Lançamentos

Na mira dos lançamentos: Companhia das Letras (janeiro/2015)

Olá, leitor!

Confiram os lançamentos do mês da Companhia das Letras:

13552_gA CASA ASSOMBRADA, de John Boyne

liza Caine tem 21 anos e acaba de perder o pai. Totalmente sozinha e sem dinheiro suficiente para pagar o aluguel na cidade, ela se depara com o anúncio de um tal H. Bennet. Ele busca uma governanta para se dedicar aos cuidados e à educação das crianças de Gaudlin Hall, uma propriedade no condado de Norfolk – sem, no entanto, mencionar quantas são, quantos anos têm ou dar quaisquer outras explicações. Assim, ela larga o emprego de professora numa escola para meninas e ruma para o interior.
Chegando a Gaudlin Hall, Eliza se surpreende ao encontrar apenas Isabella, uma menina que parece inteligente demais para sua idade, e Eustace, seu adorável irmão de oito anos. Os pais das crianças não estão lá. Não se veem criados. Ela logo constata que não há nenhum outro adulto na propriedade, e a identidade de H. Bennet permanece um mistério.
A governanta recém-contratada busca informações com as pessoas do vilarejo, mas todos a evitam. Nesse meio-tempo, fica intrigada com janelas que se fecham sem explicação, cortinas que se movem sozinhas e ventos desproporcionais soprando pela propriedade. E então coisas realmente assustadoras começam a acontecer…

 

12700_gEU NÃO PRECISO MAIS DE VOCÊ – E outros contos, de Arthur Miller

Em suas peças, Arthur Miller tratou dos grandes temas de seu tempo, o século XX, criando histórias sobre o período da Depressão, da Segunda Guerra e da era do macarthismo para os palcos, com uma energia e paixão inéditas, e que se viu repetir poucas vezes depois. Nos contos deste livro ele dirige sua atenção para temas mais íntimos, mas sem nunca perder a extrema clareza, humanidade, empatia e perspicácia de sua obra dramática.
Esta coleção de histórias inclui clássicos como “Eu não preciso mais de você”, o conto “Os desajustados” – que deu origem ao célebre filme de John Huston, estrelado por Marilyn Monroe, Clark Gable e Montgomery Clift -, “Presença” e “Moça do lar, uma vida”, contos que apresentam uma série de retratos de personagens extraordinários com a vida transformada pelo indizível.

 

13574_gA DANÇARINA DO CABARÉ, de Georges Simenon

Em Liège, cidade belga onde Simenon nasceu, Maigret observa à distância dois garotos acusados de assassinar um estrangeiro rico. Quando a amizade entre os suspeitos é posta à prova, diferenças saltam à vista e ajudam o comissário a desvendar o enigma.

 

 

 

 

 

 

13653_gRESTINGA – Dez contos e uma novela, de Miguel del Castillo

Miguel Angel combateu a ditadura uruguaia ao lado dos tupamaros. Como muitos jovens militantes de sua época, ele desapareceu sem deixar vestígios. As repercussões desse episódio se farão sentir por anos a fio, conforme parte da família migra para outros cantos de uma América Latina tomada por governos militares e caudilhos. Neste que é um dos mais belos contos recentes da língua portuguesa, Miguel Del Castillo combina memória e política para investigar os efeitos das grandes tragédias coletivas nas vidas particulares. É um testamento afetivo que reforça o poder da literatura no contínuo embate com a história. Não à toa, “Violeta” rendeu ao autor um lugar entre os vinte melhores jovens escritores brasileiros, na seleção da revista Granta.
Neste volume de contos, o leitor verá que “Violeta” não é um acidente de percurso: aqui ele aparece dentro de um projeto literário forte e novo, em histórias que alternam entre a delicadeza, a solidão e as relações de amor e amizade. É a filha que cuida da mãe doente, cujo sonho é conhecer a restinga de Marambaia, no Rio, numa visita que iluminará o passado familiar e abrirá caminhos para o futuro. Ou da mulher que toma um cruzeiro no Atlântico – “que celebra o incrível fato de estarmos aqui juntos, sobre o mar” – e passa a rever sua vida pregressa sob um novo e inusitado prisma. Ou ainda do garoto que visita o pai em Cancun, uma viagem cheia de mistérios e incompreensões, o mundo adulto visto pelas frestas de uma infância incomum. Ao fim do livro, a novela “Laguna” amplia e aprofunda os temas do autor, numa vertiginosa narrativa sobre a paixão, as viagens, os laços que nos unem e a fragilidade das nossas amarras.

