Resenha: Cartas de Amor aos Mortos, por Ava Dellaira

Nome do livro: Cartas de Amor aos Mortos
Nome Original: Love Letters to the Dead
Autor(a): Ava Dellaira
Tradução: Alyne Azuma
Editora: Seguinte
ISBN: 9788565765411
Ano: 2014
Páginas: 344
Nota: 5/5
Onde Comprar: Compare Preços

Tudo começa com uma tarefa para a escola: escrever uma carta para alguém que já morreu. Logo o caderno de Laurel está repleto de mensagens para Kurt Cobain, Janis Joplin, Amy Winehouse, Heath Ledger, Judy Garland, Elizabeth Bishop… apesar de ela jamais entregá-las à professora. Nessas cartas, ela analisa a história de cada uma dessas personalidades e tenta desvendar os mistérios que envolvem suas mortes. Ao mesmo tempo, conta sobre sua própria vida, como as amizades no novo colégio e seu primeiro amor: um garoto misterioso chamado Sky. Mas Laurel não pode escapar de seu passado. Só quando ela escrever a verdade sobre o que se passou com ela e com a irmã é que poderá aceitar o que aconteceu e perdoar May e a si mesma. E só quando enxergar a irmã como realmente era — encantadora e incrível, mas imperfeita como qualquer um — é que poderá seguir em frente e descobrir seu próprio caminho.

O que sentir quando você espera muito um livro ser lançado? E quando ele é bastante elogiado no exterior? E ainda quando você retira algo durante a leitura? Isso tudo pode ser respondido lendo Cartas de amor aos Mortos, estreia da autora Ava Dellaira. Não imaginava que o livro iria misturar muita melancolia e crescimento narrado por uma menina de 14 anos.

Laurel é uma garota de 14 anos, iniciando seu Ensino Médio em um novo colégio, longe de pessoas conhecidas, o motivo: a morte de sua irmã May. Para piorar a situação sente-se culpada, sua mãe em luto e por não aguentar o fardo afasta de todos, abandona a própria filha e vai viver em um local distante, na Califórnia. A garota agora fica uma semana com seu pai e outra semana com sua tia Amy.

No novo colégio, a professora de inglês repassa uma atividade para que todos escrevam uma carta endereçada para alguém que morreu. Laurel escreve para Kurt Cobain, vocalista do Nirvana, que suicidou em 1994, pessoa para qual sua irmã era fã. Porém, nossa protagonista ao concluir sua tarefa não entrega a atividade para sua professora, continuando escrever outras cartas endereçadas para outros artistas falecidos, como: Amy Winehouse, Janis Joplin entre outros, interligando com momentos de seu estado de vida com o que levou à morte daquela pessoa.

A garota se inspira em sua irmã, May. Ela sempre foi mais extrovertida, animada, uma grande referência e amiga para Laurel. Seja pelas suas vestimentas, o jeito de tratar as pessoas e a culpa que ela carrega como responsável da morte da irmã é detalhado e torna até ser cansativo. O sentimento de culpa é tão grande, que ela sofre ao lado de sua família, sente saudades de sua mãe e a culpa pela ausência. Ela ainda faz amizades no seu novo colégio e recebe conselhos. Outro ponto marcante é que a garota tenta se reencontrar, deixando a culpa de lado para que possa viver ao lado de Sky, outro aluno do colégio escondendo momentos importantes e sofre cuidando de sua mãe (os motivos você leitor vai entender ao ler!). O garoto pelo qual ela se apaixonou acaba perdendo-o porquê não consegue desapegar das consequências de seu passado e ainda se perdoar.

Ava Dellaira criou um livro chamativo, apelando para o lado melancólico, em outras palavras o livro foi feito para encher os olhos de qualquer leitor em lágrimas. Durante a leitura juntou personagens que possuem uma deficiência da adolescência, como: fumar cigarros, experimentar drogas, exagero nas bebidas. Por outro lado, senti que a autora forçou pelo excesso de conflito na obra, ela contextualizou artistas famosos com as consequências que Laurel estava levando no momento, perdendo na essência quando os próprios personagens resolviam parte dos conflitos, falo isso como alguém que está no mesmo barco, sabendo que é errado, ainda faz? Por outro lado, conheço diversas pessoas que dão conselhos, mas não largam o vício. Ficou meio ambíguo, achei estranho.

Se você curte passagens, trechos de aprendizagem pode preparar o caderno porque vai encontrar muito lendo. Mesmo o jeito inocente de Laurel, guiada pelos olhos de outras pessoas, você leitor pode se surpreender. O romance dela com Sky são muito bem fundamentados e o que levou a garota ser assim vai aparecendo aos poucos junto ao crescimento e maturidade após sofrer um susto. Muitas vezes precisamos cair para levantar mais fortes.

A edição da editora Seguinte se manteve com a versão lançada no exterior. A diagramação é em forma de cartas, narrada em primeira pessoa, ficando a meu ver muito fiel.

Cartas de amor aos mortos é um livro que vai transformar ,fazer pensar, e refletir após a leitura da última página.