Resenhas

Resenha: Caninos Brancos, por Jack London

impr6Nome do livro: Caninos Brancos.
Nome Original: White Fang
Autor(a): Jack London
Tradução: Sonia Moreira
ISBN: 9788563560858
Editora: Penguin Companhia
Páginas: 294
Ano: 2014
Nota: 5/5
Onde Comprar: Compare Preços

Parte lobo, parte cão, Caninos Brancos é vendido por seu dono índio ao perverso Beleza Smith. Sofrendo mil tormentos, o animal aprende que para sobreviver é preciso adaptar-se sempre e sempre. Nesta aventura clássica, Jack London mais uma vez traça um empolgante paralelo entre bicho e homem, natureza e civilização.

O mito que carrega um clássico é desconstruído quando este clássico foi escrito por Jack London! Confesso que tinha um pouco de receito, ou respeito pelo Jack London, sabe aquele “medinho” de quem nunca leu o autor, geralmente acontece com os clássicos, pois é, acontecia comigo em relação a Jack London, então me veio a oportunidade de ler Caninos Brancos e ele simplesmente se tornou o meu autor favorito!

Caninos Brancos conta a história de um lobo que é meio lobo e meio cão, mas antes de conhecermos a história dele, somos apresentados a seus antepassados, então a história tem início com um grupo de viajantes, ali no período da corrida do ouro, em que seguem pelo inóspito território gelado do norte, com seus trenós puxados por seus cachorros domésticos, e vão, à medida que avançam, vendo seus animais serem abatidos por lobos. Cada dia que amanhece é contabilizada a perda de um animal. Há um corte na história e então partimos para a vida da mãe de Caninos Brancos, como ela vivia, como fazia para se alimentar, como engravidou e depois procurou um lugar para parir e a partir daí começamos a conhecer Caninos Brancos, desde quando ainda podia apenas sentir o mundo à sua volta até quando abriu os olhos e avistou a parede de luz da caverna pela primeira vez! Todos os instintos que o diziam o quanto era perigoso se aproximar da luz e os mesmos instintos que o diziam que esse era o caminho a seguir. Toda a sua trajetória até encontrar o seu primeiro dono e como se deu o seu crescimento até que reconhecesse por fim, aquele que seria o seu maior amigo!

“O lobinho não formulou a lei em termos claros e precisos nem teceu considerações morais a respeito dela. Na verdade, nem mesmo pensou sobre a lei; simplesmente vivia de acordo com ela. Vivia a lei sem nem sequer pensar nela.” (p. 104)

Eu esperava sinceramente, encontrar um amontoado de expressões rebuscadas, e pensamentos longe do alcance de um simples mortal que lê por diversão, esperava de verdade uma leitura cansativa e até enfadonha, e posso lhes dizer, que eu me surpreendi desde a primeira frase! Jack London é um mestre na arte de contar histórias e até um determinado ponto do livro, eu estava lendo como se o lesse para uma criança, tão simples eram as construções feitas pelo autor. Mas não pensem que quero dizer com isso, que a história de Caninos Brancos seja simplista, de forma nenhuma! Jack London expressa de forma naturalista tudo o que pode acontecer ao animal selvagem quando parte para uma domesticação, toda a história é narrada do ponto de vista de Caninos Brancos, porém em terceira pessoa, e é nesse ponto que autor é mais genial, ele antropomorfiza o animal, e lhe confere sentimentos que são genuinamente humanos, porém, o narrador, volta e meia nos lembra de que, sendo Caninos Brancos um animal, não há como saber de tal sentimento, ou de tal consciência, e isso é brilhante! A metáfora que ele cria entre o comportamento do animal e o humano é sutil e ao mesmo tempo gritante e isso fica bem claro no final do livro, é simplesmente genial!

O livro é completo de ralações que vão sendo feitas pelo leitor e o autor traz claramente, algumas vezes de forma repetitiva como o ambiente molda o indivíduo, como o medo pode ser desenvolvido de acordo com as necessidades como fome, a maturidade, então conforme o livro vai avançando, e Caninos Brancos vai tendo contato com diferentes donos, de diferentes naturezas, ele também vai se moldando de acordo com o que recebe de cada dono. Caninos Brancos é, sem sombra de dúvidas, o melhor livro que eu li este ano, entrou para o meu TOP 5 da vida, e Jack London o meu autor favorito, não dá pra passar ileso por este livro e por favor, não passem a vida sem ler Caninos Brancos!

“O barro de Caninos Brancos fora moldado de modo que ele fosse como era: soturno, solitário, frio, feroz, o inimigo de todos os seus semelhantes”.(p.182)

Renata Avila

Renata Ávila, formada em direito, é apaixonada por livros de diversos temas, sem nunca esquecer dos romances que são os mais desejados. Adora um bom filme e uma boa musica. Gosta de conversar sobre livros, mas surta se falarem mal de Twilight, por ser sua primeira paixão literária e a série que a transformou em uma leitora voraz.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.