Crítica | Modo de Produção
Com a palavra, a vida dura e batalhadora do trabalhador rural brasileiro
Por Rafael Assis
Estreou na quinta-feira passada, nos cinemas brasileiros o longa “Modo de Produção”.
Lá pelos meios do documentário, a funcionária do sindicato pergunta a um entrevistado por que ele se aposentou antes do tempo, perdendo assim parte do benefício que receberia. O homem, que há pouco havia se surpreendido com a fato de não tinha direito ao benefício integral responde que se acochou do trabalho, que era muito pesado. Neste momento, a distância linguística mostra também a distância social que temos, aqui na cidade, de como é a vida no campo. Para isso, “Modo de Produção”, documentário dirigido por Dea Ferraz tem muito a nos dizer.
Ao trazer cenas do Sindicato de Trabalhadores Rurais de Ipojuca, Canela e Nossa Senhora do Ó, sempre filmado de portas abertas, o filme acompanha funcionários da instituição e suas interações com trabalhadores rurais em busca de seus direitos. Vão-se ali esclarecimentos sobre aposentadoria e direitos trabalhistas, mediações de conflitos e momentos de formação da comunidade, onde noções de saúde e cidadania são transmitidas para um povo que parece ter sido esquecido pelas garantias do Estado. Muito mudou desde que as filmagens foram feitas, em 2013 eu mesmo desde seu lançamento em festivais, em 2017. E por isso o filme nos dá apenas mostras do que podemos imaginar que se trata a vida daquelas pessoas hoje. Não importa, um bom documentário é capaz de transcender o tempo.
O valor que cabe é o valor histórico, de registrar e revelar o mundo daquilo que é retratado. Trata-se mais uma vez da voz da experiência, mostrando que o cinema documentarista ainda tem forte influência de suas tradições. O que funciona, já que não caberia uma profusão de recursos narrativos para explicar o que está óbvio.
A parte das escolhas fílmicas, que são por si um recorte, a câmera do documentária busca neutralidade. Não uma neutralidade do discurso, como já dito, mas uma visão de que as cenas mostradas são capazes de falar por si. Como é nítida a necessidade que os trabalhadores tem, de um órgão que possa falar por eles frente a força dos empregadores e o poder esmagador de uma burocracia que sempre estará um passo adiante deles.
Modo de Produção (2017)
Direção: Dea Ferraz
Equipe: Dea Ferraz, Ernesto de Carvalho, Marcelo Barreto, Neusa Rodrigues, Carol Vergolino, Daiane Dultra, Cezar Maia
Onde Assitir o filme
RECIFE
Cinema São Luiz
Cinema da Fundação
Cinema do Museu
TRIUNFO
Cine Teatro Guarany
ARACAJU
Cine Vitória
SÃO LUIS
Cine Lume
SÃO PAULO
Instituto Moreira Sales
RIO DE JANEIRO
Instituto Moreira Sales
PORTO ALEGRE
Espaço Itaú de Cinema
SALVADOR
Espaço Itaú de Cinema
BRASÍLIA
Espaço Itaú de Cinema
BELO HORIZONTE
Cinema Belas Artes
Nossa, deve ser uma baita documentário. Não conhecia mas acredito ser importante conhece mais a respeito desse processo…
Parabéns pelo texto e indicação. Me fez lembrar um doc antigo que aborda a questão de trabalhadores rurais, Marcado para morrer.
Küss 😘
Esses documentários são muito bons, pois nos dão aquele choque de realidade. Quando a gente acha que as coisas estão complicadas, a gente descobre que tem gente passando por perrengues piores que os nossos. Esse lance de vida de aposentado é algo que mexe com a vida de todos, seja se você busca uma agora, depois de uma vida dura de trabalho, ou se ainda nem começou a contribuir, mas está preocupax com seu futuro… Isso é assunto de todxs e vale super a pena assistir essa obra. Bjks!
Mundinho da Hanna
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Achei bem interessante esse longa que estreou nos cinemas brasileiros. Confesso que eu raramente vejo documentários, porém acho muito importante a existência de longas como este.
Eu confesso que tenho um pouco de dificuldades com esse tipo de documentário. Mas, acredito que seja uma escola, realmente!!!
E são realidades que muitas das vezes a gente nem sabe que tá acontencendo.
Ótima dica.
Ainda vai chegar um dia que o Brasil vai acordar dessa fantasia que vive e buscará saber realmente de sua história, sentirá vergonha e orgulho de seu passado e respeitará isso tudo. Aí sim quem sabe pode ter o Brasil que merece… eita filosofei , rsrsrs
Nunca assisti esse documentário, mas por essa resenha, dá pra ver que é um grande choque de realidade.
que documentário necessário, pena que o local pra ver em brasilia é tão longe e de dificil acesso =(
Oi, tudo bem? Acho bem interessante filmes em forma de documentário. Acredito que a forma como as informações são coletadas, a experiência dos “personagens”, e toda essa carga realista têm muito a nos ensinar. Realmente a vida no campo é muito diferente de quem mora na cidade. É fato que muitos desconhecem seus direitos, e não sabem a quem recorrer caso aconteça algo ou precise de orientação. Uma pena não ser transmitido aqui. Um abraço, Érika =^.^=
Esse documentário está na minha lista. Parece fantástico pelo tema q aborda. E se for ver, não é comum ter esse asaunto abordado, o q torna tudo aind á mais especial.
Fiquei muito interessada no documentário. O tema é muito importante e relevante. Parabéns por falar sobre!