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Crítica “Em Pedaços”

Em Pedaços (2017)
Direção: Fatih Akin
Elenco: Diane Kruger, Numan Acar, Rafael Santana, Denis Moschitto

A vida de Katja (Diane Kruger) é despedaçada quando seu marido Nuri (Numan Acar) e seu filho Rocco (Rafael Santana) são mortos em um ataque com bomba. Seus amigos e familiares tentam dar-lhe o apoio que ela precisa para passar pelo funeral, mas sua mente busca de forma incessante e obstinada os autores e as razões por trás da matança sem sentido. O luto de Katja além de doloroso é vivido por feridas e dúvidas. Danilo (Denis Moschitto) advogado e melhor amigo de Nuri, representa Katja no eventual julgamento contra os dois suspeitos: um jovem casal da cena neonazista. O julgamento leva Katja a seus limites e sua sede por justiça a conduzem em ações drásticas.

No filme Em Pedaços os estereótipos ​​sobre o terrorismo são revertidos. Os imigrantes de origem muçulmana são as vítimas inocentes do crime cometido pelo movimento de extrema direita alemã. A película traz a tona questões atuais como: xenofobia, preconceito, racismo, fascismo e a própria questão do imigrante na Alemanha. A temática do imigrante é uma recorrente nos filmes de Fatih Akin.  O cineasta se baseia, novamente, em sua experiência crescendo em Hamburgo como filho de imigrantes turcos. No início dos anos 2000, o National Socialist Underground, um grupo alemão terrorista de direita, assassinou nove pessoas de origem turca, curda e grega, junto com uma policial alemã.

No início do longa somos apresentados a Katja, jovem alemã  de  espírito livre e corpo tatuado que se casa na cadeia com seu namorado Nuri, jovem traficante de origem curda. Após sair da cadeia Nuri trabalha em seu próprio escritório de contabilidade, bem como presta serviço de tradutor para comunidade turca local, podem assim proporcionar uma vida estável e de classe média para sua família. A empatia pela o casal é imediata, mas em poucos minutos do filme, esse sentimento de felicidade é substituída pela dor e desespero de Katja ao descobrir que a rua onde está localizado o escritório de eu marido foi alvo de um atentado a bomba.

Após o atentado e ainda atônita com a morte de sua família Kajta tem que lidar com as suspeitas do detetive de que as relações criminosas do passado de seu marido ocasionaram seu assassinato, o que deixa a personagem em duvida quanto  a vida tranquila que levavam. Outro incomodo vivido pela personagem durante o depoimento e a sugestão de Nuri estar envolvido em alguma atividade terrorista de origem muçulmana. Mas Katja, desde o começo sente e acredita se tratar de um trabalho realizado pelos neonazistas.

O filme é divido em 3 atos (Família, Justiça e Mar) bem distintos que são amarados ao longo da trama pelo luto vivido pela personagem de Diane Kruger. Diane entrega uma atuação extremamente real e nos convence com sua angústia, fragilidade e determinação feroz de uma mulher que perdeu tudo e se tornou uma pessoa em busca da justiça que eventualmente se converte em vingança.  Sua atuação lhe rendeu o prêmio de melhor atriz no Festival de Cannes.

No final de seu filme o cineasta faz uma menção aos atentos de 2 000, no qual seu irmão conhecia uma das vitimas. Em Pedaços é um filme que prende sua atenção do início ao fim, seja ela pela identificação com a personagem de Diane Kruger e o seu drama vivido, ou verossimilhança com o mundo atual e o nosso desejo por justiça.

Nota: 5/5

4 comentários sobre “Crítica “Em Pedaços”

  • Não conhecia o filme, mas fiquei interessada instantaneamente! A ideia de uma mulher buscando vingança pela família é cruel e triste, mas a carga que o filme traz já se mostra sensacional desde o trailler. Gostei muito da crítica, também não conhecia o cineasta e achei a temática brilhante! Já está na lista! #BFFCLBH

    Beijos da Yana,
    Marshmallow Com Café

    Resposta
    • Olá Yana Sofia!
      Em Pedaços e aquele filme que vale o ingresso. Também é aquele filme que lhe suscita um serie de reflexões.
      Bom Filme

      Resposta
  • Que fantástico esse filme parece ser, um misto de apreensão e tristeza lendo essa resenha. Gostei da crítica social e essa inversão colocando os muçulmanos como vítimas também foi muito interessante e espero que possa abrir a mente de algumas pessoas!

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  • A questão migratória é tão complicada e delicada de ser retratada, coisa real que nós mesmos passamos com a nossa fronteira (venezuelanos). Fiquei feliz em ver que o vertente escolhido no filme foi outro. Saber que a atriz realizou um trabalho tão crível que ela ganhou o prêmio em Cannes me deixou um novo olhar para esse filme.

    Resposta

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