Resenha: Feitiço, por Sarah Pinborough

Nome do livro: Feitiço
Nome Original: Charm
Tradução: Edmundo Barreiros
Série: Saga Encantadas #02
Autor(a): Sarah Pinborough
ISBN: 9788567028057
Páginas: 256
Editora: Única
Ano: 2013
Avaliação: 3,5/5
Onde Comprar: Compare Preços

Cuidado com o que você deseja! Para fãs de Once Upon a Time e Grimm, a série Encantadas prova que contos de fadas são para adultos! Você se lembra da história da Cinderela, com sua linda fada madrinha, suas irmãs feias e um príncipe encantado? Então esqueça essa história, pois nesta releitura de Sarah Pinborough ninguém é o que parece. Em um reino próximo, a realeza anuncia um baile que encontrará uma noiva para o príncipe e parece que o desejo de Cinderela irá ganhar aliados peculiares para ser realizado. Contudo, não será fácil: ela não é a aposta de sua família para esse casamento real, e sua fada madrinha precisa de um favorzinho em troca de transformar essa pobre coitada em uma diva real. Enquanto isso, parece que Lilith não está muito contente com os últimos acontecimentos e, ao mesmo tempo em que seu reino parece sucumbir ao frio, ela resolve usar sua magia para satisfazer suas vontades. Feitiço é o segundo volume da trilogia iniciada com Veneno, um best-seller inglês clássico e moderno ao mesmo tempo em que recria as personagens mais famosas dos irmãos Grimm com personalidade forte, uma queda por aventuras e, eventualmente, uma sina por encrencas. Princesas, rainhas, reis, caçadores e criaturas da floresta: não acredite na inocência de nenhum deles! Palavra da editora: Nada é o que parece no segundo volume da saga encantadas! Em Feitiço, Cinderela, com seu desejo desmensurado de fazer parte da realeza, fará qualquer coisa para obter atenção do príncipe. Mas seria mesmo este um final feliz? – Mariana Rolier

 

“Toda a beleza é mágica. Você vai aprender isso”

Feitiço, por usar um conto de fadas menos desgastado do que o da Branca de Neve como tema principal, gera uma narrativa envolvente com uma pitada de mistério.

Já aviso que se alguém não leu o primeiro livro da trilogia, não precisa se preocupar, pois a resenha não traz spoilers sobre ele, já que as histórias são separadas, mesmo que haja alguma conexão entre elas.

Gosto da maneira como são utilizados outros contos de fadas na narrativa, encaixando-os e deixando assim as coisas mais interessantes e menos previsíveis. Neste livro temos a participação de Robin Wood, que fica evidente após ele dizer a frase “roubo dos ricos para dar aos pobres”, mesmo que ele não diga seu nome verdadeiro. João e Maria também fazem uma pequena participação quando são mencionados para ilustrar um problema do reino onde se passa a história: o desaparecimento de crianças.

A história é focada em Cinderela, que vive em estado de pobreza com a madrasta, as irmãs e o pai. Sim, o pai de Cinderela está vivo e esse é um ponto positivo do livro, já que não deixa todas as escolhas erradas sendo culpa da madrasta. Existe a quebra da ideia de que a madrasta é má pois roubou o coração do pai viúvo de sua santa esposa. Pelo contrário, sabemos que a madrasta e o pai de Cinderela se amam.

Cinderela tem inicialmente as mesmas características que o seu conto de fadas mostra. Porém, conforme lemos, percebemos que parte da opressão que ela sente vem da sua própria imaginação ao invés de vir de ações de sua família. Ela mesma é cheia de preconceitos, como quando pensa que a sua irmã não conseguiria conquistar o príncipe pois ele não se interessaria por uma garota gorducha.

Recentemente com o filme Frozen, da Disney, foi aberta uma pequena discussão sobre a maneira que as princesas encontram seus príncipes e logo se casam, sem nem conhecê-los. Na frase “Você não pode se casar com alguém que acaba de conhecer” está contido o final de muitas das historias que ouvimos. Em Feitiço, Cinderela também se dá conta disso.

“(…)Você não desconfiou nem por um momento de que um homem tem de ser muito tolo e egocêntrico para reconhecer a mulher que diz amar apenas porque o pé dela se encaixa num sapato?”

O livro contém várias lições valiosas para quem acredita ou deseja que contos de fadas sejam reais. Ele mostra que todos podem ter beleza, mas que isso, sozinho, não serve para nada. Mostra que o que vem fácil vai fácil e que nem tudo o que parece é. Descobre que o amor precisa ser muito mais que um rostinho bonito e que ele raramente é sem complicações ou mágico.

O ponto negativo do livro é a previsibilidade das ações dos personagens e os acontecimentos da narrativa. Mantenho o que disse na resenha do primeiro livro: quem já leu Fábulas ou assistiu a Once Upon a Time vai achar muito fácil prever esses acontecimentos. O que deveria ser surpreendente acaba sendo enfadonho, já que as dicas deixadas durante a texto são muito claras.

Feitiço tem uma capa linda e a editora Única caprichou tanto quando em Veneno. As folhas são amareladas, com um espaçamento maravilhoso. Não percebi nenhum erro de revisão/digitação. Na orelha do livro ainda vem um marcador de páginas com a capa de Poder, último livro da trilogia, para destacar e no final do livro tem o primeiro capítulo. A narrativa é bem dinâmica, as coisas acontecem rápido e o livro não se torna chato em nenhum momento. Existe ainda algumas cenas eróticas, porém menos do que no primeiro livro e com menos detalhes.

O final do livro, novamente, esconde uma surpresa. Mesmo com as pequenas dicas não foi possível prever o que aconteceria e, assim como em Veneno, o livro termina com um gostinho de quero mais devido a esta surpresa. Assim, recomendo o livro mesmo a quem já conhece este estilo de recontar os contos de fadas, mas principalmente para quem não teve muito contato, pois acharão a leitura muito interessante.