13471_gOS JUDEUS E AS PALAVRAS, de Amós Oz, Fania Oz-Salsberger

Nesse livro que mistura narrativa e erudição, conversa e argumento, o romancista Amós Oz e sua filha, a historiadora Fania Oz-Salzberger, contam as histórias por trás dos nomes, dos textos, das disputas e dos adágios mais duradouros do judaísmo.
As palavras, eles argumentam, compõem o elo entre Abraão e os judeus de todas as gerações subsequentes.
Continuidade, mulheres, atemporalidade, individualismo – o rol de temas abordados é vasto. Oz e Oz-Salzberger revisitam personalidades judaicas através das eras, da suposta autora do Cântico dos Cânticos aos obscuros Talmudistas e autores contemporâneos.
Eles sugerem que a longevidade da cultura judaica, e até mesmo a singularidade do povo judeu, depende não apenas dos lugares, monumentos e personalidades heroicas ou rituais, mas da palavra escrita e do contínuo debate entre gerações.
Secularistas convictos, pai e filha deixam de lado o fervor religioso para extrair dos textos sagrados toda sua força de documento histórico, sua sonoridade poética e densidade literária.
Repleto de ensinamentos, lirismo e humor, Os judeus e as palavras oferece um passeio pela tradição judaica e estende a mão a qualquer leitor interessado em se juntar à conversa.

13899_gO QUARTO AZUL, de Georges Simenon

Tony Falcone e Andrée Despierre não se viam desde a infância. Numa noite de setembro, reencontram-se por acaso e tornam-se amantes. Durante onze meses marcam encontros no “Quarto Azul” de um hotel mantido pela irmã de Tony.
No último encontro, porém, o marido de Andrée, Nicolas, é visto caminhando em direção ao hotel. Bem naquele dia, ela se declarara, sugerindo que abandonem os casamentos e fiquem juntos. Tony consegue fugir antes de ser flagrado – mas, pouco depois, a morte repentina de Nicolas o deixa em situação complicada.
Publicado em 1964, O quarto azul figura entre os célebres “romances duros” de Georges Simenon – aqueles que não trazem o comissário Maigret como protagonista, mas mergulham em atmosferas sombrias e personagens perturbados.
As cenas de sexo são cruas e completamente desprovidas de eufemismo. Logo nas primeiras páginas, Tony está orgulhoso de ver seu sêmen escorrer da vagina da amante enquanto tenta com um pano aplacar a ferida que ela lhe fez com uma mordida no lábio.
O mesmo vale para a violência e os sentimentos dos personagens: tudo no livro é seco e dito da forma mais direta possível. Tony e Andrée caminham por um mundo embrutecido e parecem alheios à culpa, ao pudor, ao arrependimento.
Adaptado para o cinema em 2014 – o longa é estrelado pelo francês Mathieu Amalric -, O quarto azul sintetiza os melhores atributos da obra de Simenon e mantém o leitor sem fôlego até a última página.

