Lançamentos

Na mira dos lançamentos: Companhia das Letras (março/2015)

Olá, leitor!

Confira os lançamentos de março da editora Companhia das Letras:

 

13856_gTURISMO PARA CEGOS, de Tércia Montenegro

A vida de Laila está prestes a se esfacelar. Jovem aluna de artes plásticas, ela tem os planos interrompidos por uma doença degenerativa e incurável que vai lhe custar a visão. Conforme a cegueira avança, tarefas corriqueiras tornam-se desafios e tudo o que lhe era familiar precisa ser explorado e redescoberto. Assim, também há algo de novo no envolvimento com Pierre, um funcionário público aparentemente inexpressivo que irá cuidar de Laila com dedicação.
Neste surpreendente romance de estreia, Tércia Montenegro tateia os caminhos que afastam e aproximam os indivíduos, revelando, com linguagem poética, um fluxo sinuoso de incertezas e, acima de tudo, a voracidade pelo desconhecido que reveste tantos encontros humanos.

 

 

 

13291_g O MUNDO DE ATENAS, de Luciano Canfora

Para o imaginário ocidental, a Atenas antiga representa muito mais que uma simples cidade. O período que vai das reformas de Clístenes (508 a.C.) à morte de Sócrates (399 a.C.) teria consagrado um modelo universal, tanto político quanto cultural. Político pois se atribui a Atenas a invenção da democracia – ou seja, o sistema político mais difundido no mundo. Cultural pois a ela se credita a criação da filosofia, da história, do teatro, da literatura, da arte e da arquitetura: tudo, enfim, que é considerado “clássico” e portanto incontornável.
Luciano Canfora procura aqui restituir a cidade à sua história, estudar Atenas e seu tempo a partir dos textos primários, destituídos das camadas geológicas de interpretação e mito. O resultado é o desmanche da máquina retórica em torno do “berço da democracia”. Com recurso ao rico e variegado arsenal de fontes à disposição do historiador, o professor da Universidade de Bari demonstra que desde a Antiguidade vem se construindo um discurso engrandecedor dos feitos e instituições de Atenas – para fins e em contextos diversos -, muitas vezes em franca contradição com os documentos que dão suporte a essas narrativas. E mais: ao fazer a leitura cerrada dos textos originais, o autor aos poucos revela que os principais críticos do sistema democrático foram os próprios intelectuais atenienses.
No pano de fundo, a parábola dessa história é a acachapante derrota do império naval ateniense ante Esparta e o cataclismo no mundo grego daí decorrente, que permitiu a ascensão da Pérsia e afinal o triunfo do ideal monárquico realizado pela hegemonia macedônica: a primeira derrota da democracia.

13901_gESCUTA, de Eucanaã Ferraz

A morte é o principal tema de Escuta. Suicídios, assassinatos e guerras surgem por vezes em cenas que parecem saídas de noticiários. É também significativo que uma das seções do livro tenha por título “Memórias póstumas”, dedicada “à memória de todos os amantes/ mortos em combate”. Agrupam-se ali textos que condensam os estados afetivos mais extremos.
Para equilibrar esse quadro, uma das partes do livro se chama “Alegria”. O leitor vê-se então arrastado por um feixe intenso de cores, vibrações e desejos. Há ternura e lirismo, mas também ironia e humor.
Decididamente urbanos, os poemas percorrem uma vasta geografia, que tanto podem remeter ao extermínio e ao aniquilamento – Ruanda, Congo ou Líbano – quanto se voltar para um Brasil distante das capitais – Cruzeiro do Oeste, Nova Friburgo, Campos Altos, Leopoldina, Dores do Turvo.
Neste livro, tomamos parte numa penetrante escuta do mundo. Alargando ao extremo os limites da expressão lírica, o poeta lançou-se ao encontro de experiências, cenas, fatos, personagens, palavras, e em tudo reconhecemos tempos e espaços contemporâneos construídos por uma voz singular. Assim, conjugam-se violência e delicadeza, veemência e construção, silêncio e tumulto, subjetividade e emoção social.

13477_gCARTAS A UM JOVEM CIENTISTA, de Edward O. Wilson

Um dos mais celebrados biólogos da atualidade, Edward O. Wilson passou as últimas seis décadas tentando desvendar os mistérios da vida na Terra. E agora ele divide essa experiência com seus leitores, em vinte e uma cartas sobre o amor pela ciência e o prazer da descoberta. Passando por tópicos que vão desde sua infância como escoteiro no sul dos Estados Unidos à sua paixão por formigas e borboletas, Wilson mostra de onde veio a motivação para se tornar um biólogo, numa bem-humorada visita a seus maiores sucessos e fracassos.
Em um momento na história humana em que nossa sobrevivência depende mais do que nunca da compreensão da ciência, Wilson insiste que o sucesso como pesquisador não vem da habilidade matemática, mas sim de uma paixão para encontrar um problema e resolvê-lo. Seja falando do colapso de estrelas, da exploração de florestas tropicais ou da profundidade dos oceanos, Wilson retrata a ciência como um campo de criatividade e dedicação. E, a partir de sua brilhante carreira, mostra ao leitor o lugar modesto e especial.

