Entrevista – Igor Luiz e Maxwel Moreira
por Rafael Assis
Normalmente abandonados pelo grande público, curta metragens são produções audiovisuais poderosas. Não por definição, mas por imposição do formato. Com o pouco tempo como espaço de encenação e construção de sentidos, cabe aos autores usar todos os recursos narrativos possíveis para transmitir sensações e a mensagem. Também, historicamente, é o berço onde se gestam as ideias que depois podem ser trabalhadas com tempo e recurso menos limitados. Quem aprecia o cinema autoral conhece bem essa linguagem.
Também, para quem acompanha curtas em festivais ou plataformas especializadas, sabe como esses projetos em geral são pessoais e refletem muito a visão de seus realizadores. Por ser um meio ainda não explorado pelo grande cinema à exaustão, há espaço quase ilimitado para a criação.
Falamos com Igor Luiz e Maxwel Moreira, realizadores dos curtas “Procurando estrelas” e “A falta que faz as estrelas”, respectivamente. Ambas obras tratam do bullying e suas consequências, sem deixar de mostrar valores como amizade, amor e aceitação.
Para muitos, o cinema é apenas escape, uma forma de entretenimento simples e um passatempo. A despeito disso, as produções autorais geralmente buscam tratar dos seus temas com personalidade e foco na mensagem. Em especial, nos curta metragens independentes, vemos de maneira muito forte a visão de mundo do autor.
Max: Quando eu produzi o curta a “Falta que faz as estrelas” eu já estava pensando em um modo de tocar as pessoas com minha história, queria que as pessoas sentissem o que eu estava sentindo e queria que meu filme as tocasse de alguma forma. E realmente aconteceu, o cinema tem esse poder de tocar as pessoas, e como o autor eu tomei todo cuidado pra passar todo os sentimentos que eu estava sentindo.
Igor: Eu acredito no Audiovisual como uma ferramenta de transformação de vidas, produzir “Procurando Estrelas” foi um desafio e tanto, pois não é fácil expor nossas cicatrizes, mais sentia que precisava falar com o mundo e ouvi-los também. É inegável o quanto este curta mudou só não a minha vida mais também a vida de muitas pessoas que pude ouvir e partilhar a minha história.
“Procurando Estrelas” é um presente e foi a ferramenta que eu precisava pra acreditar mais em mim. Acredito que este é o poder que o cinema tem, um filme pode salvar mais vidas do que o ministério da saúde consegue prever!
Há então uma boa carga de comunicação com o público, mesmo pelo tema. Uma mensagem de acolhida e aceitação. Podem falar um pouco da recepção dos curtas? (alcance, reação do público e possibilidades de distribuição)
Max: Quando exibi meu curta pela primeira vez eu fiquei com um pouco de medo de como as pessoas iriam reagir, mas eu tive uma grande surpresa ao ver quase todo mundo que estava assistindo se emocionar com ele. Teve um momento específico onde a mãe de um amigo estava em prantos, e vi que meu filme toca todo tipo de público mesmo. As pessoas que não estão passando por aquilo, mas alguém de sua vida pode estar. Foi aí que descobri o poder que meu filme tinha, então resolvi postar ele no YouTube para que todo mundo possa ver.
Igor: O dia que o curta finalmente estreou foi um dia memorável, apesar de toda correria e trabalho de pré, produção e pós sinto que na exibição de estreia foi quando o filme literalmente ganhou vida. Lembro das lágrimas, da gratidão de toda equipe, dos abraços coletivos e mal sabia aquele garoto sonhador de 21 aninhos que este era só o começo.
Exibi o curta em alguns eventos de exibições e escolas promovendo rodas de debates sobre bullying e gordofobia, pude partilhar minha história com milhares de jovens que sofriam e praticavam o bullying, são tantas vivências que eu passaria horas fazendo essa troca. Em 2018 fui convidado pra pautar sobre bullying no Programa da Fátima Bernardes, e então pude ter a experiência de partilhar minha história e falar sobre os desafios, não só meus, mais de toda a equipe durante a produção do curta em rede nacional, foi uma das experiências mais incríveis que tive com o filme.