13079_gO LIVRO DA GRAMÁTICA INTERIOR, de David Grossman

Aos doze anos, Aharon Kleinfeld, segundo filho de uma família de refugiados judaico-polonesa, é a cabeça de seu grupo de amigos em um bairro de Jerusalém, Beit-haKerem. Com sua portentosa imaginação, vive criando jogos e aventuras, mas, quando seus amigos começam a amadurecer, o corpo de Aharon se nega a crescer por três longos anos, e às vésperas de seu bar mitsvá ele é o mais baixo da turma.
Enquanto se debate com as pulsões de uma sexualidade juvenil tão poderosa, entre 1965 e 1967 ele escuta e observa a realidade cotidiana do entorno, que com as peripécias da história vai se enchendo de feiura, violência e morte. Os canhões da Guerra de Seis Dias ressoam ao longe, mas Aharon já não os ouve mais. Rejeita a ideia de viver conforme a gramática que dita aos homens como deve ser a vida e se refugia na sua “gramática interior”, protegido desse mundo adulto que ele julga tão ameaçador. Aharon se sente perdido quando Guidon, seu melhor amigo, e Yaeli, a menina de quem ele gosta, abandonam seu universo imaginativo para se comprometer com os jovens do movimento sionista.
Surpreendente e emocionante, capaz de tratar com lirismo e perspicácia de um dos temas mais espinhosos da geopolítica contemporânea, O livro da gramática interior foi adaptado às telas do cinema por Nir Bergman e venceu o Grande Prêmio do Festival de Cinema de Tokyo em 2010.

13632_gGLÓRIA INCERTA – A Índia e suas contradições, de Amartya Sen, Jean Drèze

Combinando economia, política, história e direito, Jean Drèze e Amartya Sen – dois dos maiores economistas da Índia – apresentam as transformações que aconteceram na economia e sociedade do país após a independência, em 1947, que deu fim a dois séculos de subjugação colonial britânica. A Índia adotou um sistema político democrático, com vários partidos, liberdade de expressão e amplos direitos políticos, e alcançou um crescimento econômico bem acelerado nas últimas três décadas, tornando-se uma das economias que crescem com maior velocidade no mundo.
Ocorreram, porém, grandes falhas, tanto na promoção de um crescimento participativo quanto na aplicação dos recursos públicos gerados pelo crescimento econômico para melhorar as condições de vida dos indianos.
Os autores mostram que os principais problemas do país encontram-se na falta de atenção às necessidades essenciais da população, especialmente dos pobres e das mulheres. Estatísticas consistentes e comparações com outros países, como China, Brasil e Rússia, apontam que o governo não investiu na expansão da infraestrutura física e social da Índia e, como consequência, há uma inadequação continuada dos serviços sociais, como a educação, a assistência médica e a imunização, bem como do fornecimento de água potável, energia elétrica, transporte e saneamento.
Drèze e Sen oferecem uma análise poderosa das privações e desigualdades do país, bem como mostram a possibilidade de mudanças que seriam permitidas por uma prática democrática com uma compreensão mais clara da gravidade dessas privações.

13788_gA IMORTALIDADE, de Milan Kundera

A partir do gesto que uma mulher faz a seu professor de natação quando sai da piscina, a personagem Agnes surge na mente de um autor chamado Kundera. Como a Emma de Flaubert ou a Anna de Tolstoi, a Agnes de Kundera se torna objeto de fascínio e de uma busca insondável. Ao imaginar o cotidiano dessa personagem, o narrador-autor dá corpo a um romance em sete partes, que intercala as histórias de Agnes, seu marido Paul e sua irmã Laura com uma narrativa retirada da história da literatura: a relação de Goethe e Bettina von Arnim.
Com seus personagens reais e inventados, Kundera reflete sobre a vida moderna, a sociedade e a cultura ocidentais, o culto da sentimentalidade, a diferença entre essência individual e imagem pública individual, os conflitos entre realidade e aparência, as variedades de amor e de desejo sexual, a importância da fama e da celebridade, e a típica busca humana pela imortalidade.
Em um diálogo ficcional entre Goethe e Hemingway, este diz “Em vez de ler meus livros, escrevem livros sobre mim.”, ao que aquele responde: “A imortalidade é um eterno processo.”. Se a morte está presente na trajetória de Agnes, também está na inclusão desses personagens já mortos, mas imortais, do cânone literário. “A morte e a imortalidade”, diz Kundera, “formam uma dupla indivisível, mais bela que Marx e Engels, que Romeu e Julieta, que Laurel e Hardy”. Com a leitura de sua obra, que explora a fundo os grandes temas da existência humana, podemos afirmar que o autor de A insustentável leveza do ser já garantiu seu lugar no panteão dos imortais.

Franciely

É estudante de Letras por falta de melhor opção (já que não se pode ser somente estudante de literatura), leitora por prazer, amiga dos animais, viciada em internet e resenhista porque gosta de experimentar coisas novas.

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