Filme: “Querido Menino”
Querido Menino (Beautiful Boy. EUA, 2019)
Direção: Felix Van Groeningen
Roteiro: Luke Davies, Felix Van Groeningen
Elenco: Steve Carell, Timothée Chalamet, Jack Dylan Grazer, Kue Lawrence, Carlton Wilborn, Maura Tierney, Amy Aquino, Stefanie Scott, Marypat Farrell, Timothy Hutton, Amy Forsyth,
Produção: Plan B Entertainment, New Regency Pictures.
Distribuidor brasileiro: Diamond Films
Apresentação: Baseado no best seller de David Scheff, a partir das memórias dele e de seu filho,“Querido Menino” narra a experiência devastadora e inspiradora de uma família que enfrenta o vício das drogas. Com os indicados ao Oscar Timothée Chalamet e Steve Carell, o longa tem a direção de Felix Van Groeningen (“Belgica” e “Os Infelizes”).
É provável que muito tempo passe e continuaremos sem saber porque o homem se atrai tanto para a autodestruição. Principalmente a destruição de seu corpo. “Querido menino” a princípio se propõe a contar a história de dependência química do jovem Nic e os reflexos na vida pessoal e familiar. Parece simples, repetitivo. Definitivamente não é.
É raro encontrar filmes com temas repetidos que conseguem dar um olhar tão pessoal e diferente do que já foi feito. Esse filme supera o terreno da abordagem mais profunda e consegue nos entregar detalhes tão pessoais na vida daquela família que você consegue entender de forma muito genuína seus sentimentos.
Nesse ponto, o pai é o destaque. Ele é quem tem a relação mais aproximada com o filho, que possui futuro promissor e o enche de orgulho. A curva que faz esse jovem entrar nas drogas fica difícil de compreender até para nós que compramos a ideia dele ser um garoto incrível, feliz, amado, sem aparentes motivos para querer destruir sua vida. O desespero e a incompreensão permeiam duramente a história e você fica esperando a resposta, a justificativa para aquilo tudo. Uma possível tragédia é anunciada e conseguimos até fazer contagem regressiva esperando.
Mas aí vem o ponto interessante. O filme não passeia por esse caminho de filmes açucarados e tampouco no idealismo fraco. A pergunta do porquê da escolha do jovem com as drogas continua reverberando mesmo após o crédito final e isso de longe é uma “fuga” típica de filmes cult. Ao que parece a intenção é demonstrar o quanto as drogas não são um clichê e podem fazer parte da vida de qualquer individuo não só roubando seu corpo, mas sua condição como indivíduo.
O filme é inspirado nos relatos tanto do pai quanto do filho e tudo bem que isso deve ter refletido significativamente no que assistimos na telona, mas é impossível ter chegado ao resultado magnífico sem o conjunto de profissionais envolvidos, sem a atuação tão delicada e sem apelos emocionais de Steve Carell como pai. Continuo achando incrível um ator revelar emoções que se encaixariam facilmente em gritos e lágrimas sendo demostradas em uma pergunta, um olhar. Esse ator conseguiu imprimir uma cena absurda sem a câmera estar focada em seu rosto, apenas usando a força de sua voz estando quase de costas para a câmera em uma paisagem lindíssima que poderia nos distrair facilmente. Mas não, desconsideramos quase totalmente isso para ver incrédulos uma difícil decisão dele em relação ao filho. E isso ainda por telefone! Aprendam jovens atores, aprendam !
E por falar em jovens atores, Timothée Chalamet interpreta o filho fugindo também do clichê. Esse ator merece atenção. Não temos aqui um problemático mimado. Como dito, chega a incomodar a duvida do porquê ter escolhido esse caminho. Foi uma criança amorosa e se tornou o adolescente com potencial ilimitado. Mas em algum momento, algo dentro dele entrou em conflito com o mundo aqui fora e os papeis sociais ficaram pesados, sua individualidade de repente fugiu de si mesmo. Assim como os familiares lutavam para entende-lo, ele mesmo não entendia a si. E é admirável como o ator conseguiu demonstrar isso tudo claramente.
É difícil não enumerar tantos outros detalhes que fizeram desse filme um retrato único de uma história real, de uma bela história de pai e filho, e da imprevisibilidade da relação do homem com as drogas.
Nota: 5 de 5
Trailer Oficial:
Caramba, confesso que quando iniciei a leitura da sua crítica, não esperava ficar tão interessada pelo filme. Já até procurei onde assistir e descobri que vai passar amanhã na tv. Vou assistir com certeza. Adoro obras que pegam temas saturados e o transformam em algo novo, que dá gosto de ver. E, bom, adoro o Steve Carell, então minhas expectativas já foram lá nas alturas hahahaha’
Ótimo texto. Mal posso esperar pra ver também e descobrir que rumos nosso jovem Nic vai tomar em sua luta. Abs!
Confesso que nunca iria imaginar o Steve em um papel mais dramático. Sei lá, estava tão habituada a vê-lo em papeis mais cômicos, que me surpreende vê-lo em um papel mais sério. Realmente é um baita ator. Gostei da dica.
Bjks!
Mundinho da Hanna
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Hey, Vitor. Também escrevi sobre esse filme quando o assisti. Eu gostei muito. Eu sempre me surpreendo com esses atores mais voltados para comédia quando interpretam em Dramas. Principalmente Drama feito esse. Pesado e forte. Eu gostei muito de ter tido a oportunidade de conhecer essa história. E foi onde conheci o jovem e talentoso Thimoteé.
Abraços
Eu também concordo que seja algo raro encontrar filmes com temas que se repetem, capazes de fornecer uma visão tão pessoal e diferente do que já foi feito. Então, é muito interessante como esse filme consegue entregar detalhes tão pessoais a respeito da vivência dessa família, tornando possível entender de forma muito mais genuína os sentimentos de cada um deles. Enfim, ótimo conferir tudo que você apontou a repeito aqui.
Não sabia que esse ator fazia drama, estou chocadíssima. É uma surpresa quando a gente encontra eles – que fazem mais comédia – num drama. Lembro quando o Adam Sandler fez aquele filme dos diamantes e foi indicado para o Oscar!
A obra em si parece muito interessante e vou procurar conhecê-la assim que possível! Dramas familiares me encantam mais do que romances.
Oie, tudo bem? Se não me engano já tinha visto a divulgação desse filme pela internet. Desde pequena sempre achei o tema “drogas” muito delicado. Primeiro pelo medo de não saber exatamente o que era e segundo que os pais tinham um certo tabu em conversar sobre isso com os filhos. Acredito que os motivos para usar são os mais variados possíveis. Um abraço, Érika =^.^=
Oie, Vitor! Esse filme ta na minha lista desde a estreia, mas por algum motivo q desconheço ainda não o vi. Gosto muito de dramas fortes, temas pesados e o desdobramento disso, e pelas suas considerações já sei que preciso muito ver. Sobre o Carrel, tenho adorado seus trabalhos fora da comedia.