Resenhas

Resenha: Bom de briga, por Paul Pope

BomDeBrigaNome do livro: Bom de briga
Título original: Battling Boy
Autor: Paul Pope
Tradutor: Daniel Pellizzari
ISBN: 9788535924077
Editora: Quadrinhos na Cia.
Páginas: 208
Ano: 2014
Nota: 3/5
Onde Comprar: Na editoraSaraiva

Os monstros tomaram a cidade de Arcopolis, sequestrando as crianças para seu submundo nefasto e instaurando um reinado de terror. Apenas um homem pode salvar Arcopolis: o vigilante Haggard West, um misto de cientista e super-herói que patrulha as ruas da cidade. 
Infelizmente, Haggard West está morto. 
Após a morte de seu herói, Arcopolis acorda em pânico. A cidade está desesperada, mas os deuses reagem à altura, enviando o garoto Bom de Briga para salvar o dia e derrotar os monstros. O semideus, que tem apenas doze anos e está tão surpreso quanto a população de Arcopolis, precisará se aliar à filha de Haggard West enquanto descobre seus próprios poderes e se prepara para a batalha final.
É hora de conhecer um novo e eletrizante herói. 

Nessa aventura que está apenas no primeiro volume, os desenhos de Paul Pope (100%, Batman: ano 100) chegam a um público mais jovem em grande estilo. A obra foi indicada ao prêmio Will Eisner 2014, categoria Publicações para adolescentes (13 a 17 anos). Felizmente “Bom de briga” é apenas a primeira parte de dois livros e ainda um prelúdio em duas partes, até agora nominado “The rise of Aurora West”. Segundo o autor até 2016 todos os 4 livros devem ser publicados (Fonte).

Na trama, o super-herói-cientista Haggard West é a última esperança da cidade de Arcopolis na luta contra o exército de monstros que surgiram subitamente para transformar a paisagem pacífica em um campo de batalhas. Em uma armadilha do bando do monstro Sadisto, Haggard West é atingido e morto em pleno voo, aos olhos de sua filha Aurora. Em outro plano do universo, um Deus (não nomeado, mas com gritantes semelhanças com o Thor dos quadrinhos) que acabou de voltar de missão envia seu filho para um planeta que precisa de heróis – a Terra. O rito é uma tradição no aniversário de 13 anos, onde os heróis são mandados para diferentes planetas (para a Terra vários já foram). Os outros deuses e semideuses já passaram por isso quando estavam com a mesma idade, e lembram com carinho da época. Ele dá de presente ao filho apenas um pano – uma capa de viagem – e uma mala com 16 itens que ele vai precisar: um cartão de crédito, chaves, uma enciclopédia incompleta dos monstros, um mapa… e doze camisetas estampadas. O garoto, identificado na obra toda apenas com Bom de briga, chega na cidade de Arcopolis bem quando ela enfrenta um poderoso monstro que come de tudo. Infelizmente, Bom de briga tem mais bravata do que força.Battling-Boy-2-600x602

O traço característico de Paul Pope (semelhante ao que já vimos em “Batman: ano 100”, mas muito mais leve para se adequar ao público jovem) se mostra eficiente para a obra, contando com vários quadros sem falas que desenvolvem bem a trama. Os diálogos são um pouco artificiais, mesmo o pai sacana de Bom de briga parece recorrer constantemente a frases prontas antes de atirar o filho no caminho para a vida adulta. O humor sutil também é uma constante, não entra em conflito com o tom geral da obra.

“Bom de briga” é um Ode à adolescência, onde uma criança é obrigada a crescer rapidamente em um ambiente hostil. Equilibrando mentiras e o que não sabe sobre a vida, Bom de briga é um adolescente normal que oscila entre a vontade de ser reconhecido (pelos feitos do pai), o que ele é e o que quer ser. No fim, a busca entre esse equilíbrio deverá ser sua bússola moral.

Fruto do trabalho do artista durante 5 anos – ele diz na entrevista que começou os rascunhos em 2008, mas como “Battling Boy” não era uma obra encomendada, com prazo definido, outros projetos acabaram ganhando prioridade – no geral a obra parece ser uma ideia bem amadurecida e reduzida ao máximo – tanto que alguns painéis parecem ser apressados demais, deixando os conflitos e os vilões um pouco superficiais.

A revisão da Companhia das Letras está excelente, sem erros de digitação nem de diagramação. O papel couché usado é de alta qualidade, com textura plastificada e não reflete a luz (o que é muito desagradável e já vi acontecer mesmo em publicações de luxo).

Altamente recomendado como primeira leitura para adolescentes que querem quadrinhos com temas mais amplos, “Bom de briga” ocupa um nicho importante para os jovens que buscam histórias de heróis que não usam cueca por cima da calça.

Jairo Canova

Jairo Canova é Administrador e gosta de livros mais do que imagina.

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