Resenha: As Oito Montanhas, Paolo Cognetti
Nome do livro: As Oito Montanhas
Autor(a): Paolo Cognetti
Tradução: Adriana Aikawa
Editora: Intrínseca
Ano: 2018
ISBN: 9788551002292
Páginas: 256
Nota: 3/5
Pietro é um garoto da cidade, solitário e pouco sociável. Ele vê sua vida transformada pelo montanhismo e por uma duradoura amizade, que nasce quando sua família descobre o vilarejo de Grana, aos pés do Monte Rosa. Pietro se encanta pela natureza do lugar e conhece outro garoto da sua idade, Bruno, com quem dá início a temporadas de explorações e aventuras em meio a trilhas íngremes, o moinho e casas abandonadas. Nesse tempo Pietro aprende que a montanha também guarda ensinamentos, um modo muito próprio e único de encarar a vida. Esse aprendizado é o maior legado de seu pai, que, muitos anos depois, deixa uma herança que reaproximará Bruno e Pietro.
As oito montanhas é um livro memorável, que explora relações complexas e fortes. De modo tocante, aborda a tentativa de aprender e de buscar nosso lugar no mundo com uma narrativa literária, intensa e lírica, que atravessa três décadas de uma amizade inigualável e nos inebria com o ar puro, a luz e as cores das estações alpinas.
As Oito Montanhas é inicialmente um livro bastante tentador pela sinopse e pela narrativa. Acompanhar a narração de um personagem envolta de todo enredo envolvendo sua família é algo que me fez chamar atenção, fora a amizade, ponto central de todo o livro e relações familiares que se encontra em nosso mundo contemporâneo em grande déficit.
No enredo, conhecemos Pietro, um jovem, que durante seus verões, vai para a cidade de Grana ao lado de seus pais. Com algum tempo, ele acaba conhecendo amigo, e juntos acabam conhecendo a região, aventurando ainda pelas montanhas. Ambos acompanham ainda o pai de Pietro em trilhas pelos Alpes. O grande problema do enredo é a quantidade de descrição que aqui encontramos para chegar ao destino que queremos, achei que os diálogos não me satisfaziam. Mas aos poucos fui me abrindo para os lugares, sua descrição para entender realmente onde o autor queria levar.
Não conseguimos fugir de toda história, porque ela é narrada pelo período de trinta anos, como a vida se cruza. O amadurecimento de Pietro como protagonista e narrador é verossímil e não tem como fugir da própria temática. Outro ponto evidenciado por mim procurava respostas é a falta de conhecimento dos personagens necessário para caminhar no enredo. Não conseguia encontrar! Muitas vezes conversei sozinho se aqui havia um problema. As versões que acompanhamos é dos momentos que estão no verão nas montanhas.
Cognetti descreve demais os momentos, isso perdia em cativar a nós leitores. Para quem não gosta de descrição em excesso, não irá gostar dessa narrativa. Porém, acredito, devemos mudar nossas opções aos poucos e entender que o local, é necessário para entender o motivo da passagem de tempo dos personagens e o que realmente o autor quer frisar. Muitos leitores podem não entender. O que pode deixar o livro parado até em suas vendas no Brasil.
O ponto central do autor era descrever o local, os detalhes como alvo dos relacionamentos dos personagens. Não tem como falar de amizade, sem primeiro abrir o espaço e mostrar os conflitos ali. Existe sim uma forma de concretizar uma amizade sem ver a pessoa sempre. Calma aí! Em um mundo moderno, contemporâneo que vivemos, existe redes sociais, entre outros meios para manter uma relação de amizade. A história de vida é sim importante para conhecer e desenvolver um personagem, mas nem sempre o foco estará preso nele.
Enfim, a editora Intrínseca trouxe um livro que precisará de paciência e de olhos bem abertos para entender o que o autor que passar. Não é uma leitura difícil, pelo contrário, é muito jovem e boa de ser lida. Fora a arte que logo impacta o leitor. Mesmo o livro sendo premiado fora, se esforçarmos poderá fazer diferença em nosso país.
Eu também me sinto cansada lendo livros com muitas descrições do tempo e espaço mas me repreendo porque sei que é de extrema importância para o enredo e creio que em as oito montanhas isso não é diferente. Pelo próprio nome eu pude perceber que o lugar onde a história é narrada é o personagem principal desse livro, é o palco dessa amizade que ja dura 30 anos e a partir dai o autor nos insere no mundo de personagens tão diferentes. A amizade entre um menino da cidade e um montanhês nato que depois é fortalecida pelo próprio pai de Pietro quando deixou essa missão a eles me deixa curiosa para saber mais sobre esses dois e as aventuras que moldaram essa convivência. Creio que é um livro cheio de ensinamentos e vai pra minha lista.
Não vou te dizer que serei eu a primeira a dar a oportunidade que esse livro merece, pois estarei mentindo. Não gosto de ver excessos (salvo algumas exceções) na vida e muito menos em leituras; seja em personagens, enredos, descrições… A paciência não me vem a cabeça na hora da leitura justamente por nesse momento, querer uma distração que me envolva realmente. E sinceramente, não sei se As oito montanhas me proporcionaria isso. Uma pena.