Na mira dos lançamentos: Intrínseca (Outubro/2016)
O Martelo de Thor (Magnus Chase e os Deuses de Asgard#02) por Rick Riordan
Em A Espada do Verão, primeiro livro da série, os leitores são apresentados a Magnus Chase, um herói boa-pinta que é a cara do astro de rock Kurt Cobain. Morador de rua, sua vida muda completamente quando ele é morto por um gigante do fogo. Por sorte, na mitologia nórdica os heróis mortos vão parar em Valhala, o paraíso pós-vida dos guerreiros vikings. Lá, Magnus descobre que é filho de Frey, o deus do verão, da fertilidade e da medicina.
Desde então, seis semanas se passaram, e nesse meio-tempo o garoto começou a se acostumar ao dia a dia no Hotel Valhala. Quer dizer, pelo menos o máximo que um ex-morador de rua e ex-mortal poderia se acostumar. Magnus não é tão popular quanto os filhos dos deuses da guerra, como Thor e Tyr, mas fez bons amigos e está treinando para o dia do Juízo Final com os soldados de Odin — tudo segue na mais completa paz sanguinolenta do mundo viking.
Mas Magnus deveria imaginar que não seria assim por muito tempo. O martelo de Thor ainda está desaparecido. E os inimigos do deus do trovão farão de tudo para aproveitar esse momento de fraqueza e invadir o mundo humano.
Tony & Susan por Austin Wright
Há vinte e cinco anos, Susan Morrow deixou Edward Sheffield, seu primeiro marido. Certo dia, instalada confortavelmente na casa em que mora, com os filhos e o segundo marido, inesperadamente ela recebe, pelo correio, um embrulho que contém o manuscrito do primeiro romance escrito por Edward. Ele lhe pede que leia seu livro: Susan sempre foi sua melhor crítica, justifica. Tony e Susan, de Austin Wright, publicado originalmente nos Estados Unidos em 1993, ganha nova edição, dezoito anos depois de seu lançamento, por se tratar, segundo seus editores, da “mais impressionante obra de arte da ficção americana desde Revolutionary Road, de Richard Yeats”, publicado no Brasil como Foi apenas um sonho.
Ao iniciar a leitura, Susan é arrastada para dentro da vida do personagem Tony Hastings, um professor de matemática que leva a família de carro para a casa de veraneio no Maine. Quando a vida comum e civilizada dos Hastings é desviada de seu curso de forma violenta e desastrosa, Susan se vê novamente às voltas com seu passado, obrigada a encarar a própria escuridão e a dar um nome para o medo que corrói seu futuro e que vai mudar sua vida.
Deuses americanos por Neil Gaiman
Deuses americanos é, acima de tudo, um livro estranho. E foi essa estranheza que tornou o romance de Neil Gaiman, publicado pela primeira vez em 2001, um clássico imediato. Nesta nova edição, preferida do autor, o leitor encontrará capítulos revistos e ampliados, artigos, uma entrevista com Gaiman e um inspirado texto de introdução.
A saga de Deuses americanos é contada ao longo da jornada de Shadow Moon, um ex-presidiário de trinta e poucos anos que acabou de ser libertado e cujo único objetivo é voltar para casa e para a esposa, Laura. Os planos de Shadow se transformam em poeira quando ele descobre que Laura morreu em um acidente de carro. Sem lar, sem emprego e sem rumo, ele conhece Wednesday, um homem de olhar enigmático que está sempre com um sorriso no rosto, embora pareça nunca achar graça de nada.
Depois de apostas, brigas e um pouco de hidromel, Shadow aceita trabalhar para Wednesday e embarca em uma viagem tumultuada e reveladora por cidades inusitadas dos Estados Unidos, um país tão estranho para Shadow quanto para Gaiman. É nesses encontros e desencontros que o protagonista se depara com os deuses — os antigos (que chegaram ao Novo Mundo junto dos imigrantes) e os modernos (o dinheiro, a televisão, a tecnologia, as drogas) —, que estão se preparando para uma guerra que ninguém viu, mas que já começou. O motivo? O poder de não ser esquecido.
