Estômago 2 – O Poderoso Chef | Crítica

O filme Estômago (2007), também dirigido por Marcos Jorge, é um verdadeiro triunfo do cinema nacional. É o tipo de obra que facilmente figura em listas como “filmes para ver antes de morrer” ou “filmes essenciais para conhecer o cinema brasileiro”. Com uma narrativa envolvente e personagens cativantes, o filme original conquistou uma legião de admiradores.

Entretanto, o mesmo não pode ser dito sobre a sequência, Estômago 2 – O Poderoso Chef. Embora a produção tenha contado com um orçamento maior, isso não se traduziu em um filme mais empolgante e inovador. O carismático protagonista da história, Raimundo Nonato (interpretado por João Miguel), acaba por se tornar quase um figurante em sua própria narrativa.

A história se desenrola a partir do ponto em que o primeiro filme terminou, no presídio onde Nonato está encarcerado. Agora, com suas habilidades culinárias ainda mais refinadas, ele continua a conquistar corações com seus dotes gastronômicos. Porém, o enredo sofre uma reviravolta quando o diretor da prisão revela a Nonato sua preocupação com a chegada iminente de um poderoso detento. É nesse momento que se inicia um novo conflito.

O diretor confia a Nonato a tarefa de mediar um possível confronto entre dois grupos rivais: os brasileiros, representados por Etecetera (Paulo Miklos), e Dom Caroglio (Nicola Siri), um chefão da máfia italiana preso no Brasil. À medida que a história avança, somos introduzidos à trajetória de ascensão de Dom Caroglio no mundo do crime.

Em paralelo, a narrativa desenvolve a história de amor entre Dom Caroglio e Valentina (Violante Plácido), apresentada inteiramente em italiano, numa tentativa evidente de emular os filmes de máfia hollywoodianos. Essa escolha parece afastar-se propositalmente do tom bem-humorado e da brasilidade que fizeram do primeiro filme um sucesso.

Nesse contexto, Nonato acaba sendo reduzido a um mero narrador dos acontecimentos e, em alguns momentos, a um coadjuvante nas poucas cenas genuinamente engraçadas que o longa oferece.

Ao final, apesar das críticas, *Estômago 2 – O Poderoso Chef* deixa o espectador com uma inegável vontade de sair e se deliciar com uma macarronada ou uma boa coxinha, o que talvez seja um dos poucos legados positivos deste filme.