Resenha: A menina que roubava livros, por Markus Zusak
Nome do livro: A menina que roubava livros
Nome Original: The Book Thief
Autor(a): Markus Zusak
Tradução: Vera Ribeiro
Editora: Intrínseca
Ano: 2007 – 1ª edição/ 2013 – 3ª edição
ISBN: 9788580574517
Páginas: 480
Avaliação: 5/5
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A trajetória de Liesel Meminger é contada por uma narradora mórbida, surpreendentemente simpática. Ao perceber que a pequena ladra de livros lhe escapa, a Morte afeiçoa-se à menina e rastreia suas pegadas de 1939 a 1943. Traços de uma sobrevivente: a mãe comunista, perseguida pelo nazismo, envia Liesel e o irmão para o subúrbio pobre de uma cidade alemã, onde um casal se dispõe a adotá-los por dinheiro. O garoto morre no trajeto e é enterrado por um coveiro que deixa cair um livro na neve. É o primeiro de uma série que a menina vai surrupiar ao longo dos anos. O único vínculo com a família é esta obra, que ela ainda não sabe ler.Assombrada por pesadelos, ela compensa o medo e a solidão das noites com a conivência do pai adotivo, um pintor de parede bonachão que lhe dá lições de leitura. Alfabetizada sob vistas grossas da madrasta, Liesel canaliza urgências para a literatura. Em tempos de livros incendiados, ela os furta, ou os lê na biblioteca do prefeito da cidade.
A vida ao redor é a pseudo-realidade criada em torno do culto a Hitler na Segunda Guerra. Ela assiste à eufórica celebração do aniversário do Führer pela vizinhança.
Depois de muito evitar em encarar a obra prima de Markus Zusak, finalmente não resisti. A menina que roubava livros despertou algo dentro que desconhecia, como: muito amor pelos livros e uma grande valorização pelas pessoas que me cercam. A obra foi publicada em 2007 e veio ganhar mais destaque agora em 2014 com sua adaptação para o cinema.
O livro é muito simples e singelo, narrado em primeira pessoa por nada mais, nada menos do que a Morte. O enredo gira em torno de uma menina pobre, dentro da Alemanha nazista – antes e entre a segunda grande guerra mundial (1939 e 1943). De início, você leitor pode achar meio estranho e muitas vezes demonstrar falta de interesse, mas o que não sabe é o tamanho interesse que vai crescendo e brotando ao longo da narrativa reforçada pelas reflexões e diálogos consistentes. Ainda na narrativa, Zusak demonstra uma Morte poética e impossibilita qualquer possibilidade de outro autor tentar puxar sua ideia para outro livro.
O livro inicia com a apresentação da Morte levantando conceitos de uma sociedade e alguns motivos de seu trabalho diário. Ainda, como criou um olhar em cima da menina que safou por três vezes de seu destino final (a morte) e acaba sendo conhecida como: A roubadora de livros. O livro é contato em diversos pontos – um paralelo com fatos presentes e outros no passado vivenciado pelos personagens.
Liesel Meminger é uma menina pobre de quase 10 anos de idade indo para seu novo lar adotivo. No trajeto, ela acaba perdendo seu irmão, quando a Morte observa a garota e sua mãe, segurando e preparando para levar a alma de seu irmão. Em meio de uma cidade qualquer, rejeitada em continuar sua viagem de trem, mãe e filha precisam enterrar a criança, aqui a garota acaba encontrando um livro “ O Manual do Coveiro” no chão do cemitério.
A garota não sabe ler e é entregue para sua nova família adotiva: Hans Hubermann e Rosa Hubermann na rua Himel. Seu novo pai adotivo é uma ótima pessoa, recebe muito bem a garota em seu novo lar. Sua nova mãe adotiva inicialmente parece odiar a garota, o que ao longo vai demonstrando o contrário, ela a ama e sente o maior carinho pela garota.
O mais surpreendente é quando Hans começa a ensinar Liesel no porão de sua casa. A garota estuda no colégio nazista e é perceptível o crescimento mínimo em sua formação, diferente dos ensinamentos de seu pai nas madrugadas. Liesel acaba conhecendo Rudy Steiner, tornando seu único amigo e “pequeno amor”, principalmente seu ajudante nos roubos dos livros ou seus tesouros- como os chamam.
Passando por uma época de guerras e um alto controle nazista por Hitler ou Führer. Rosa lava roupas para conseguir o sustento de toda família. Aos poucos muitos de seus clientes vão cancelando com ela e Liesel é obrigada por sua mãe entregar todas as roupas limpas e passadas aos clientes. Quando acaba conhecendo a biblioteca do prefeito, a garota acaba ficando maravilhada pela alta quantidade de livros. Aqui, novos roubos acabam acontecendo.
Markus Zusak apresenta a Morte de uma forma muito natural, como se ela tivesse conversando com alguém ou até mesmo sentada narrando os fatos. Os momentos de Liesel se tornam chocantes, apreensivos, tristes, felizes. O amadurecimento é acrescido pelo lado trágico do momento. O livro ainda trás questionamentos da época como: a proibição de muitos livros e a prisão de vários comunistas e judeus. Quando fiquei me questionando como tudo isso é visto por uma menina de dez anos. Impossível não ver a bagunça em sua cabeça! O terceiro Reich também é posto dentro da obra e todas as reverências do nazismo, obrigados a glorificar o grande Hitler em seu aniversário enquanto jovens integram a Juventude Hitlerista.
O autor consegue diminuir um pouco toda tensão sem deixar o resultado final nítido aos olhos do leitor. Emocionando e deixando um momento de reflexão, ainda destacando o valor da “vida”, ou melhor, de não vivermos nossas vidas como merecemos. Outro personagem que merece ser destacado é Max Vandenburg, um judeu que vai ganhando uma outra dimensão contribuindo muito e mudando Liesel. No meio da guerra e pela alta força do nazismo, a família acaba escondendo o garoto em solidariedade de seus pais.
Fiquei chocado na passagem quando os moradores se escondem no porão para evitar o bombardeio e acabam carregando algo que sempre chamam atenção. Até chegar o momento crucial da narrativa. Daqui para frente as coisas não melhoram e o sentimentalismo precisa falar mais alto pela perplexidade da violência humana apresentada. O que mesmo elogiando e indicando, tenho que ser verdadeiro para aquelas pessoas que não possuem o sentimentalismo solicitado por Zusak. Ele deve ser posto em prova neste momento.
A editora Intrínseca arrebentou em sua diagramação, suas folhas amarelas contribui para uma ótima absorção do conteúdo. A minha versão mesmo sendo recente (2013), o livro foi lançado em 2007 e possui tiragens especiais com a capa do filme lançado no final de janeiro deste ano. A tradução ficou singela e de fácil entendimento. A história ficou muito bem contada, muito bem escrita e muito bem aprofundada para todos os olhos críticos.
A Menina que Roubava Livros é uma história impossível de não ser lida. Leiam!!!
Oi, Philip.
Eu amo esse livro. Ele é um dos meus preferidos!!
E amei a sua resenha! Parabéns!!!!!
Beijos
Camis