Filme: “Animais Fantásticos: Os Crimes De Grindelwald”
Animais Fantásticos: Confundus
“Animais Fantásticos: Os Crimes De Grindelwald” continuação da série derivada de Harry Potter estreia em 15 de novembro nos cinemas brasileiros. Na sequência com 2h14 minutos de duração, a personagem Newt Scamander (Eddie Redmayne) precisa encontrar o vilão de Johnny Depp, Gellert Grindelwald e impedir que este reúna seu “exército” de bruxos que pretendem iniciar uma guerra contra os trouxas.
As reações na sessão foram variadas. Como parei de acompanhar a série de filmes em “Harry Potter e o Enigma do Príncipe” – mas li todos os livros -, não assisti, ainda ao filme anterior. Isso não me deixou confusa, por estar familiarizada com o universo Potter, além de não me deixar com expectativas altas sobre o que encontraria. Creio que por isso, saí ilesa do feitiço Confundus que parece varrer o público que assistiu ao filme.
O feitiço Confundus faz com que a vítima/destinatário fique confuso, esqueça informações importantes ou torne-se particularmente impressionável. É um tipo de magia avançada e é lançado usando o encanto “Confundo.” Ele também pode ser lançado, aparentemente, em silêncio. (https://pt.wikibooks.org/wiki/Guia_dos_Trouxas_para_Harry_Potter/
Magia/Confundo
https://www.pottermore.com/explore-the-story/confundo)Pronúncia: con-FUn-dos
Etimologia: Do latim “Confundere”, “confuso, perplexo”.
Me diverti, me cansei, gostei de alguns plots e personagens e de outros não. No fim entendi que o filme atende aos fãs, os embroma, faz pouco como filme, o necessário como memória e poderia ser um curta metragem que resolveria tudo de maneira rápida e mais honesta. Sabemos que o mercado não funciona assim, por isso somos jogados em duas horas longas de efeitos e uma história que se enrola e não diz nada até seus minutos finais.
Os figurinos, trilha e direção de arte continuam seguindo o que acompanhamos ao longo dos oito filmes da série Harry Potter. Os atores estão ali desempenhando seus papéis, mas o roteiro não dá a eles a possibilidade de serem mais que peças ornamentais na tela.
Newt, apesar de protagonista, não está em posição de destaque o que deveria dar a Grindelwald – já que seu nome está no título – o foco na trama. Ou à Credence (Ezra Miller) que está em busca de sua origem e tem sua história diretamente ligada aos planos do vilão. Mesmo com essa trama sendo a guia do segundo filme, o roteiro insiste em evidenciar a personagem de Redmayne. Essa escolha aumenta a “encheção de linguiça” até o fim, no qual acontece a reviravolta que motivará o próximo filme.
Outra escolha que parece desacertada e que não acrescenta nada a trama, exceto alívio cômico, são os romances. Se unissem em um mesmo filme Summer e Tom e, Mia e Sebastian, ainda assim não teríamos o tanto de chatice das duplas românticas de “Animais Fantásticos: Os Crimes De Grindelwald”. Dão valor demais as subtramas melosas de Newt e Tina Goldenstein “Olhos de Salamandra” (Katherine Waterston) e a do trouxa Jacob Kowalski (Dan Fogler) com a bruxa Queenie Goldenstein (Alisson Sudol). Meio fácil de justificar alguns minutos a mais – perdidos – na metragem do filme.
E Nagini? Muito alarde sobre a aparição de uma personagem importante para a trama que poderia ser poupada para aparecer num episódio futuro da série de filmes. O excesso de personagens em cena prejudica a dinâmica do filme, tornando-o cansativo em alguns pontos.
Mas, por que eu falei em Confundus? Porque parece que exitem dois tipos de espectadores de “Animais Fantásticos: Os Crimes De Grindelwald”, até então: os que amaram com todas as suas forças e os que odiaram com todas suas vísceras. Para os que amam a série será nostálgico, para os que procuram um bom filme, um tiro no pé. Para mim? Inadequado um estúdio lançar um produto com o único propósito de ludibriar o espectar e garantir público para uma sequencia.
Espero que até o lançamento do próximo o roteiro seja escrito e reescrito várias vezes para suprimir subtramas inúteis, dar voz e foco a quem deve ser destacado e pensado de maneira a não sujar a história de uma série de livros que sempre discutiu preconceitos, relações em comunidade, superação e resiliência.
Saudades de “Harry Potter e a Câmara Secreta” no qual mais era menos.
Nota: 2,5/5