O que Gaiman constrói em Deuses americanos é um amálgama de múltiplas referências, uma mistura de road trip, fantasia e mistério — um exemplo máximo da versatilidade e da prosa lúdica e ao mesmo tempo cortante de Neil Gaiman, que, ao falar sobre deuses, fala sobre todos nós.
Livro: A filha perdida (Série Napolitana#03) por Elena Ferrante
Lançado originalmente em 2006 e ainda inédito no Brasil, o terceiro romance da autora que se consagrou por sua série napolitana acompanha os sentimentos conflitantes de uma professora universitária de meia-idade, Leda, que, aliviada depois de as filhas já crescidas se mudarem para o Canadá com o pai, decide tirar férias no litoral sul da Itália. Logo nos primeiros dias na praia, ela volta toda a sua atenção para uma ruidosa família de napolitanos, em especial para Nina, a jovem mãe de uma menininha chamada Elena que sempre está acompanhada de sua boneca. Cercada pelos parentes autoritários e imersa nos cuidados com a filha, Nina parece perfeitamente à vontade no papel de mãe e faz Leda se lembrar de si mesma quando jovem e cheia de expectativas. A aproximação das duas, no entanto, desencadeia em Leda uma enxurrada de lembranças da própria vida — e de segredos que ela nunca conseguiu revelar a ninguém.
No estilo inconfundível que a tornou conhecida no mundo todo, Elena Ferrante parte de elementos simples para construir uma narrativa poderosa sobre a maternidade e as consequências que a família pode ter na vida de diferentes gerações de mulheres.
A garota com a tribal nas costas por Amy Schumer
É como uma longa conversa entre uma mulher e a melhor amiga: ela confessa que é introvertida, embora tenha uma profissão que pareça exigir exatamente o contrário; já saiu com caras que foram um completo desastre, mas também já teve em mãos o equivalente humano de um príncipe da Disney e fez com ele só um sexozinho casual. Precisou de anos de terapia para entender que a mãe não é perfeita, mas que é possível amá-la mesmo assim, e de uma grande dose de coragem para admitir que já esteve num relacionamento abusivo. Mais de uma vez.
Em A garota com a tribal nas costas, a atriz, roteirista, comediante vencedora do Emmy e estrela de um filme indicado ao Globo de Ouro Amy Schumer expõe seu passado em histórias sobre a adolescência, a família, relacionamentos e sexo, e divide as experiências que a tornaram quem ela é — uma mulher com a coragem de desnudar a própria alma e se colocar diante do que acredita, tudo isso enquanto faz as pessoas rirem.
Com a inteligência e o humor ácido que conquistaram o show business norte-americano, Amy Schumer prova, nessa reunião divertida e honesta de crônicas extremamente pessoais, ser uma pessoa destemida, dona de um coração generoso, e uma criativa contadora de histórias que vai levar o leitor a se identificar, rir alto ou chorar copiosamente, mas só porque o livro acabou.
Uma noite na praia por Elena Ferrante
Uma das mais importantes escritoras da atualidade, Elena Ferrante retorna ao universo de A filha perdida, romance que ela considera um divisor de águas em sua carreira, para contar essa fábula sombria, narrada do ponto de vista de Celina, uma boneca que é perdida em uma praia.
Após ganhar um gatinho de presente do pai, Mati — dona de Celina e sua melhor amiga — fica tão fascinada que acaba esquecendo a boneca, que é a sua favorita. Deixada para trás na areia deserta e sem saber como voltar para casa, Celina vai enfrentar uma noite interminável, cheia de sustos e surpresas, além da companhia indesejada de um salva-vidas cruel e seu terrível ancinho. À luz das chamas de uma fogueira, a noite transforma-se numa aventura fantástica e assustadora que só termina ao nascer do sol.
