Livro: Entre irmãs – Frances de Pontes Peebles
Titulo: Entre irmãs
Título original: The seamstress.
Autora: Frances de Pontes Peebles
Editora: Arqueiro
Páginas: 576
Nos anos 1920, as órfãs Emília e Luzia são as melhores costureiras de Taquaritinga do Norte, uma pequena cidade de Pernambuco. Fora isso, não podiam ser mais diferentes. Morena e bonita, Emília é uma sonhadora que quer escapar da vida no interior e ter um casamento honrado. Já Luzia, depois de um acidente na infância que a deixou com o braço deformado, passou a ser tratada pelos vizinhos como uma mulher que não serve para se casar e, portanto, inútil.
Um dia, chega a Taquaritinga um bando de cangaceiros liderados por Carcará, um homem brutal que, como a ave da caatinga, arranca os olhos de suas presas. Impressionado com a franqueza e a inteligência de Luzia, ele a leva para ser a costureira de seu bando. Após perder a irmã, a pessoa mais importante de sua vida, Emília se casa e vai para o Recife. Ali, em meio à revolução que leva Getúlio Vargas ao poder, ela descobre que Luzia ainda está viva e é agora uma das líderes do bando de Carcará. Sem saber em que Luzia se transformou após tantos anos vagando por aquela terra escaldante e tão impiedosa quanto os cangaceiros, Emília precisa aprender algo que nunca lhe foi ensinado nas aulas de costura: como alinhavar o fio capaz de uni-las novamente.
Amo livro sobre o sertão nordestino! Nesse caso, me apeguei ainda mais ao conhecer a história dessas duas irmãs guerreiras, batalhadoras. Não tem como não se emocionar e torcer tanto por Emilia quanto por Luzia.
Fiquei com muita raiva da família de Degas, marido de Emília. Todo mundo metido, cheio de desprezo pela pobreza. Nunca souberam o que é passar fome. E aquela mania de querer medir o crânio da pessoa para ver se ela poderia ser perigosa, assassina, aff.
Apesar da fama de mau do Carcará, afinal, é um cangaceiro, eu tive muita empatia pelo personagem. Todo durão tentando demonstrar seu sentimento, ainda que de forma desajeitada, para Luzia.
O contexto histórico, principalmente político, em que o livro está inserido me deixou ainda mais encantada com o livro como um todo. Além de contar a história das duas irmãs a autora nos mostra mudanças que estão ocorrendo no Brasil, na política, passando pelo coronelismo e a Era Vargas, os campos criados para os flagelados da seca para evitar que eles superlotem a capital; e no mundo com a Quebra da Bolsa de 29. Ainda que seja um contexto histórico como pano de fundo, vale lembrar que a história é fictícia.
Mas o melhor da história mesmo é o emponderamento das mulheres que além de fortes elas lutam para ter voz, para alcançar direitos como o do voto. Como eu disse, o livro nos presenteia com protagonistas fortes, autossuficientes, guerreiras. Não tem como não se emocionar. Para mim, um dos melhores livros de 2018.
Se você é um amante de literatura nacional, sobretudo a que menciona a história do Brasil, leiam!