 

65032_gDOIS IRMÃOS, de Fábio Moon e Gabriel Bá

Um dos livros mais importantes da literatura brasileira contemporânea, Dois irmãos vem, desde seu lançamento há quinze anos, conquistando novas gerações de leitores. E foi com o mesmo entusiasmo desses leitores que Fábio Moon e Gabriel Bá embarcaram na missão de adaptar o romance de Milton Hatoum para uma graphic novel. Entre os mais premiados da última década, os irmãos quadrinistas vêm igualmente arrebatando fãs e trazendo uma verdadeira legião de leitores às HQs. Suas obras foram publicadas em diversos países, atravessando fronteiras culturais e políticas.
Ao mesmo tempo que preserva a força narrativa de Hatoum, esta adaptação evidencia o talento de Bá e Moon na construção de histórias que alternam entre a tragédia, a delicadeza, a brutalidade e o humor. No traço deles, a vida dos gêmeos Yaqub e Omar ganha novos contornos épicos. A Manaus dos quadrinhos, feita de um jogo de luz e sombras, acolhe este drama que cruza gerações e, seja nos grandes planos ou nos mínimos detalhes, carrega o enredo original de energia e vitalidade.
Quem conhece a obra de Hatoum vai não apenas reencontrar, mas redescobrir com outros olhos personagens marcantes como Domingas, Halim, Zana e Dália. E os novos leitores terão contato com um riquíssimo universo ficcional, um drama que, ao esmiuçar a intimidade e a rivalidade de Yaqub e Halim, lança luz nas frestas das relações familiares, do amor e da história recente do Brasil.

85136_gO MÉDICO E O MONSTRO – O estranho caso do dr. Jekyll e sr. Hyde, de Robert Louis Stevenson

Poucos clássicos da literatura são tão conhecidos e adorados como O médico e o monstro. Escrito quando o autor tinha trinta e cinco anos de idade, em 1885, o romance foi um sucesso imediato de público e inseriu Robert Louis Stevenson no grupo seleto dos grandes escritores da literatura universal.
Ao narrar as experiências de um médico que, numa “noite maldita”, tomou uma poção fumegante de coloração avermelhada e descobriu “a dualidade absoluta e primordial do homem”, o autor escocês criou uma história de suspense e horror, em que o perigo iminente não está do lado de fora, mas do lado de dentro, na parte obscura da alma.
Esta edição, além de uma introdução de Robert Mighall, Ph.D. em ficção gótica e ciência médico-legal vitoriana na Universidade de Wales, conta com um prefácio do escritor Luiz Alfredo Garcia-Roza, que define o romance como “um dos mais perfeitos e provavelmente o mais famoso romance de mistério da literatura de língua inglesa”.

 

 

 

A_GUIA_E_O_DRAGAO__1419266503427647SK1419266503BA ÁGUIA E O DRAGÃO, de Serge Gruzinski

A Águia e o Dragão – A partir do século XVI, o destino dos homens — quisessem eles ou não — se desenrolava num palco planetário. No início dos anos 1520, enquanto Magalhães velejava rumo à Ásia pela rota do Ocidente, Cortés se apoderava do México- -Tenochtitlán, e os portugueses, instalados em Malaca, sonhavam em colonizar a China. A águia asteca acabou sendo aniquilada, mas o dragão chinês eliminou os intrusos, não sem antes ter tomado os canhões deles. Esses dois episódios assinalam uma etapa determinante em nossa história. Pela primeira vez, seres originários de três continentes se encontram, enfrentam-se ou se misturam. O Novo Mundo se torna inseparável dos europeus que vão conquistá-lo. E o Império Celestial se impõe, por muito tempo, como uma presa inacessível. O historiador francês Serge Gruzinski narra esse confronto entre duas civilizações que contrastavam em tudo, mas que já fascinavam seus contemporâneos. Nesta nova e soberba exploração dos mundos do Renascimento, ele apresenta as engrenagens da globalização ibérica, que fez da América e da China parceiros indispensáveis para os europeus.