O hotel na Place Vendôme por Tilar J. Mazzeo
Inaugurado em 1898, na Place Vendôme, no coração de Paris, o Hôtel Ritz logo se tornou sinônimo de luxo e exclusividade, frequentado por estrelas de cinema e escritores célebres, ricas herdeiras americanas, playboys excêntricos, políticos e príncipes. Na década de 1920, o bar do hotel se tornou o ponto de encontro de F. Scott Fitzgerald e outros autores da Geração Perdida, entre eles Ernest Hemingway. Em 1940, quando a França foi dominada pelos alemães, o Ritz foi o único hotel de alto luxo autorizado pelo Terceiro Reich a continuar funcionando na cidade ocupada.
Em O hotel na Place Vendôme, Tilar Mazzeo investiga a história desse marco cultural desde a sua inauguração na Paris de fin de siècle até a era moderna. E, acima de tudo, faz uma crônica extraordinária da vida no Ritz durante a Segunda Guerra Mundial, quando o hotel serviu, ao mesmo tempo, de quartel-general dos mais graduados oficiais alemães e de lar dos milionários que permaneceram na cidade, entre eles Coco Chanel. Mazzeo nos conduz pelos salões de jantar, suítes, bares e adegas do imponente edifício, revelando um território propício para negócios ilícitos e intrigas mortais, além de extraordinários atos de rebeldia e traição.
Rico em detalhes e repleto de histórias fascinantes, O hotel na Place Vendôme é uma narrativa impressionante sobre glamour, opulência e extravagância, e também sobre conexões perigosas, espionagem e resistência. Uma viagem inesquecível a um período único e intrigante da história, quando a França — e toda a Europa — sofreu transformações que definiriam o mundo como o conhecemos hoje.
O guia essencial do vinho: Wine Folly por
Madeline Puckette, Justin Hammack
O site winefolly.com é uma das maiores referências mundiais quando o assunto é vinho. Com gráficos incríveis, foco total no acesso à informação e soluções engenhosas para atrair novos apaixonados, o site de Madeline Puckette e Justin Hammack espanou a poeira que cobria o assunto e abriu as portas para muitos iniciantes: aqueles que queriam conhecer melhor o mundo do vinho, mas se intimidavam com toda a pompa.
Com explicações claras e acessíveis, O guia essencial do vinho: Wine Folly reúne informações imprescindíveis sobre as uvas mais cultivadas do planeta, apresenta as características de cada uma — afinal, qual é a diferença entre Cabernet Sauvignon e Pinot Noir? —, ensina sobre harmonização com alimentos e até mesmo a degustar e a servir a bebida. Tudo isso com um projeto gráfico inteligente e intuitivo que é um verdadeiro convite a uma taça.
Leve e divertido para os novatos e repleto de informações geográficas e históricas para os que já possuem algum conhecimento, este livro é, mais do que tudo, uma homenagem ao vinho e à cultura que o cerca.
Como matar a borboleta-azul – Uma crônica da era Dilma por Monica de Bolle
Conta-se que, na década de 1970, atormentados por uma superpopulação de coelhos, os ingleses adotaram uma política tão bem-intencionada quanto equivocada, que culminou com a extinção da borboleta-azul no sul do país. O triste fim da bela borboleta é a metáfora escolhida pela economista Monica Baumgarten de Bolle para descrever a desconstrução do Brasil durante os anos de Dilma Rousseff (2011-2016). Depois de o Plano Real reduzir a inflação a patamares suportáveis e permitir a implantação de um conjunto de políticas sociais mais inclusivas, a presidente chegou ao poder determinada a reformular tudo. Na prática, sua gestão levou a economia brasileira a uma situação catastrófica cujos efeitos se farão sentir por muito tempo.
Em texto fluente, Monica de Bolle acompanha erros e desacertos da presidente, ano a ano, passo a passo, desvendando cada um de seus desatinos. Porém, no lugar de gráficos e tabelas, o leitor encontra drama, uma história de suspense e terror, com vilãs, vilões e pouquíssimos heróis, narrada com pitadas de surrealismo e saborosas citações a filmes e obras da literatura. A dura realidade ganha contornos humanos e compreensíveis mesmo para quem não tem nenhuma familiaridade com o chamado economês.