortes profundos e reais que imprimiu em seu corpo.

Charlotte Davis, conhecida como Charlie, é uma jovem de 17 anos, que apesar de muito nova, já passou por coisas bem pesadas na vida. No início do livro demoramos um pouco para descobrir mais sobre ela, por várias páginas acompanhamos fragmentos de sua história. O que ela fez, onde ela está, como ela foi parar ali. Apenas pedaços… Charlie teve uma vida difícil, já perdeu o pai e sua melhor amiga, sofre de bullying na escola e seu relacionamento com a mãe não é das melhores, na verdade era tão ruim que Charlie preferiu ir para as ruas “viver”. Mas sem um lar, as coisas não são fáceis para um garota e depois de várias situações extremas, Charlie vai parar em uma clínica.

A clínica é um centro de tratamento psiquiátrico para jovens que praticam a automutilação decorrente do Transtorno do Controle do Impulso, parece irônico, mas ela acha que se machucar a protege para que o mundo não a faça sofrer. Charlie tem uma certa dificuldade para se adaptar no começo, mas conforme passa os dias ela enxerga é melhor ter comida e um teto sobre a cabeça do que as ruas. Mas esse tratamento não é para vida toda e vamos acompanhar a sua ressocialização.

Kathleen Glasgow conseguiu desenvolver uma história com um enredo difícil. Expor distúrbios assim sempre nos levar ao extremo e era difícil ver uma moça tão nova sofrer tanto. Gostei muito de Charlie, apesar dos problemas pesados que enfrentou, se mostrou uma jovem forte e que no final cresceu muito, afinal ela entendeu que a luta é pessoal e diária.

Confesso que acompanhar a jornada da protagonista não foi fácil, a escrita da autora é muito fluida, mas por ser um sick-lit, eu acabo me envolvendo emocionalmente e tinha que dar uma pausa para poder dar aquela respirada antes de continuar. O livro é forte e intenso, acho que por isso gostei tanto, é aquela leitura que te faz pensar e também mexe com a gente, a descrição de como Charlotte se cortava era muito real!

A edição da Planeta está perfeita, diagramação maravilhosa e a capa tem uma arte que chama a atenção para a premissa do livro.