Filme: Millennium – A Garota na Teia de Aranha
A garota, de meias longas, cresceu
Peça chave da série de livros Millennium, a personagem Lisbeth Salander,volta as telas dos cinemas em “Millenium – A Garota na Teia de Aranha”. O novo filme é, mais uma, adaptação da obra do escritor e jornalista sueco Stieg Larson falecido no ano de 2004. Desta vez a personagem é interpretada por Claire Foy conhecida pela série “The Crown”, da Netflix.
O novo filme da série está situado muito após o capítulo dirigido por David Fincher com Rooney Mara no papel da Hacker. O que nos é dado são os fatos posteriores a conflitos que quase levaram Salander e Mikael Blomkvtis (Sverrir Gunadson) – uma trama complexa de poder relacionando máfia, tráfico de mulheres, violência sexual e a investigação das duas personagens que trouxe a tona todo um esquema endossado por grupos de muito poder, político e financeiro, da Suécia.
“Millennium – A Garota na Teia de Aranha” é o encerramento do arco dos conflitos pessoais de Lisbeth. Para quem não assistiu – e isso é entregue logo o no início desse filme – o pai da moça estava envolvido nesse esquema. Com essa descoberta ela precisa reviver seu passado, mexendo em feridas abertas. Ela se lembra da irmã, que “deixou para trás” ao fugir do pai abusivo. Essa irmã, Camilla Salander (Sylvia Hoeks), que foi dada como morta na verdade está viva e é mais culpada do que pode-se pensar.
Esse volume – quarto capítulo da série de Larson – funcionará melhor para quem tiver conhecimento prévio da história. Mas isso não é motivo para deixar de vê-lo. Pelo fato de ser o filme mais sutil e com menor carga emocional indico ele para ser visto antes dos demais já produzidos. E por falar em carga emocional, não pesar a mão nesse ponto nos deixa próximo da frieza de Lisbeth, mas ao mesmo tempo não permite que o espectador “compre” o drama familiar. Seria esse o ponto mais negativo do filme de Fede Alvarez.
A personagem de Lisbeth Salander é complexa, esquiva, e marcada pelo ímpeto de defender mulher que são vítimas de abusos. Na “Teia da Aranha”, suas características ainda existem, mas de maneira mais comedida. É como se todos ali estivessem exaustos, mas os problemas não parassem de surgir.
Série Millennium na literatura, na TV e no Cinema
Saem as cenas de abusos muito gráficas e entram a memória e os diálogos que servem de ponto de partida para que as inferências sejam feitas no novo filme. E isso não é um problema. Depois de quatro filmes que bateram forte na representação dessas situações é justo respirar um pouco e ver os males da trama de maneira sutil.
Para quem pretende adentrar na série a primeira coisa que deve ser dita é que se trata de histórias que falam muito sobre abusos sexuais e agressões. As cenas descritas e/ou encenadas podem ser gatilhos emocionais para pessoas que já foram abusadas, logo, não é recomendado. Para quem não se encaixa nesse perfil, recomendo que assista na seguinte ordem:
- Millennium – A Garota na Teia da Aranha (2018)
- Millennium – O Homem Que Não Amava As Mulheres (2011)
- Millennium – O Homem Que Não Amava As Mulheres (2009)
- Millennium – A Menina Que Brincava Com Fogo (2009)
- Millennium – A Rainha do Castelo de Ar (2010)
Lembrando que existe em algum lugar do mundo, uma versão em minissérie que une os três filmes suecos, com alguns minutos a mais. A quem interessar adquirir os livros, todos os volumes foram lançados no Brasil pela Companhia das Letras e já somam cinco volumes.
Curiosidade: você conhece Píppi Meialonga?
Após o falecimento de Stieg Larson, que deixou 3 obras finalizadas e rascunhos do que pensado como uma “decalogia” das investigações da revista Millennium, David Lagercrantz assumiu a escrita das sequencias. O autor da série Millennium dizia que a personagem da autora Astrid Lindgren foi sua inspiração para criar Lisbeth Salander, que seria uma Píppi Meialonga em versão adulta.
Píppi Meialonga, no original em sueco Pippi Långstrump, é uma personagem literária e também o nome de um livro da escritora sueca Astrid Lindgren.
Pippilotta Viktualia Rullgardina Krusmynta Efraimsdotter Långstrump, é a personagem principal de três livros infantis. A garota “mais forte do mundo” com sardas na cara, e tranças vermelhas, morava sozinha em uma casa velha. Píppi chega a esta pequena cidade, com “uma mala cheia de moedas de ouro”, vai viver na Vila Vilekula, com o macaco Herr Nilsson e o cavalo Lilla gubben. Ela faz amizade com um menino e uma menina e, ao longo da história, são contados vários episódios engraçados de suas aventuras.
A atriz sueca Inger Nilsson interpretou a personagem entre os anos 1969-1970 – como podemos ver no poster ao lado – em uma série de TV e em seus filmes derivados.
(adaptado de <https://pt.wikipedia.org/wiki/P%C3%ADppi_Meialonga>)
Millennium – A Garota na Teia de Aranha (The Girl in the Spider’s Web, 2018)
Duração: 1h57
Distribuidora: Fox Filmes do Brasil
Direção: Fede Alvarez
Roteiro: Fede Alvarez, Jay Basu
Elenco: Claire Foy, Sylvia Hoeks, Lakeith Stanfield, Stephen Merchand, Cameron Britton, Vicky Krieps, Sverrir Gunadson
Direção de Arte: Pedro Luque
Montagem: Tatiana S. Riegel