 

 

CORPO_142385137910248SK1423851379BCORPO, de Carlos Drummond de Andrade

Corpo – Publicado em 1984, Corpo é um dos grandes livros da última fase de Carlos Drummond de Andrade. Com mais de oitenta anos de vida e cinquenta de carreira literária, o mineiro jamais se acomodaria: a força dos poemas reunidos neste volume é testemunha do inesgotável talento para ajustar, numa poesia tão comunicativa quanto poderosa, grandes temas como o amor, a morte, o meio-ambiente e os afetos.
Rico em significados, o título do volume lança luz sobre os vários corpos habitados por todos nós: este físico e mortal que carregamos desde o nascimento, o corpo sensual, sensorial e afetivo, e o corpo geográfico e urbano. Não à toa há desde poemas sobre relações amorosas até observações sobre o “corpo” de nossas cidades, cada vez mais degradadas. A preocupação com a devastação à brasileira vinha sendo umas das preocupações de Drummond desde, pelo menos, o final da década de 1960.

 

 

HISTORIAS_DE_FANTASMA_PARA_GEN_1421348972431585SK1421348972BHISTÓRIAS DE FANTASMA PARA GENTE GRANDE, de Aby Warburg

Histórias de Fantasma Para Gente Grande – Nos últimos anos, os estudos de Warburg têm se tornado cada vez mais influentes e seu pensamento vive uma onda de redescoberta em diversos países e idiomas. A publicação deste volume se insere nesse contexto. Os ensaios e palestras foram selecionados pelo sociólogo Leopoldo Waizbort, professor titular na Universidade de São Paulo. São textos produzidos entre 1893 e 1929 e abrangem toda a vida intelectual de Warburg: dos primeiros escritos até o último deles. São textos diversos, concebidos para cumprir requisitos universitários, comunicações em congressos, palestras ou mesmo rascunhos e esboços para uso estritamente pessoal.

 

 

 

LIVRO_DE_LETRAS_1425415749438883SK1425415749BLIVRO DE LETRAS, de Vinicius de Moraes

Livro de Letras – Nova edição ampliada com todas as canções que Vinicius compôs — sozinho ou com seus “parceirinhos”, como dizia o poeta.
Vinicius de Moraes é uma das pedras de toque da moderna canção brasileira. Moderna sim, pois as letras que produziu (sozinho ou com parceiros como Antonio Carlos Jobim, Edu Lobo e Chico Buarque) ainda hoje são exemplares em seu frescor, sua calculada simplicidade, sua sincera e lírica exposição dos afetos. Um dos renovadores da nossa música com a Bossa Nova, o poeta foi além dos rótulos, deixando um legado musical rico, variado e — hoje — clássico.
Esta nova edição do Livro de letras reúne a totalidade de canções compostas por Vinicius, entre peças individuais e parcerias. Um elenco inesquecível de canções, conhecidas hoje no Brasil e no mundo: “Garota de Ipanema”, “Canto de Ossanha”, “Água de beber” e “A tonga da mironga do kabuletê”, entre dezenas de outras. De quebra, duas letras que anteriormente não tinham sido publicadas, fruto da parceria do poeta com os compositores Francis Hime e Edu Lobo.
Completa o volume o ensaio de Paulo da Costa e Silva, encomendado especialmente para esta edição, com uma análise detida e esclarecedora da canção em Vinicius de Moraes, além de textos de Eucanaã Ferraz (curador da coleção), José Castello (sobre o percurso do Vinicius letrista) e uma divertida crônica do autor português Alexandre O’Neill sobre um concerto de Vinicius e Baden a alegrar uma noitada e espantar o cinza em plena Lisboa salazarista.

UMA_HISTORIA_DA_PERA__1423796972435989SK1423796972BUMA HISTÓRIA DA ÓPERA, de Carolyn Abbate, Roger Parker

Uma História da Ópera – A ópera é uma das formas de arte mais extraordinárias dos últimos quatro séculos. Proibitivamente cara e irrealista por essência, representa no entanto as paixões humanas com inigualáveis poder e drama.
O livro de Carolyn Abbate e Roger Parker já nasce como referência: desde o clássico trabalho de Joseph Kerman, A ópera como drama, escrito na década de 1950 e ainda referência incontornável sobre o assunto, talvez o gênero não tenha recebido um tratamento de escopo tão ambicioso.
Se o leitor especializado encontrará neste ensaio análises profundas, o leigo encontrará um guia que o conduzirá às várias facetas e períodos da ópera e aos contextos sociais e econômicos que permitiram seu desenvolvimento. Os autores traçam análises profundas dos contextos sociais, políticos e literários, das circunstâncias econômicas e das quase constantes polêmicas que acompanharam o desenvolvimento do gênero nos últimos quatro séculos.

 

 

Franciely

É estudante de Letras por falta de melhor opção (já que não se pode ser somente estudante de literatura), leitora por prazer, amiga dos animais, viciada em internet e resenhista porque gosta de experimentar coisas novas.

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