No passo dos novos leitores
Olá, leitor! Em expansão nos últimos anos, o segmento da literatura juvenil tem se desdobrado em diferentes rumos. Enquanto a transição para a fase adulta parece cada vez mais postergada na sociedade contemporânea, prolongando, assim, a fase da juventude, surgem novos livros que miram agora categorias recentes batizadas como Jovem Adulto e Novo Adulto. Tais termos foram criados a partir de duas expressões em inglês Young Adult (YA) e New Adult (NA), que foram primeiro usadas nos Estados Unidos.
Na esteira do movimento percebido no exterior, essas divisões vêm engatinhando no Brasil e abarcam títulos que dão um passo à frente nas narrativas caracterizadas como infantojuvenis. “O New Adult, que já vem despontando nos Estados Unidos e chegando aqui, por exemplo, seriam os livros para os leitores de YA que cresceram. Esses títulos abarcam histórias com mais sexo, violência, entre outros assuntos contemporâneos. Mas muitos leitores adultos têm uma predileção pelo gênero Young Adult”, explica Ana Lima, diretora executiva dos selos Galera da editora Record, criado justamente em vista do segmento adolescente e jovem adulto. Este visa o público entre 18 e 25 anos.
Nos livros pertencentes a esses nichos, outras temáticas, além do sexo, como os conflitos amorosos, a depressão e até o suicídio têm ganhado mais visibilidade e adentram o universo dos leitores sem eufemismos. Com uma cobertura ampla, abarcam desde romances de fantasia até outros de tom realista, os quais, por sua vez, encontram outras subdivisões, como as “chick-lits” e as “sick-lits”.
Os rótulos, contudo, são questionados, especialmente o segundo. Se o primeiro se refere às histórias protagonizadas por personagens femininas, sejam elas adolescentes ou adultas envolvidas em desafios respectivos à cada uma dessas fases, as “sick-lits” ganharam repercussão internacional ao se referirem às tramas cujos protagonistas encaram situações adversas causadas por doenças de origem emocional ou física.
“Eu tenho completa aversão ao termo `sick-lit´. É muito pobre e ao meu ver é uma piada de mau-gosto. Ainda mais porque estão relacionados a livros muito bons. ‘A Culpa é das Estrelas’, de John Green, é um bom exemplo disso”, opina Juliana Cirne, gerente de comunicação da editora Intrínseca.
Prestes a ser adaptado aos cinemas, como aconteceu em 2012 com os títulos “Jogos Vorazes” (Suzanne Collins) e “As Vantagens de Ser Invisível” (Stephen Chbosky), o romance narra a história de uma menina que tenta superar o câncer. “O livro mostra isso de uma forma muito interessante, sem ser pedante ou emotivo demais. John Green usa o humor, assim como o R.J. Palacio, em “Extraordinário”, completa Cirne.
O volume, escrito por Palacio e lançado no Brasil recentemente pela editora Intrínseca, conta a história de Auggie, um garoto que possui uma deformidade física provocada por uma doença genética. A angústia vivida por ele é relatada em primeira pessoa. “Esse livro, como os de Green, reflete personagens mais próximos da realidade de pessoas que podem ser adolescentes ou adultas. Em geral, independentemente da temática, tem havido uma tendência maior pela busca de mais realismo”, observa Cirne.
Concebidas em um contexto pós-Harry Potter, ainda hoje um dos maiores fenômenos literários na categoria juvenil, os livros para adolescentes ou jovens adultos caminham, portanto, para uma diversificação na oferta de histórias, desde a segunda metade dos anos 2000.
Ao avaliar essa nova segmentação, Ana Lima observa, contudo, que isso não necessariamente impõe regras rígidas de fruição. “Um adulto pode ler um livro YA e achar o máximo, assim como um adolescente pode ler um livro literário e mais profundo e ver sua vida se transformar. O que importa é uma boa história”, conclui a editora.
Autor de “Garotos Malditos” (2012), seu primeiro romance juvenil, Santiago Nazarian, também tradutor de projetos avaliados como Jovem Adulto, observa que essas mudanças refletem transformação de dimensão gerencial.
Como outros títulos que foram e estão sendo adaptados para o cinema, como As Vantagens de ser Invisível” (2007), publicado pela editora Rocco, da Stephen Chbosky. Temos também “Antes de Morrer” (2008), publicado pela Agir de Jenny Downham e “Gossip Girl- Só podia ser Você- O Início” pela Record, da autora Cecily von Ziegesar que transformou em série.
Como podemos perceber, a mudança de leitores em certas idades começou a ser alterada, pela aglomeração e oportunidades de levar a literatura por diversos meios, fazendo o próprio leitor à levantar questionamentos, torcendo ou não pelo seu personagem.
Texto original: Carlos Andrei Siquara/ Fotos: Divulgação/ Jornal o Tempo: 10/03/2013- Adaptado.
Muito bacana a reportagem!
Não gosto muito de livros adolescentes, pois já passei da idade há tempos… Hehe!
Mas, de vez em quando, gosto de ler algo no estilo… Pois, são leituras leves e rápidas. Então, entre um livro e outro mais denso, pego algo desse tipo.
O bom é que os adolescentes de hoje tem milhares de opções de leitura.
Na minha época, éramos obrigados a ler somente os clássicos da literatura brasileira – sem ter maturidade para tal. Então era complicado…
Muito bom o seu blog! Passarei por aqui mais vezes. 😉
Abraços!
Eu concordo que essa coisa do ‘sick-lit’ é mesmo muito pobre e pejorativa. Existem n livros maravilhosos, do John Green inclusos, que entrariam na categoria e simplesmente não consigo chamá-los assim.
É de fato interessante essa fome por livros mais realistas, ou até mesmo fantasias mais críticas aos problemas contemporâneos. Tenho eu mesma como exemplo; amo livros fantásticos na mesma proporção que amo livros realistas como A Culpa é das Estrelas ou Os 13 Porquês, Forbidden ou outros vários livros que tomam temas mais “delicados”.
Enfim, é um tema interessantíssimo e acho que ainda vai gerar muito o que debater
Beijitos
Oi, Philip.
Muito bom esse post, mas fico muito confusa com essas classificações. O que é Infanto-Juvenil, Jovem-Adulto, “Novo- Adulto”? É muito complicado pensar nos livros dessa forma.
beijos
Camis
esse post otimo, parabens! eu adoro o seu blog, muito bonito e legal
Gostei muito do post. Como sou adolescente, gosto de livros adolescente, mas já li muitos livros adultos. Acho que ninguém pode rotular essas coisas, cada um lê o que gosta.