CinemaLançamentos

Golpe de Sorte em Paris | Crítica

Alguns diretores, mesmo após muitos anos de carreira, ainda conseguem entregar obras inovadoras, desafiadoras e fora do lugar-comum, desbravando temas que provocam reflexão e saem da zona de conforto. Infelizmente, esse não é o caso de Woody Allen. Seu mais recente trabalho, Golpe de Sorte em Paris, é, sem sombra de dúvida, uma das produções mais preguiçosas e banais do ano.

A trama segue Fanny Fournier, interpretada por Lou de Laâge, uma negociadora de arte que se casou com o enigmático magnata Jean Fournier (Melvil Poupaud). Jean, cuja ocupação exata permanece um mistério, se define como alguém que “faz outros ficarem ricos”. Agora inserida na alta sociedade parisiense, Fanny participa de jantares luxuosos e exibe joias caríssimas. No entanto, essa vida aparentemente perfeita está prestes a sofrer uma reviravolta.

Tudo começa quando, durante um passeio na hora de almoço, Fanny encontra Alain Aubert (Niels Schneider), um amigo dos tempos de escola. Esse reencontro casual desperta memórias do passado, e logo surge entre eles uma conexão que vai além das lembranças. Alain, agora escritor, confessa estar em busca de inspiração para terminar seu romance, o que desperta o interesse de Fanny.

Como é comum no cinema de Woody Allen, o filme é repleto de diálogos banais entre personagens ricos, discutindo suas extravagantes viagens internacionais em meio a cenários deslumbrantes. Aqui, esse estilo se mantém, e o mérito visual é de Vittorio Storaro, o diretor de fotografia, que faz um ótimo uso da luz para realçar a beleza das cenas. Além disso, a trilha sonora é um dos pontos altos do filme, conduzida por uma seleção de jazz, em especial a marcante “Cantaloupe Island” de Herbie Hancock.

No desenrolar da trama, Jean começa a suspeitar da infidelidade de sua esposa e contrata um detetive particular para investigá-la. Enquanto isso, os encontros entre Fanny e Alain se tornam mais frequentes, criando uma tensão crescente. A chegada da mãe de Fanny, Camille Moreau (Valerie Mercier), traz à tona segredos do passado de Jean, unindo as duas tramas principais: a de Jean e sua investigação, e a de Fanny e seu envolvimento com Alain.

Embora o filme ofereça belas paisagens de Paris, arte e uma trilha sonora envolvente, Golpe de Sorte em Paris acaba por não se sustentar. A narrativa torna-se previsível e, em alguns momentos, tediosa, refletindo um Woody Allen que, em seu 50º filme, parece ter pouco de novo a oferecer ao público.

Golpe de Sorte em Paris

Titulo Original: Coup de Chance

Estréia 19 de setembro de 2024

Direção: Woody Allen 

Elenco: Lou de Laâge, Melvil Poupaud, Niels Schneider, Valérie Lemercier, Elsa Zylberstein

Edição: Alisa Lepselter

Distribuição: 02 Play

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.