Resenha: A verdadeira história do Queen, de Mark Blake
Nome do Livro: A verdadeira história do Queen
Nome Original: Is this the real life? The untold story of Queen
Autor: Mark Blake
Editora: Seoman
ISBN: 9788555030222
Páginas: 448
Ano: 2015
Nota: 3/5
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Nesta obra você vai conhecer os bastidores e os segredos de uma das maiores bandas de todos os tempos e descobrir como seus integrantes se tornaram os campeões do mundo da música. Apesar da morte de Freddie Mercury, em 1991, o Queen ainda é uma das bandas de rock mais populares do planeta. Contudo, a história completa de seu extraordinário sucesso jamais havia sido contada até agora. Após o aniversário de 45 anos do Queen, o jornalista Mark Blake recuperou antigas entrevistas que fizera com a banda e realizou quase cem novas entrevistas com produtores e ex-integrantes da mesma, além de assistentes particulares e ex-colegas de escola, para produzir um relato abrangente da ascensão da banda, dos subúrbios londrinos para a fama e o reconhecimento mundial.
É só dar play e começar a ler a resenha.
O Queen é inegavelmente uma das grandes bandas de rock de todos os tempos. Precursores do rock de arena, lotaram estádios por todo o mundo com grandes espetáculos apresentados para milhares de pessoas, inclusive no Brasil.
O livro abre recontando como foi a apresentação do Queen durante o Live Aid, em 1985, um evento global para arrecadar fundos para combater a fome na África, assistido ao vivo por mais de 400 milhões de pessoas pela tv. Aos poucos a personalidade dos integrantes da banda vai ganhando contorno e montando a complexa estrutura que o Queen construiu durante seus mais de 20 anos de carreira.
O foco principal da narrativa, evidentemente, é Freddie Mercury, vocalista e frontman da banda, retratado inclusive na capa do livro em sua majestosa pose erguendo uma coroa e vestido casualmente com um manto real. Os capítulos seguintes tratam da vida do cantor desde o nascimento em 1946 na ilha de Zanzibar (que foi anexada pela Tanzânia em 1964), a infância e a criação em uma escola particular na Índia. Enquanto freqüentava escolas técnicas na Inglaterra e começou no mundo da música se juntando a diversas bandas, os demais integrantes do Queen entram em cena paralelamente de forma semelhante: todos jovens apaixonados por música, inspirados pela recente turnê de Jimmy Hendrix e pelo festival Woodstock, participam de bandas pouco expressivas até finalmente se reunirem e começarem a trabalhar juntos sob o nome Queen. A partir de então a história das dificuldades é comum com a biografia de outras bandas: os shows para poucas pessoas, a recusa das gravadoras, as anedotas dos shows, as dificuldades com dinheiro.
Um dos episódios mais simbólicos deste período ocorre quando o Queen finalmente consegue gravar uma fita demo de qualidade profissional para apresentar as gravadoras. Entretanto, nenhum dos integrantes da banda tem um equipamento de som adequado, eles têm que recorrer a amigos de amigos toda vez que queriam escutar a gravação.
O primeiro grande sucesso comercial veio com Bohemian Rhapsody que ainda é considerado por alguns como a melhor canção do Queen. Seu longo vídeo clipe marcou a época e a sobreposição de vozes e palavras sem sentido fazem desta uma composição única.
Mesmo frequentemente enfrentando a crítica negativa da imprensa especializada, principalmente com o advento do punk a partir de 1978, o Queen manteve a diversidade de sua música durante toda a carreira, variando entre o rock, pop, heavy metal, jazz, funk e dance, conferindo uma sonoridade única com a voz de Freddie Mercury, a guitarra virtuosa de Brian May e a bateria de Roger Taylor. Muitos dos mal entendidos entre a imprensa e o Queen se deram pela impossibilidade de diferenciar a persona Freddie Mercury que era interpretada nos palcos e diante das câmeras do homem nascido Farrokh Bulsara, descrito por quem o conhecia como tímido, doce e amigável.
Fiquei com uma certa “vergonha alheia” ao ler o relato da primeira turnê do Queen pela América do Sul em 1981, que incluiu apresentações na Argentina e duas em São Paulo (o show no Maracanã foi cancelado). Os episódios relatados de violência, suborno, corrupção e o medo dos músicos com sua segurança tornam o episódio quase irreal e muito deprimente. As autoridades constantemente criavam empecilhos por razões políticas e burocracias inexistentes eram veementemente impostas até que subornos fossem pagos para facilitar os trâmites. Fiquei impressionado que a banda sequer tenha aceitado retornar para o Rock In Rio em 1985, provavelmente foi em função dos milhões de dólares que o Queen arrecadou durante a turnê de 1981.
O autor Mark Blake consegue se manter relativamente imparcial ao basear todo o livro em extensas entrevistas com os integrantes da banda e pessoas ligadas a eles feitas ao longo de mais de dez anos. O texto é bastante impessoal e não se alonga em boatos e polêmicas, preferindo se ater a resultados e ao que foi dito nas entrevistas. Mesmo assim, uma frase freqüente é “Dependendo de quem conta a história…”, isso por que um mesmo episódio é contado de maneira diferente por cada entrevistado e até a mesma pessoa conta o mesmo fato de maneira diferente anos depois, talvez um dos efeitos do extensivo uso de drogas e álcool durante os anos mais descontrolados das turnês.
Outro ponto positivo do livro é a rápida análise que o autor faz de cada faixa de todos os álbuns do Queen, assim que a cronologia chega a eles. O livro é contado em ordem cronológica, com pequenos lapsos para contar o futuro de pessoas que não irão mais aparecer na obra, portanto essas análises são esparsas e bem-vindas para mudar o ritmo da leitura, além de um excelente guia para criar seu próprio “The best of Queen”.
A edição do livro é de bom tamanho, confortável de segurar, com fonte grande e papel de boa qualidade. Por ter mais de 400 páginas pode ser cansativo em alguns trechos. Encontrei diversos erros de digitação ao longo da leitura, além de algumas expressões que poderiam ter sido traduzidas com mais estética, mas nada que comprometa o conteúdo. O erro mais grave é o título da música que aparece na contracapa como “I want to be free”.
Para nós que éramos muito jovens quando Mercury morreu de AIDS em 1991, o impacto do Queen só é visto pela sua influência ao longo das décadas. Esta biografia ajuda a separar o fato da ficção e lançar nova luz sobre a banda que ajudou a compor o cenário contemporâneo da música.