Na guerrilha e com ajuda de alguns amigos traduzi o curta pro espanhol e conseguimos exibi-lo no Festival Ojo Sancocho na Colômbia, nunca imaginei que pudéssemos ir tão longe e quebrar barreiras como a língua pra partilhar está mensagem de Luta e Amizade! Dentre tantas partilhas, choros e Abraços queria partilhar uma das experiências que mais me marcou, após ir no Programa da Fátima resolvi exibir na escola em que estudei, nem preciso falar o quão foi difícil e encantador ao mesmo tempo, entre todas as histórias partilhadas um amigo em especial chamado Walace conversou comigo sobre sua experiência traumática com a exclusão por conta da gordofobia, e aquilo me tocou muito pois vinha de um amigo muito próximo, e como eu disse o cinema tem um poder extraordinário de transformação de vidas e hoje o Walace estuda cinema no mesmo instituto que estudei e produzi o curta.
E já participaram ou pretendem os inscrever os curtas em outros festivais?
Igor: Queria poder participar de um festival aqui mais ainda não rolou, só eventos de exibições mesmo.
Max: A falta que faz as estrelas foi exibida no cinema Itaú e algumas escolas, pretendemos escrever em festivais também.
Curtas metragem em geral são tratados como um ensaio para longas, muitos deles sendo adaptados em obras maiores depois. Tendo dois curtas que referenciam um ao outro, a ideia já passou pela cabeça?
Max: Inicialmente tivemos uma ideia de produzir juntos, mas as histórias tiveram rumos diferentes. Pretendemos criar outros curtas juntos que sem complementem com esses dois curtas e criar nossos próprio universo.
Igor: Sim, quando o Max começou o projeto dele a ideia era futuramente juntar ambos, mais muita coisa aconteceu, muitas ideias surgiram e temos ideia de projetos futuros que referenciam este universo estrelado.
Inclusive quero tentar produzir P.E em versão série, a história já está até criada agora é procurar meios de produzi-la.
Vocês querem aproveitar esse espaço para fazer alguma divulgação, fazer um comentário ou agradecimentos?
Max: Quero agradecer a minha esquipe e todas as pessoas envolvidas nesse projeto lindo que e o curta “A falta que faz as estrelas” tudo começou na minha ideia, na minha garra e vontade, mas sem cada uma dessas pessoas esse projeto não seria possível.
Igor: Eu não posso deixar de agradecer sempre a cada um da Panela Produções que é o Coletivo/Produtora que se criou no processo do Procurando Estrelas, foi lindo ter uma equipe de pessoas que acreditaram no projeto e fizeram ele se tornar possível, queria deixar um agradecimento especial também ao Instituto Criar que anualmente presenteia o mercado audiovisual com centenas de jovens periféricos com um potencial transformador, e logicamente agradecer imensamente ao Blog por dar voz aos produtores independentes e abrir caminhos para que nossas produções ganhe mais vez e voz!
E gostaria de finalizar deixando uma mensagem de amizade que é o que gosto de espalhar com tudo o que eu faço, acho que precisamos cada dia insanamente espalhar mensagens de amor, então jogo pro universo pra que o mundo se ame, e ame o próximo por que é tão lindo quando tem gente que cuida da gente!
Chorando Litros💜💜💜💜💜
Muito bom 👏🏾👏🏾👏🏾
Meu deus vocês são incíveis!!! Me identifico muito com o trabalho de vocês,sofria bullyng no meu periodo escolar então é lindo e gratificante ver ver que a história de vocês chegou tao longe e está tocando tantas pessoas de diferentes classes. parabéns para vocês.💗💗💗💗💗💗💗 beijinhos💋💋
Que orgulho do meu amigo, perfeitooo szzz
Ai que orgulho meu Deus! Max e Igor Ícones!
Tudo maravilho, desejo muito sucesso a vocês ❤️
Ual, que post bacana!
