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[Crítica] Filme: “Coringa”

Apenas deleite-se. Sem culpa e julgamentos

Denso, inquietante, coerente e respeitoso. Coringa (Joker) conseguiu. Conseguiu se posicionar frente a frente a Heath Ledger e Christopher Nolan.  É muito interessante o que eles fizeram com esse filme, que apresenta um Coringa jamais visto no cinema ao mesmo tempo em que dialoga com o louco de Jack Nicholson e com o, nas palavras de Joaquin Phoenix, “o inalcançável Coringa de Heath Ledger”.

É inevitável as comparações. Esse é um personagem que sempre cativou o público do cinema e dos quadrinhos. Na verdade ele é um termômetro social, pois sempre foi apresentado ao público conforme o que se espera dele na época e carregando a crítica social que aquele momento precisa.

Mas o filme de Todd Phillips merece o reconhecimento de conseguir reunir sutilmente, e sem ser incoerente, todas as facetas já vistas. Esse personagem é uma bomba relógio. Não é só o principal opositor ao Batman.

Todos os Coringa são, independente da história pessoal apresentada, uma bomba preste a explodir em uma cidade colapsada. E aqui temos um cidadão comum, Arthur Fleck, que tenta a todo momento se enquadrar na cidade em que vive e tem o direito até a ter sonhos. E tudo dessa cidade louca parece empenhado a negar os sonhos desse homem cheio de tormentos que ele mesmo desconhece e que vai descobrindo a medida que história se desenvolve.

Já estou até vendo a enxurrada  de críticas negativas dos politicamente corretos dizendo que o filme se empenha a justificar o comportamento torto do vilão. A verdade meus caros é que por mais ingênuo que o ser humano possa ser, lá no fundo ele sabe que tem a escolha em ser um grandíssimo escroto ou não.

É um prazer muito grande assistir esse filme, não porque você concorda com o que o personagem faz, mas porque pela primeira vez temos duas horas de deleite nas nuanças de um Arthur que não sabemos até que ponto pode chegar.

E sabe aquela curiosidade que tivemos em entender porque o Coringa de Heath Ledger era daquele jeito? Então, aqui temos a resposta para um Coringa totalmente diferente mas tão atraente quanto aquele.  O Coringa de Joaquim Phoenix está longe do de Ledger, mas parece que homenageia ele sutilmente.

Acho muito difícil você terminar o filme sem a sensação de quero mais e aquele pensamento: meu, agora a DC voltou a brilhar! 

O fato é que esse não é um filme nem um pouco fácil de assistir. Você fica o tempo todo esperando na merda que tudo vai chegar. O filme te obriga a ser a testemunha daquela tragédia que você já sabe que vai acontecer. E quando percebe uma cidade inteira podendo ser manipulada por um palhaço talvez entenda que o seu lugar de julgador do comportamento alheio é uma grande piada.

Nota:   5  de  5

Créditos:

Coringa (Joker. EUA, Canadá, 2019)
Direção:  Todd Phillips

Roteiro: De Niro, Zazie Beetz,  Frances Conroy, Brett Cullen, Shea Whigham, Bill Camp, Douglas Hodge, Todd Phillips e Scott Silver

Elenco:  Joaquin Phoenix, Robert Dante Pereira-Olson,

Distribuidor internacional e brasileiro: WARNER BROS

Sinopse: Coringa é uma história original do vilão nunca antes vista no cinema. A versão de Phillips sobre Arthur Fleck (Phoenix), um homem desprezado pela sociedade, não é só uma visão realista do personagem, mas também uma lição de vida. (WARNER BROS)

Trailer Oficial:

Vitor Damasceno

Estudante de cinema atualmente vivendo em Buenos Aires.

Um comentário sobre “[Crítica] Filme: “Coringa”

  • Comparações são invisíveis mesmo, mesmo percebem as nuances e os trejeitos dos outros Coringas ( César Romero; Jack Nicholson; Heath Ledger) Joaquim Phoenix entrega um personagem único.

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