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Resenha: Estado Islâmico, de Hassan Hassan e Michael Weiss

ESTADO_ISLAMICO_1435517275512739SK1435517275BNome do Livro: Estado Islâmico – Desvendando o exército do terror
Nome Original: ISIS: Inside the army of terror
Autores: Hassan Hassan e Michael Weiss
Tradução: Jorge Ritter
Editora: Seoman
ISBN: 978-85-5503-013-0
Ano: 2015
Páginas: 272
Nota: 4/5
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Estado Islâmico – Com força brutal e horríveis decapitações de reféns, o Estado Islâmico do Iraque e da Síria (ISIS) chocou o mundo. O jornalista americano Michael Weiss e o analista sírio Hassan Hassan explicam como esses extremistas violentos evoluíram de um quase derrotado grupo insurgente iraquiano para um exército jihadista de voluntários internacionais que estão espalhando violência e caos em todo o Oriente Médio. Com base em entrevistas exclusivas com ex-oficiais militares norte-americanos e atuais combatentes do grupo radical, Weiss e Hassan explicam quem são os protagonistas do ISIS, de onde vêm, como têm atraído tanto apoio local e global, e como eles operam. Uma nova geração do terror despontou no mundo e, para entender como pará-la, precisamos compreender quem ela é.

Ganhando notoriedade no Oriente Médio e no mundo ao exibir execuções cinematográficas pela internet, o Estado Islâmico (EI) está conquistando territórios de maneira assombrosa e espalhando sua própria versão do islamismo extremista. Sua última grande vitória foi a cidade de Mosul, que segundo informações não confiáveis foi tomada de assalto por aproximadamente 1000 soldados do EI, que por sua posição estratégica continha milhões de dólares em equipamento bélico (armas, munições, veículos, explosivos), ampliando consideravelmente a influência do grupo na região.

O livro começa com uma explanação dos eventos posteriores ao final da segunda guerra do Golfo, o 11 de setembro e a invasão americana ao Iraque, montando o cenário do surgimento do EI que tem no topo de sua cadeia de comando os oficiais remanescentes do antigo exército de Saddan Hussein. O grupo começou como um braço armado da al-Qaeda no Iraque, depois de assimilar suas táticas de guerrilha, recrutamento e treinamento se tornou independente a partir de 2013 e desde então domina os noticiários  por sua selvageria e visão extremista. Vale lembrar que o EI assumiu a autoria do ataque à turistas em uma praia da Tunísia, que mais uma vez deixou a Europa em estado de alerta.

Os autores engajados no livro são colunistas de revistas especializadas em política externa e já publicaram textos em jornais consagrados, como o The Guardian e o The New York Times. Eles estão em posição privilegiada para responder a pergunta sobre a qual o livro foi construído: “De onde veio o Estado Islâmico e como ele conseguiu fazer tanto estrago em tão pouco tempo?” A resposta obviamente não é simples, é tão difícil quanto explicar as tensões no Oriente Médio desde o início do século XX, mas é respondida de maneira satisfatória e em apenas 220 páginas. Há ainda 47 páginas de notas e referências bibliográficas que incluem tweets, vídeos no youtube, entradas no site do governo americano e reportagens. Além disso, muito do material apresentado no livro foi obtido por entrevistas com agentes americanos, ex-membros do EI e também com membros ainda ativos! A princípio o livro parece a versão estendida de uma reportagem, o que é compreensível dadas as credenciais dos autores, mas exatamente por isso todos os argumentos são expostos de maneira clara e concisa, citando diversas fontes e sem grandes elaborações linguísticas.

Diversos pontos de vista são abordados para montar o complexo quebra-cabeça do cenário de guerra do Iraque e da Síria. As hipocrisias e manipulações de informação são apontadas constantemente, assim como alguns poucos elogios sobre a organização da sociedade civil nas áreas completamente tomadas pelo EI, ressaltando o alto preço que as comunidades que foram obrigadas a aceitar a liderança do EI estão pagando: a implementação da Sharia, uma versão das leis islâmicas que proíbe até que os homens se barbeiem, torna as execuções em praça pública um evento cotidiano.

O livro foi publicado antes de uma grande coluna no jornal The New York Times de agosto de 2015 mostrar como o EI criou um mercado de escravas sexuais (aqui fonte alternativa de um jornal brasileiro que repercutiu a coluna). Segundo o jornal, o EI está usando o estupro como uma arma de guerra para submeter populações e uma ferramenta para recrutar de homens de comunidades conservadoras, onde o sexo casual não é bem visto. As informações desta coluna certamente darão excelente material para uma futura edição revisada.

O livro não é de leitura fácil, o texto não é exatamente travado, mas é denso e repleto de interligações socioculturais que devem ser compreendidas antes de se ler a próxima frase para que o conjunto faça sentido. Além da grande quantidade de nomes, organizações, cidades, regiões e facções religiosas, as complexas interelações e animosidades históricas entre esses grupos torna impossível contar apenas a origem do EI sem divagar por centenas de outros acontecimentos que tem assolado a região do Irã, Síria e Iraque.

A edição lançada pela editora Seoman segue o alto padrão da editora: o livro tem um tamanho muito confortável, fonte grande, capa adequada ao tema (sóbria, sombria, assustadora) e não encontrei erros de digitação, parabéns ao grupo de revisão.

A leitura é altamente recomendada para quem está se preparando para concursos públicos, por se tratar de um assunto tão atual que ainda está se desenvolvendo ter uma opinião concreta formada sobre o assunto definitivamente é uma vantagem.

Jairo Canova

Jairo Canova é Administrador e gosta de livros mais do que imagina.

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