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Oppenheimer | Crítica

ATENÇÃO: O TEXTO CONTÉM SPOILER

Oppenheimer” chega aos cinemas brasileiros no dia 20 de julho, de 2023, e disputará fortemente sua bilheteria com “Barbie”, de Greta Gerwing. O fenômeno Barbenheimer se torna cada vez mais próximo em questões de expectativas sobre essas duas grandes obras. Tive a oportunidade de ir à cabine de imprensa em um sorteio. Sim acreditem, eu ganhei e não costumo ganhar nada quando se trata de sorte, mas vamos aos fatos.

Primeiramente preciso contextualizar: “Barbie” investiu em um marketing pesado ao lado do elenco, asssim como na divulgação das primeiras imagens e principalmente em sua premiere mundial com Margot Robbie abusando de vestidos icônicos da boneca. Enquanto que de “Oppenheimer”, pouco se falava. O que viamos era atores como Tom Cruise que assistiu os dois filmes e apareceu e algumas divulgações de imprensa falando do novo  filme de Christopher Nolan.

“Oppenheimer” se consagra por sua narrativa densa e pé no chão

Finalmente chegamos em sua obra, a história de J. Robert Oppenheimer, um importante físico norte-americano que ganhou destaque por seus feitos. Liderou do Projeto Manhattan, uma iniciativa norte americana que incentivava  a criação da bomba atômica, em meio a Segunda Guerra Mundial.

É impossível, dessa maneira, falar do contexto do filme sem esbarrar em suas questoes políticas. Talvez provavelmente, ele se vende mais, justamente pelo contexto no qual os americanos precisavam criar uma bomba atômica. A pesquisa visava bater de frente com a Rússia na corrida belicista e entender quais seriam seus impactos perante a uma sociedade.

Cillian Murphy faz um papel excelente entregando boa atuação. Ademais, aqui ele teve protagonismo diferente de sua dobradinha com o diretor em “A Origem” e “Batman Begins”, no qual ele foi coadjuvante.

“Oppenheimer”: vilão ou moçinho?

O longa deixa no ar essa questão sobre como esse personagem pode ser um mártir ou um radical. E tudo isso é intrínseco a como sua ambição toma forma ao longo da exibição. Me vieram muitos questionamentos sobre o quanto foram tão belos em criar tantos recursos para o bem ou mal. É um longa que preocupa em deixar o humano falar no sentido literal de sua forma.

Além disso, outros temas que são intrínsecos ao filme são as questões morais. Oppenhimmer é confrontado a todo tempo, sobre como sua bomba pode dizimar uma população e como ele precisa lidar com esses conflitos éticos e morais. A famosa frase “Agora eu sou a Morte, o destruidor de mundos” faz uma relação direta com o protagonista e todo esse poder intelectual de criar as bombas atômicas. Principalmente em relação ao sentimento de que algo que está criando afeta não só seu país, mas o mundo todo.

Os coadjuvantes também não ficam atrás e ajudam a dar o tom certo para o filme. Destaque para Robert Downey Jr., talvez o melhor papel em sua carreira. Além do próprio ator afirmar isso, é vísivel em tela a importancia de seu personagem e seu embate com protagonista. As personagens femininas que rodeiam Oppenhimer são uma grata surpresa. Florence Pugh, tem uma relação um pouco conturbada com o personagem, enquanto Emily Blunt, uma relação mais densa.

O diretor acerta ao contar por linhas temporais diferentes a narrativa, apesar de parecer um pouco confuso, inicialmente. Entretanto, o sentido é criado até a chegada da conclusão e de como as coisas se encerram.

Mais uma vez, Nolan apresenta primor técnico em sua produção

Outro ponto que salta aos olhos é o design de som e como ele é trabalhado ao longo da obra. Existe um momento em que a bomba explode, mas não ouvimos de imediato a explosão. Essa ausência de som, em alguns momentos como esse, faz com que o filme seja grandioso. Falo isso porque muitas vezes, o o susto veio de forma inesperada, e tive vários. Confesso que fiquei alegre com essas reações, pois realmente não as esperava.

Talvez o que deixe a desejar é que a história parece que se encerra no ínicio do fim. Em nenhum momento vemos como Robert ficou após isso tudo. Sabemos a história real que ele faleceu de câncer na garganta. Para mim isso poderia ter sido ao menos citado ou mostrado a chegada da doença o atacando. Para um filme que se desenvolve em mais de 3h poderia ao menos fechar o ciclo. A produção deixa a impressão de que ainda assim, Robert foi uma figura amada e respeitada, o que não quer dizer que ele fez boas escolhas.

“Oppenheimer” não é um filme para todos e isso é visível. Ele é denso em sua narrativa, com muitos diálogos expositivos e representação de toda a política por tras desse mundo armamentista. Em suma é filme mais pé no chão de Nolan, pois aqui ele não inventa demais e preocupa em se ater a aspectos reais de um assunto que deve ser discutido. Então ficam mais questionamentos na cabeça do telespectador, do que respostas.

  • Escrita pelo colunista convidado Marcos Tadeu

Ficha Técnica

Oppenheimer (2023)

Direção: Christopher Nolan

Roteiro: Christopher Nolan, Kai Bird, Martin Sherwin

Edição: Jennifer Lame

Fotografia: Hoyte Van Hoytema

Design de Produção: Ruth De Jong

Trilha Sonora: Ludwig Göransson

Elenco: Cillian Murphy, Emily Blunt, Robert Downey Jr., Alden Ehrenreich, Kenneth Branagh, Josh Hartnett, Florence Pugh, Tom Conti

Um comentário sobre “Oppenheimer | Crítica

  • Cibele Cristina Santos Schimidt

    Pelo amor de Deus! A palavra moCinho não tem cedilha!!!!

    Resposta

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