Resenha: A Filha do Sangue, de Anne Bishop

Nome do livro: A Filha do Sangue
Série: Trilogia das Joias Negras – Vol. 1
Autora: Anne Bishop
Editora: Saída de Emergência
Ano: 2014
Nota: 3/5
Páginas: 430
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O Reino Distorcido se prepara para o cumprimento de uma antiga profecia: a chegada de uma nova Rainha, a Feiticeira que tem mais poder que o próprio Senhor do Inferno. Mas ela ainda é jovem, e por isso pode ser influencidade e corrompida. Quem a controlar terá domínio sobre o mundo. Três homens poderosos, inimigos viscerais – sabem disso. Saetan, Lucivar e Daemon logo percebem o poder que se esconde por trás dos olhos azuis daquela menina inocente. Assim começa um jogo cruel, de política e intriga, magia e traição, no qual as armas são o ódio e o amor. E cujo preço pode ser terrível e inimaginável.

 

Mais um incrível lançamento da editora Saída de Emergência, temos agora a tradução de mais uma obra da literatura fantástica, até pouco tempo ostensivamente ignorada pela maioria das editoras. Desta vez são as mulheres as privilegiadas com essa série que em muitas coisas lembra a “Irmandada da Adaga Negra“, de J.R. Ward.

Na trama, o Inferno é apenas mais um entre diversos Reinos. Em uma intrincada rede de castas, a Rainha Hekatah usou sua influência para perverter toda uma cultura, transformando os violentos e orgulhosos Senhores da Guerra (machos que usam a magia das Joias) em meros brinquedos sexuais, submetidos a anéis de comando. A única pessoa capaz de subjugar a Rainha Hekatah é a Feiticeira, que tem poderes imprevisíveis. A chegada de uma Feiticeira foi profetizada, mas 700 anos depois ainda não se concretizara. Em meio as tramas convencionais de uma corte poderosa e entediada, Daemon Sadi (sobrenome comum a todos os usuários das Joias que não tem um pai reconhecido), bastardo que usa uma Joia Negra (a mais poderosa), e outros personagens caricaturatos tem encontros humorísticos e surreais com uma menina muito especial, com poderes que nenhum deles compreende – e todos a temem de alguma forma.

“A raiva quente era a ira da emoção, superficial até na própria fúria – a raiva entre amigos, amantes, família, a raiva de todos os dias, A raiva fria era a raiva das Joias – profunda, intocável, a raiva fria que tinha início na essência da pessoa.”

No Reino das Sombras o Senhor Supremo do Inferno, Saetan SaDiablo (sobrenome da alta classe) passou os últimos milênios escondido em seu escritório onde era temido e respeitado. Ele vê sua paz arruinada por Jaenelle, uma inocente menina que pede para ser sua pupila. Ela tem um imenso poder, mas nenhum controle. Saetan aos poucos sai de sua reclusão conforme percebe o que Jaenelle poderá vir a ser.

Antes da Saída de Emergência traduzir o livro já ouvi falar da trilogia, que é referência nos livros de fantasia escritos por mulheres. Me decepcionou um pouco o andamento – a narrativa começa confusa, torna-se tediosa e finalmente fica interessante. O mérito é nos deixar ansiosos pela continuação.

Recomendo a leitura de tudo o que há antes do texto principal – a hierarquia das Joias, das castas e um rápido perfil dos personagens principais ajudam a situar o leitor na narrativa, já que principalmente nas primeiras páginas pouca coisa é explicada sobre a estrutura da sociedade e dos Reinos.

Infelizmente esse foi o livro da Saída de Emergência em que mais encontrei erros de digitação, todos pequenos – uma letra repetida, faltando ou colocada aleatoriamente. Nas páginas 237-8 há 3 erros envolvendo a palavra banheiro, são elas “Entrou na banheiro[…]”, “Ouviu água correndo na banheiro[…]” e “[…] precipitou-se de novo para a banheiro”. Todos os trechos são frases da narração, então ri um pouco imaginando que o narrador foi subitamente substituído por um europeu que não domina os artigos femininos. Fora isso, a capa vazada (com uma linda montagem na orelha, que fecha a imagem) chama a atenção em qualquer livraria. As páginas amareladas e a fonte confortável fecham o pacote para uma leitura agradável.

Recomendo principalmente para o público feminino, apesar da imensa crueldade e sangue que escoam pelas páginas. Repleto de personagens para amar e odiar – às vezes os dois – esse lançamento é imperdível para quem quer um enfoque diferente dos mundos da fantasia.