Você disse tudo quando citou que curtas podem ser o reflexo de quem estava criando, gostei muito da mensagem de que esse projeto procura passar. Até porque trás temas tão necessários e recorrentes no cotiano de muita gente.
Esse post foi somou muito ao meu dia!
att, @somaisumaleatorio (https://somaisumaleatorio.wordpress.com)
Oioi! Confesso que não sou grande conhecedora de curtas, minha parca experiência se resume aos curtas que meus professores mostraram para mim no colégio. No entanto, após essa entrevista e sabendo a temática desses dois, com certeza vou assisti-los. O bullying é um tema bastante pessoal para mim (acredito que para grande parte de nós), então entendo porque são filmes que falam tanto às pessoas. Infelizmente, embora no papel existam campanhas escolares contra, essa ainda é uma realidade. Parabéns aos moços pro abordarem o tema,e parabéns a vocês por divulgarem. Ótima entrevista. Abs!
Meus parabéns! Vocês são inspiração pra varias pessoas!
Oi Rafael, tudo bem? Hoje já não assisto tantos curtas mas quando fazia faculdade de Filosofia sempre tinha mostras. Foi lá também que comecei a gostar do cinema francês. Também acompanho o Festival de Gramado aparecem vários artistas talentosos. Gostei da entrevista. Um abraço, Érika =^.^=
Eu não vejo tantos curtas quando eu gostaria, porém, acho super importante essa imersão da visão de mundo do autor através de curtas independentes. Incrível essa entrevista com os
realizadores dos curtas “Procurando estrelas” e “A falta que faz as estrelas”. Penso que se torna necessário obras que tratam de temas sérios como o
bullying e suas consequências. E ainda mostram esses valores como amizade, além de amor e aceitação também.
Eu não vejo tantos curtas quando eu gostaria, porém, acho super importante essa imersão na visão de mundo do autor através de curtas independentes. Incrível essa entrevista com os
realizadores dos curtas “Procurando estrelas” e “A falta que faz as estrelas”. Penso que se torna necessário obras que tratam de temas sérios como o
bullying e suas consequências. E ainda mostram esses valores como amizade, além de amor e aceitação também.
Incrível e inspirador, histórias lindas que devem ser contadas. Parabéns aos dois pelas obras incríveis e por compartilhar essas opiniões conosco, obrigada Victor por nos trazer essa inspiração. Desejo sucesso ao dois.
Oiê!
Parabéns pela iniciativa. Entendo pouco ou quase nada da criação de curtas. Mas sei que assuntos fortes, que tragam a realidade que muitos jovens vivem e sofrem, é sempre um bom caminho. Gerando empatia e conhecimento à sociedade.
Grande abraço
Tbm acredito no audiovisual como ferramente de transformação, crítica e afins. Grata por disponibilizar esses curtas, bem como por conduzir essa entrevista com os rapazes. Eles estão de parabéns pelo trabalho conscientizador, e bacana ser exibido até fora do país.
Olá!
Existem temas que são mesmo universais, por isso são capazes de falar ao público independente do país em que são reproduzidos. É incrível que o curta do Igor (pelo que entendi, foi apenas o dele, me corrija se eu estiver errada) tenha sido capaz de atravessar fronteiras, é o cinema brasileiro crescendo no mundo. Parabéns pelo trabalho sensível com uma temática tão importante. Sucesso aos dois!
que trabalho lindo dos meninos
Parabens mesmo e muito sucesso nessa empreitada
Acredito que nunca assisti um curta, acho que chegou a hora de assistir com a sua indicação. Vou salvar aqui e espero que eu goste.
Nossa que post emocionante T-T
Desejo TODO o sucesso do mundo!!!
Meus parabéns pela iniciativa 🥰
Nossa, muito obrigada por falar sobre esses curtas. Fiquei emocionada com a história e já separei um tempinho pra assistir hoje. Parabéns pelo texto e por trazer esses assuntos. Gostei muito.
Que trabalho fantástico esses meninos tem! Não conhecia mas me identifiquei, sofri mto bullying no período escolar. Parabéns!