O Menino e a Garça | Crítica

Há quem acredite que O Menino e a Graça seja o filme de despedida/aposentadoria de Hayao Miyazaki, mas ao sair do cinema restou a dúvida. No filme acompanhamos Mahito, um garoto de 12 anos que luta para se estabelecer em uma nova cidade após a morte de sua mãe. Quando uma garça falante conta para Mahito que sua mãe ainda está viva, ele entra em uma torre abandonada em busca dela, o que o leva para outro mundo.

Mahito em seu processo de luto precisa lidar com a dor e ausência de seu mãe, como também precisa se adaptar a sua recém nova família, composta pela madastra e seu novo irmão que ela está gerando. A vista do paí tudo está perfeito, mas a criança vive em sofrimento e sentindo duplamente abandonada. Mas quando uma misteriosa garça, começa a provocar o garoto por causa de sua mãe, dizendo-lhe que sua “presença é solicitada”, ao mesmo tempo sua madastra Natsuko desaparece. E nesse momento que Mahito segue a garça até uma torre próxima, o último lugar onde alguém viu o tio-bisavô de Mahito antes de ele desaparecer.

Pouco antes da hora marcada de “O Menino e a Garça”, um filme que muitas vezes parece um drama padrão sobre a maioridade, mergulha de cabeça na fantasia quando Mahito entra em seu próprio universo, uma realidade alternativa com enxames de pelicanos e periquitos violentos. , e criaturinhas adoráveis chamadas warawara. É aqui que “O Menino e a Garça” se separa da trama tradicional para algo que funciona em um registro diferente.

Mas uma vez Miyazaki presenteia o espectador com como o fantástico e onírico ao tratar temas cotidianos. Nesse filme os escolhidos foram a perda, luto, equilíbrio e memória. A quem diga também que esse filme seja sobre a transição da infância para adolescência, já que o personagem é forçado a amadurecer. Em nenhum momento Miyazaki subestima o público ou apresenta solicitações fáceis para resolver os problemas. A dualidade dos personagens também se faz presente. Nenhum personagem é 100% bom ou ruim a uma gama e infinidade de emoções que os contornam. Criando assim camadas e nos levando ao entendimento de sua ações e reações ao mundo e pessoas que os cercam.

Prepare o lencinho e se surpreenda com O menina e a Graça.