Resenha: Colin Fischer, por Ashley Edward Miller e Zack Stentz
Resolvendo o crime. Uma expressão facial por vez. O ano letivo de Colin Fischer acabou de começar. Ele tem cartões de memorização com expressões faciais legendadas, um desconcertante conhecimento sobre genética e cinema clássico e um caderno surrado e cheio de orelhas, que usa para registrar suas experiências com a MUITO INTERESSANTE população local. Quando um revólver dispara na cantina, interrompendo a festinha de aniversário de uma das garotas, Colin é o único que pode investigar o caso. Está em suas mãos provar que não foi Wayne Connelly, justamente aquele que mais o atormenta, que trouxe a arma para a escola. Afinal de contas, a arma estava suja de glacê, e Wayne não estava com os dedos sujos de glacê…
Colin Fischer é um adolescente bem peculiar, uma criança prodígio com um QI difícil de ser medido, muito bom e matemática e português ele foi diagnosticado com Asperger o que faz dele um garoto ainda mais peculiar, intolerante ao toque das pessoas, não gosta de azul, só come coisas crocantes e precisa de cartões de memorização para reconhecer a expressão facial das pessoas, além de tudo isso ele também é um excelente investigador e é ótimo em fazer justiça, mesmo que seja para aqueles que mais o maltrata como, o Wayne Connelly.
Tudo começou quando numa festa de aniversário de uma das colegas do Colin, uma arma foi disparada dentro da cantina da escola, tudo levava a crer que o aluno responsável pelo disparo da arma que por muito pouco não feriu ninguém havia sido Wayne, o garoto que mais pratica bullying contra o Colin, só que o nosso protagonista tem um palpite e uma prova que pode inocentar o garoto e ele vai em busca disso, enfrentado a tudo e a todos para provar que dessa vez, Connelly não estava envolvido na confusão!
“Então era uma palavra oca, do tipo que as pessoas inseriam em uma pausa da conversa enquanto ganhavam tempo para pensar em algo mais relevante ou pertinente à situação imediata. Colin raramente usava palavras ocas.” (p. 24)
A história toda é muito interessante apesar de levar um pouco de tempo até mostrar realmente pra que veio. Contar a história de um menino autista de alto funcionamento, tendo em vista que asperger não compromete tanto a fala, então ele é um garoto extremamente comunicativo, inteligentíssimo, com abordagens e argumentos incríveis, prova disso é o empenho dele em provar que uma pessoa que só lhe fez mal, não é a culpada da vez, ele tem um senso de justiça incrível! O contraponto da discriminação que ele sofre na escola e até mesmo dentro de casa do irmão que acha que ele engana todo mundo, a forma como ele se relaciona com os pais e mesmo com os amigos,mostra claramente que a vida social de uma criança portadora de asperger pode ser sim como a de uma criança “normal”, tanto nos altos quanto nos baixos momentos, isso foi muito bem abordados pelos autores, também em algum momento do livro é debatida minimamente a questão da educação especial, mas esse também não o objetivo do livro. O final do livro é surpreendente e até a metade dele eu confesso que não sabia muito bem onde tudo ia dar, mas quando a investigação do Colin avança, tudo fica mais interessante! Não é uma leitura que flui comigo no sentido de ser um livro pequeno e eu ter terminado rápido, não, demorei alguns dias para concluir as 176 páginas.
Como sempre a Novo Conceito da um show de diagramação, a capa é linda tem tudo a ver com a história, nos momentos em que o Colin precisa saber qual é a feição da pessoa que está falando com ele a letra muda e fica toda maiúscula, como CAUTELOSA ou HOSTIS, então sempre que ele identifica as feições do rosto de alguém as letras mudam, gostei disso também! O início dos capítulos têm um texto do próprio Colin, textos muito interessantes e inteligentes, sobre assuntos diversos, mas que estarão de algum forma, relacionados com aquele capítulo. Colin Fischer é uma leitura descontraída, leve, lenta e que vai nos mostrar até onde pode ir a imaginação e a persistência daqueles que acreditam em alguma coisa. Leitura indicada!