Resenha “A Coisa”
It – A Coisa
Autor: Stephen King
Título original: IT
Páginas: 1104
Lançamento: 24/07/2014
Selo: Suma de Letras
Durante as férias de 1958, em uma pacata cidadezinha do Maine, Bill, Richie, Stan, Mike, Eddie, Ben e Beverly aprenderam o real sentido da amizade, do amor, da confiança… e do medo. O mais profundo e tenebroso medo.
Naquele verão, eles enfrentaram pela primeira vez a Coisa, um ser sobrenatural e maligno que deixou terríveis marcas de sangue em Derry. Quase trinta anos depois, os amigos voltam a se encontrar. Uma nova onda de terror tomou a pequena cidade.
Nesse universo criado por King, de histórias sobrenaturais que também são críticas a comportamentos culturais – ambientadas sempre no Maine – considero “It-A Obra Prima do Medo”, até então, o melhor livro. Não estamos aqui lidando apenas com um livro de terror, com um palhaço sobrenatural ou com um mistério de “arrepiar os cabelos”. A Obra prima desse livro é tratar do medo.
Antes de aparecer para aquele grupo de amigos, esse ser já sente o medo que predomina nos ambientes e, isso o mantém na cidade. Por ser uma criatura que se esconde no bueiro e se alimenta de crianças, já podemos deduzir que seu alimento é o efeito do horror provocado por ele. E essa cidade vive de situações que nunca a deixam dormir em paz. Abusos, agressões, preconceitos, hipocondria, tudo é combustível para esse monstro.
Nada melhor do que a escolha do autor em representar Pennywise na forma de um palhaço. Uma imagem ligada ao imaginário infantil, como alguém engraçado, que promove a alegria e a diversão. Essa contradição criada amplia a sensação de tensão a medida que passamos a entender o quão poderoso aquela criatura é. Antes de ler, já tinha passado pela experiência de conhecer “A Coisa”, na minissérie de 1990, “It: Uma Obra Prima do Medo”. a maquiagem assustadora e a interpretação do ator Tim Curry me rendem até hoje, olhadas furtivas para bueiros em dias de chuva.
A experiência de acompanhar a vida de Derry, em dois tempos diferentes – o da inocência perdida do grupo de crianças e o dos traumas não superados deles quando adultos -, é uma imersão de grande impacto. Me peguei em momentos tão concentrada no livro que conseguia compartilhar das sensações das personagens, como sentir o cheiro da chuva ou ficar triste, como eles. Ao mesmo tempo, me vi em alguns momentos cansada o bastante para precisar dar uma pausa e tomar folego para mais uma parte da aventura.
A maior qualidade desse livro é seu maior defeito: o tamanho. Não se trata de preguiça, pelo contrário. Ser um livro com mais de mil páginas permite que a trama seja bem desenvolvida, sem furos, sem correria. O que eu considero problemático é não poder carregar esse volume enorme embaixo do braço pra todos os lugares que eu ia sério gente, pesa demais e eu tenho tendinite no ombro direito, ficando assim, ansiosa pra chegar em casa e ter um tempinho para ler.
Como já ressaltei em outras resenhas, a Suma faz sempre uma boa escolha da fonte – tamanho e serifa -, do papel, do espaço entre as linhas e do recuo interno, que são elementos que facilitam a leitura. Toda a série deles de livros do Stephen King são excelentes, no quesito gráfico, por isso. Outro elemento que deve ser aplaudido é essa capa linda e, assombrosa.
Com uma história dessa, só não digo que será meu livro de cabeceira, porque não tenho a capacidade de dormir no mesmo quarto que essa ameaça.
Nota: 4/5
Tenho fobia de palhaços então só essa capa ja me da medo, o filme eu nem me arrisquei a ver. Creio que eu não iria gostar dessa história porque realmente tenho muito medo de palhaço e acaba sendo um gatilho pra ansiedade. Mas pude perceber que esse livro não conta só a historia do grupo tentando destruir o palhaço mas também a historia de vida de cada um deles.
Deixa só eu te contar que tinha esse livro há mais de uma década e sequer o guardava em meu quarto de medo do Pennywise. hahaha
O filme desse livro me provocou um “trauma” de infância. Mas foi ótimo ler, pois conheci uma obra mais extensa do King. Já aviso que é uma leitura para ser feita com calma, pois há momentos em que a trama parece se adensar e se arrastar, como se nós, leitores, estivessemos vivendo a realidade das personagens.
Fiquei imaginando você passando e olhando feio para um bueiro. Kkkk Sobre o livro, a genialidade do autor não é uma novidade né? Por isso não é surpresa saber que você amou esse livro. Confesso que ainda não o li justamente pela quantidade de folhas- e pra ser sincera não leio muitos livros de terror. Rsrs
Apesar desse fato, fico espantada em ver como o autor consegue aliar uma narrativa de terror com elementos que criticam a sociedade, é fato que poucos são aqueles que conseguem isso. Enfim, mais uma ótima resenha.
Beijos
Mesmo depois da leitura, ainda olho para os bueiros. Pura neurose, rsrsrsr
Ele é muito longo e ora denso, ora tenso, ora ágil. Vale a pena você se propor a ler ele durante um ano. Planeje a leitura de uma quantidade de páginas, dê uma pausa, leia mais. A história necessita de um distanciamento as vezes.
Quanto às críticas sociais, foram uma grata surpresa. Mas também entendo que ele sempre trás um discurso político em sua obra. Se você observar, títulos como “Cemitério Maldito”, “O Iluminado”, “A Maldição” têm em sua composição questionamentos sobre o genocídio dos povos indígenas da região do Maine.